domingo, 27 de novembro de 2016

GOLPÔMETRO - Completamos 200 dias sem democracia

Senado confirma o golpe, e Dilma será afastada

Decisão foi por 55 votos a 22, em sessão que terminou pouco antes das 7h. Presidenta dá lugar a Temer, e processo deverá ser julgado em até 180 dias


Redação RBA -  12/05/2016 07:18, última modificação 12/05/2016 09:46

Brasília – O Senado Federal aprovou, às 6h32 desta quinta-feira (12), por 55 votos favoráveis a 22 contrários, a admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff – que fica afastada por um período de 180 dias até a votação final da matéria pelo plenário do Congresso Nacional, em sessão que terá a presidência do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
O comunicado com o resultado da sessão iniciada ontem e concluída hoje, será entregue ainda nesta manhã à presidenta pelo secretário-geral da Casa, Vicentinho Alves (PR-TO), primeiro secretário da Mesa do Senado. Espera-se, logo em seguida, a divulgação de um pronunciamento de Dilma por meio de vídeo, a ser veiculado nas redes sociais, para a população.
A presidenta sairá do Palácio do Planalto pela porta da frente e será recepcionada por movimentos sociais que a apoiam e pretendem conduzi-la até sua residência oficial, no Palácio da Alvorada – onde deverá permanecer durante o período de afastamento.
Os parlamentares da base aliada, apesar de cansados, também prometem comparecer ao Palácio do Planalto para fazer uma última homenagem de apoio a Dilma, cumprimentar os ministros que a acompanharão nesta saída, e dizer que trabalharão para que a votação final, a ser realizada até setembro, conte com um outro resultado, mais positivo, que  leve o retorno da presidenta e sua equipe ao seu cargo.
No total, foram mais de 20 horas de sessão, marcada por parlamentares que não conseguiam mais esconder que estavam exaustos. O resultado saiu depois dos pronunciamentos de 71 senadores e em meio a cenas de sono, cansaço e a ida de vários senadores e deputados (uma vez que estes últimos, apesar de não participarem dos trabalhos, compareceram em massa à sessão) aos gabinetes para descansar por alguns minutos.
Assim que for entregue o comunicado à presidenta Dilma Rousseff, o senador Vicentinho Alves seguirá para o Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, para também formalizar o comunicado a Michel Temer de que pode, hoje mesmo, assumir o cargo de presidente da República interinamente, por estes 180 dias.
Temer deverá fazer um pronunciamento e anunciar sua equipe ministerial. Ele se transforma presidente interino após a formalização deste comunicado.
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sábado, 26 de novembro de 2016

Cuba é o primeiro país a erradicar a transmissão de mãe para filho do HIV e sífilis, anuncia a OMS

Cuba é o primeiro país a erradicar a transmissão de mãe para filho do HIV e sífilis, anuncia a OMS


“Esta é uma grande vitória em nossa longa luta contra o HIV e as doenças sexualmente transmissíveis, e um passo importante no sentido de ter uma geração livre da AIDS”, disse a diretora-geral da OMS.


Cuba se tornou nesta terça-feira (30) o primeiro país do mundo a receber a validação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de eliminação da transmissão vertical – de mãe para filho- do HIV e da sífilis.

“Eliminar a transmissão de um vírus é uma das maiores conquistas possíveis em saúde pública”, disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. “Esta é uma grande vitória em nossa longa luta contra o HIV e as doenças sexualmente transmissíveis, e um passo importante no sentido de ter uma geração livre da AIDS”, concluiu.

O diretor executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), Michel Sidibé, acrescentou: “Esta é uma celebração para Cuba e uma celebração para as crianças e famílias em todos os lugares. Ela mostra que acabar com a epidemia da AIDS é possível e esperamos que Cuba seja o primeiro de muitos países pela frente a buscar esta validação da eliminação da epidemia entre as crianças.”

Todos os anos, mundialmente, cerca de 1,4 milhões de mulheres que vivem com HIV engravidam. Se não forem tratadas, a chance de transmissão do vírus para seus filhos durante a gravidez, o parto ou a amamentação é de 15-45%.

No entanto, esse risco cai para pouco mais de 1% se medicamentos antirretrovirais forem dados para as mães e as crianças durante estas etapas em que a infecção pode ocorrer. O número de crianças que nascem anualmente com o HIV caiu quase pela metade desde 2009 – saindo de 400 mil em 2009 para 240 mil em 2013. Mas a intensificação dos esforços será necessária para atingirmos o objetivo global de menos de 40 mil novas infecções em crianças por ano até o fim de 2015.

Quase 1 milhão de mulheres grávidas em todo o mundo são infectadas com sífilis anualmente. Isso pode resultar em abortos, em feto natimorto, em morte neonatal, ou em bebês com baixo peso ao nascer e/ou com infecções neonatais graves. No entanto, a testagem e o tratamento, como a penicilina, que são simples, efetivos e de baixo custo durante a gravidez, podem eliminar a maioria dessas complicações.

A conquista realizada por Cuba

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS da Organização Mundial de Saúde (OMS) tem trabalhado com parceiros em Cuba e em outros países nas Américas desde 2010 para implementar uma iniciativa regional de eliminação da transmissão vertical do HIV e da sífilis.

Como parte da iniciativa, o país tem trabalhado para garantir acesso desde o início do pré-natal, testagem para HIV e sífilis tanto para mulheres grávidas como para seus parceiros, tratamento para mulheres com diagnóstico positivo e seus bebês, partos cesarianos e substituição do aleitamento materno.

Estes serviços são fornecidos como parte de um sistema de saúde equitativo, acessível e universal em que os programas de saúde materno-infantil são integrados à atenção em HIV e às infecções sexualmente transmissíveis.

“O sucesso de Cuba demonstra que o acesso universal e a cobertura universal de saúde são viáveis e, de fato, são a chave para o sucesso, mesmo contra desafios tão assustadores como o HIV”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. “A conquista realizada hoje por Cuba serve de inspiração para que outros países avancem no sentido da eliminação da transmissão vertical do HIV e da sífilis”.

Os esforços globais para impedir a transmissão de mãe para filho do HIV e da sífilis

Houve grandes esforços nos últimos anos para garantir que as mulheres obtivessem o tratamento de que necessitam para permanecer saudáveis e para manter suas crianças livres do HIV e da sífilis. Uma série de países se encontra agora preste a eliminar a transmissão de mãe para filho de ambas as doenças.

Em 2007, a OMS lançou a Eliminação mundial da sífilis congênita: fundamento lógico e estratégia para a ação. A estratégia visava a aumentar o acesso global à testagem e ao tratamento de sífilis para mulheres grávidas. Em 2014, mais de 40 países reportaram realizar testes de sífilis em 95% ou mais das gestantes durante o pré-natal.

Mas apesar do progresso, muitos países ainda precisam tratar como prioridade a prevenção e o tratamento da transmissão da sífilis de mãe para filho. Em 2012, a sífilis causou 360 mil natimortos, mortes neonatais, prematuridade e infecções nos bebês.

Em 2011, UNAIDS, OMS e outros parceiros lançaram o Plano Global para a eliminação de novas infecções pelo HIV entre crianças até 2015, mantendo suas mães vivas. Este movimento global tem incentivado a liderança política, a inovação e o envolvimento das comunidades para garantir que as crianças permaneçam livres do HIV e que suas mães mantenham-se vivas e saudáveis.

Entre 2009 e 2013, duplicou a proporção de mulheres grávidas vivendo com o HIV em países de baixa e média renda, e que recebem medicamentos antirretrovirais eficazes para prevenir a transmissão do vírus aos seus filhos. Isto significa que, globalmente, sete em cada 10 mulheres grávidas vivendo com HIV nestas localidades agora recebem estes medicamentos. De acordo com dados de 2013, entre os 22 países que respondem por 90% das novas infecções pelo HIV, oito já reduziram as novas infecções entre as crianças em mais de 50% desde 2009, e outros quatro países estão perto desta marca.

OMS processo de validação

Em 2014, a OMS e parceiros-chave publicaram as Orientações sobre processos e critérios globais para a validação de eliminação da transmissão de mãe para filho do HIV e da sífilis, que descreve o processo de validação e os diferentes indicadores que os países precisam atingir.

Como o tratamento para a prevenção da transmissão vertical não é 100% eficaz, a eliminação da transmissão é definida como a redução a um nível tão baixo que já não constitui um problema de saúde pública.

Uma missão de peritos internacionais convocada pela OPAS/OMS visitou Cuba em março de 2015 para validar o progresso rumo à eliminação da transmissão materno-infantil do HIV e da sífilis. Durante cinco dias, os membros visitaram centros de saúde, laboratórios e escritórios do governo por várias regiões da ilha, entrevistando funcionários da saúde e outros atores-chave. A missão incluiu especialistas da Argentina, Bahamas, Brasil, Colômbia, Itália, Japão, Nicarágua, Suriname, Estados Unidos da América e Zâmbia.

O processo de validação deu atenção especial ao respeito pelos direitos humanos, a fim de confirmar que os serviços estavam sendo prestados sem coerção e de acordo com os princípios dos direitos humanos.

Save The Children. Cuba é o melhor lugar da América Latina para ser mãe. 33º do mundo. Brasil aparece em 78º do mundo

Cuba é o melhor lugar da América Latina para ser mãe

O Vermelho - 08/05/2013

Relatório em inglês aqui: STATE OF THE WORLD'S MOTHERS

Brasil aparece em 78º no 2013 MOTHER´S INDEX RANKINGS




Cuba é o melhor país da América Latina para a maternidade e o 33º do mundo, segundo um índice da organização Save the Children. Os Estados Unidos estão em 30º lugar, abaixo de países com menos recursos.

À frente desta lista figura a Finlândia enquanto o Congo é o pior lugar do mundo para ser mãe, destaca a agência Efe.

No relatório intitulado "Situação das mães no mundo", a ONG, com sede em Londres, comparou a situação de 176 países nas áreas da saúde, mortalidade infantil, educação, fontes de rendimento e estatuto político das mães.

Quanto à América Latina e Caribe, Cuba aparece no posto 33 à frente da Argentina (36), Costa Rica (41), México (49) e Chile (51), em contraste com Haiti clasificado em 164º. Também em postos relativamente baixos estão Honduras (111), Paraguai (114) e Guatemala (128). Venezuela está em 66º.

"Ao investir em favor das mães e das crianças, os países estão a investir na sua prosperidade futura», disse Jasmine Whitbread, diretora executiva da «Save the Children International", durante a apresentação do relatório.

"Apesar de terem conseguido enormes avanços na América Latina, podemos fazer mais para salvar e melhorar a vida de milhões de mães e bebês recém-nascidos que se encontram na maior situação de pobreza".

O Índice de Risco do Dia do Parto, elaborado pela primeia vez, revela que 18 % de todas as mortes de crianças menores de 5 anos na América Latina ocorrem durante o dia de nascimento. As principais causas são nascimentos prematuros, infecções graves e complicações durante o parto.

No Brasil, Peru, México e Nicarágua "foram feitos os maiores progressos.

Com  El Universal


Fonte: http://www.savethechildrenweb.org/SOWM-2013/#/71/zoomed

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Exclusivo: Temer dará aula nas escolas ocupadas, percorrendo o Brasil a pé. Vem.aí "Semana do Presidente"

Exclusivo: Temer dará aula nas escolas ocupadas, percorrendo o Brasil a pé. Vem.aí "Semana do Presidente"

O presidente legítimo Michel Temer, em respeito às instituições, viajará do Oiapoque ao Chuí para dar aulas nas escolas e universidades ocupadas explicando os benefícios da PEC 55 (ex-241) e a reforma do ensino médio. Assim, espera uma pacificação do movimento, dando fim à sublevação estudantil. A marcha será televisionada, com melhores momentos aos domingos, reestreando a "Semana do Presidente". 
Da redação - Causa-me Espécie

COLUNA TEMER
A grande marcha pela educação iniciar-se-á no Oiapoque, descendo o Brasil até Chuí, subindo até a Paraíba, depois em direção ao Acre, conquistando o oeste nos braços do povo. A meta é superar a Coluna Prestes em km rodados e FHC em popularidade.

A expedição será televisionada por um pool de emissoras, aos domingos, ressuscitando o antigo programa "Semana do Presidente" vigente durante os anos dourados de Geisel a FHC, no SBT. Bonner fará a voz de Lombardi.

Fora, Temer, primeira-dama e ministros, devem participar da toada, lecionando nas escolas ocupadas, os 61 senadores e 367 deputados que votaram pela cassação do mandato da Presidenta Dilma, além de representantes das instituições públicas e privadas que apoiaram a redentora Revolução de 16, por ação ou omissão. Verdadeiros homens de bem, os maiores filhos da pátria.

Ex-ministros, simpatizantes, parlamentares cassados, com restrição de liberdade ou com tornozeleiras eletrônicas fazê-lo-ão por vídeo conferência.

REVOLUÇÃO DE 16 - 20 ANOS EM 1
Em "off", um dos mais preparados e lúcidos ministros do governo legítimo e da estória do Brazil declarou:
"Nos falta uma Revolução com "R" maiúsculo para nossa alegria e identidade com os BRICS. Se a China com Mao Tse-Tung, a Rússia com Lênin, a Índia com Madre Tereza e a África do Sul com Mandela fizeram suas Revoluções, nós faremos a nossa com Temer. Teremos uma Revolução Cultural Chinesa. para chamar de nossa. Temer será o nosso Mao."
"Não perderemos o bonde, o metrô, o monotrilho, nem o rodoanel da história, como perdemos em 2003, com a posse do Lula, interrompendo a redentora Revolução de 64".
E bradou: 
"Viva a Revolução de 16 - 20 anos em 1" - "Viva a PEC do Fim do Mundo" - "Nossa bandeira jamais será vermelha!" - "Bora, Temer!"
PROJETO PILOTO
Segundos fontes do Jaburu, fora, Temer e primeira-dama, alguns ministros tem treinado numa sala de aula improvisada no Palácio - fundos, com carteira, quadro negro e tudo. Michelzinho e filhos de ministros e senadores da base revolucionária tem participado do treino. Numa segunda etapa, será na escola internacional bilíngue, onde estudam Michelzinho e "Jucazinha". Aprovado o piloto, o projeto ganhará os rincões da nação.

Antes de partir, Temer dará uma entrevista aos blogueiros progressistas, seguindo os passos de Lula e Dilma, dando voz à mídia alternativa. Porém, teria feito pedidos: quer uma entrevista menos decorativa, "sem fofocas, gargalhadas e romance de montão", como foi o encontro no Palácio chamado de Roda Viva (sic), que o deixou um pouco enjoado, mesmo sem rodar a cadeira, e o fez sentir no Castelo de Caras, segundo a fonte em "off". 

"O povo não é bobo, abaixo o jornalismo confete, por favor! Quero ser torturado pelos jornalistas, desafiado, como a Dilma o era. Quero que Michelzinho tenha orgulho do papai, mostrando ao povo brasileiro que sou também um coração valente. Convenhamos, a verdade é dura, a Presidenta Dilma combateu a ditadura! Torturem-me, por favor! Quero ser questionado desde Porto de Santos até o que eu quis dizer com 'as tarefas difíceis eu entrego à fé de Cunha'," teria declarado Michel, após dar um tapa na mesa.  

Em seguida, participará de uma mesa redonda na pré-estreia do tão esperado "Os Meninos do Jô - Vida inteligente na madrugada", que deverá substituir as "Meninas" na nova temporada do "Programa do Jô" de 2017. Os "Meninos" são os blogueiros e blogueiras dos sites: Conversa Afiada, Luiz Nassif Online, Blog da Cidadania, Viomundo, O Cafezinho, Diário do Centro do Mundo, Tijolaço, Socialista Morena, Revista Forum e Grande Elenco.

PLANO DE AULA
Na grade estarão outras questões polêmicas, além da PEC 55 e reforma do ensino médio, a reforma da Previdência, terceirização, flexibilização da CLT (hora-extra, auxílio-maternidade, jornada de trabalho, FGTS, 13º salário, etc.).

Está confirmado FHC, que deverá participar de uma aula magna no sertão nordestino, abordando o tema "Aposentadoria aos 65 anos". Pavimentando o terreno para a revolucionária reforma da Previdência Social.

Tão logo tenhamos o plano de aula completo, com PARTICIPANTE - TEMA, divulgaremos aqui com exclusividade.

GRAN FINALE
Todas aulas encerrar-se-ão com o novo filme De Volta Para O Futuro - A Origem - Parte 1 - Revolução de 16 - 20 anos em 1 - uma superprodução de R$ 206 milhões, terceirizada à Emissora da Revolução e PLIM PLIM Filmes.

Na saga, personagens viajarão no tempo para o futuro Brasil com a PEC 241 aprovada, mostrando como os filhos da PEC estarão daqui a 10 e 20 anos.

Trailer: Para se ter uma ideia do enredo, viajamos de volta ao passado, ao Brasil de 1975, 11 anos da Revolução de 64:




domingo, 13 de novembro de 2016

"Destruição a jato" - Documentário mostra como a Lava Jato destruiu a economia em poucos meses

Documentário mostra como a Lava Jato destruiu a economia em poucos meses

Jornal GGN - 13/11/2016

 Um documentário amador publicado na última sexta (12), no Youtube, mostra como a Lava Jato destruiu parte considerável da economia brasileira nos últimos anos, fabricando heróis que imprimem na opinião pública a ilusão de que a operação é necessária a uma limpeza profunda da corrupção sistêmica no governo federal, sem deixar perceptível a agenda oculta.

Em questão de meses, as grandes empresas nacionais tiveram suas obras paralisadas, levando milhares de trabalhadores ao desemprego e à falta de perspectiva quanto a retomada. Quem ganha com a quebra da indústria nacional? Estaria o governo Temer fadado a abrir as portas a multinacionais interessadas em ocupar o lugar das empreiteiras derrubadas pela Lava Jato?





Também disponível no Facebook:  https://www.facebook.com/desmascarandoglobo/videos/1871535939745145/

Teria Lula saído com a piscina do Alvorada debaixo do braço? Não! O Globo de 2010 já mostrou a provas.

A CABEÇA DO OVO E A PISCINA DO ALVORADA

Por Mauro Santayana - 13/11/2016

Surreal e kafquiana, para dizer o mínimo, a nova investigação em curso para saber se a Odebrechet teria "beneficiado" Lula fazendo, de graça, consertos na piscina do Palácio do Alvorada.

"Beneficiado", como? Lula, agora, virou dono do Palácio do Alvorada? Se a construtora consertou a piscina do palácio, ótimo. Ela arrumou e valorizou o patrimônio público. Nesse caso, qual foi o prejuízo para o erário? 

Ou o Sr. Luis Inácio, já acusado antes - sem provas - de "roubar" crucifixos, faqueiros "fakes", cujas fotos foram tiradas de um site de leilões dos EUA, etc, saiu com a piscina debaixo do braço, quando deixou de ser Presidente da República? 

Ou mandou consertá-la para cometer outros crimes, quem sabe para fazer um "test-drive" nos emblemáticos - e caríssimos, ostentatórios - pedalinhos do sítio de Atibaia? 

No afã de encontrar crimes que possam ser atribuídos ao ex-presidente da República, os responsáveis pelo "caso" tem que ter um mínimo de bom-senso e de sentido de proporção, para não passar ao mundo a impressão de que estão simplesmente forçando a barra para criar mais um de uma longa série de factoides políticos, ou simplesmente procurando, com microscópio eletrônico, pêlo em cabeça de ovo para incriminar o ex-presidente da República.


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Papa Francisco: “comunistas pensam como os cristãos”

Papa Francisco: “comunistas pensam como os cristãos”

Líder católico afirmou que Cristo defendeu sociedade em que pobres e excluídos decidam as coisas
Redação

Brasil de Fato - 11/11/2016


O papa Francisco disse que “são os comunistas que pensam como os cristãos”. A declaração foi dada nesta sexta-feira (11), em uma entrevista publicada no jornal La Repubblica, quando Francisco foi questionado sobre uma possível sociedade de inspiração marxista.

“São os comunistas os que pensam como os cristãos. Cristo falou de uma sociedade onde os pobres, os frágeis e os excluídos sejam os que decidam. Não os demagogos, mas o povo, os pobres, os que têm fé em Deus ou não, mas são eles a quem temos que ajudar a obter a igualdade e a liberdade”, explicou o argentino Jorge Bergoglio.

Francisco defendeu também uma presença maior da sociedade civil na vida pública, afirmando que os movimentos populares devem entrar no mundo da política, “mas não no político, nas lutas de poder, no egoísmo, na demagogia, no dinheiro, mas na política criativa e de grandes visões”.

EUA


Em relação à recente eleição de Donald Trump, Francisco evitou declarações diretas, dizendo apenas que a única que o interessa em relação a políticos profissionais são “os sofrimentos que sua maneira de proceder podem causar aos pobres e aos excluídos”.

Bergoglio, entretanto, abordou uma das temáticas mais presentes na campanha do republicano. Ele apontou que a prioridade de suas preocupações é a situação vivida por refugiados e imigrantes, reiterando a necessidade de “acabar com os muros que dividem, tentar aumentar e estender o bem-estar. E para eles é necessário derrubar muros e construir pontes que permitam diminuir as desigualdades e dar mais liberdade e direitos”.

Edição: José Eduardo Bernardes

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Por que Hillary Clinton, “A rainha do caos”, é bem pior que Trump?

Por que Hillary Clinton é bem pior que Trump?

Publicado no site Desacato em 29/07/2016
Charge Latuff para  a MONDOWEISS

Entrevista de Ángel Ferrero com Diana Johnstone.

Tradução: Elissandro dos Santos Santana.



N. da R.: A entrevista é de maio, mas ela continua atual.
Diana Johnstone é, talvez, uma das comentaristas da política europeia e estadunidense mais reputada na esquerda.  Colaboradora, entre outros, Counterpunch, Johnstone, tornou-se conhecida na Europa por suas críticas à política ocidental durante as guerras nos Balcãs, acaba de publicar um livro sobre Hillary Clinton que tem como título “A rainha do caos”. A entrevistou para lamarea.com Ángel Ferrero.
Os meios estadunidenses têm colocado sua atenção nestas primárias em Donald Trump. Porém, em sua opinião, Hillary Clinton também deveria ser motivo de preocupação. Tem-na descrito como “a rainha do caos”. Por quê?
Trump consegue manchete por que é uma novidade, um homem midiático que diz coisas polêmicas. É visto como um intruso em um espetáculo eleitoral desenhado para transformar Clinton na “primeira mulher presidenta dos Estados Unidos”. Por que a chamo de rainha do caos? Em primeiro lugar, por causa da Líbia. Hillary foi, em grande medida, responsável pela guerra que afundou a Líbia no caos, um caos que se estende até o resto da África e, inclusive, da Europa. Tem defendido mais guerra ao Oriente Médio.
Minha opinião não é que Hillary Clinton “também deveria” ser motivo de preocupação. Ela é o principal motivo para preocupação. Clinton promete apoiar mais a Israel contra os palestinos. Está totalmente comprometida com a aliança de fato entre Arábia Saudita e Israel que tem como objetivo derrocar Assad, fragmentar Síria e destruir a aliança xiita entre Irã, Assad e o Hezbollah. Isto aumenta o risco de confronto militar com Rússia e Oriente Médio. Ao mesmo tempo, Hillary Clinton defende uma política beligerante contra Rússia na fronteira com a Ucrânia. Os meios de comunicação de massas no Ocidente se negam a dar conta que muitos observadores sérios, como, por exemplo, John Pilger e Ralph Nader, temem que Hillary Clinton nos conduza, sem adverti-lo, à Terceira Guerra Mundial.
Trump não se ajusta a este modelo. Com seus comentários grosseiros, Trump se desvia, radicalmente, do padrão dos lugares comuns que ouvimos dos políticos estadunidenses. Porém, os meios de comunicação estabelecidos têm sido lentos em reconhecer que o povo estadunidense está completamente cansado de políticos que se ajustam ao padrão. Esse padrão está personificado por Hillary Clinton. Os meios de comunicação europeus têm apresentado Hillary Clinton como a alternativa sensata e moderada ao bárbaro de Trump. No entanto, Trump, o “bárbaro”, está a favor de reconstruir a infraestrutura do país em vez de gastar o dinheiro em guerras no estrangeiro. É um empresário, não um idealista.
Trump afirmou, claramente, sua intenção de pôr fim à perigosa demonização de Putin para desenvolver relações comerciais com Rússia, o que seria positivo para os Estados Unidos, para a Europa e para a paz mundial. Estranhamente, antes de decidir apresentar-se como republicano, para consternação dos líderes do Partido Republicano, Trump era conhecido como democrata e era a favor de políticas sociais relativamente progressistas, a esquerda dos atuais republicanos ou, inclusive, Hillary Clinton.
Trump é imprescindível. Seu recente discurso no AIPAC, o principal lobby pró-israelense, foi excessivamente hostil com o Irã, e em 2011 caiu na propaganda que conduziu à guerra contra a Líbia, inclusive, sim, agora, retrospectivamente, à crítica. É um lobo solitário e ninguém sabe quem são seus assessores políticos, porém, há esperança de que lance fora da política aos neoconservadores e intervencionistas liberais que têm dominado a política exterior estadunidense nos últimos quinze anos.
Os assessores de Clinton destacam sua experiência, em particular, como secretária de Estado. Muito se tem escrito acerca desta experiência e nem sempre de maneira positiva. Qual foi seu papel na Líbia, Síria e Honduras?
Há duas coisas para dizer sobre a famosa experiência de Hillary Clinton. A primeira é observar que sua experiência não é o motivo de sua candidatura, mas, sim, a candidatura é o motivo de sua experiência. Em outras palavras, Hillary não é candidata devido a que sua experiência maravilhosa tenha inspirado ao povo escolhê-la como aspirante à presidência. É mais correto dizer que acumulou esse currículo justamente para qualificar-se como presidente.
Durante aproximadamente 20 anos, a máquina clintonita que domina o Partido Democrata planejou para que Hillary se transformasse na “Primeira mulher presidenta dos Estados Unidos” e sua carreira foi desenhada com esse propósito: em primeiro lugar, senadora de Nova Iorque, depois, secretária de Estado.
O segundo diz respeito ao conteúdo e à qualidade dessa famosa experiência. Tem se obstinado em demonstrar que é forte, que tem potencial para ser presidenta. No Senado votou a favor da guerra do Iraque. Desenvolveu uma relação muito próxima com o intervencionista mais radical de seus colegas, o senador republicano pelo Arizona, John McCain. Uniu-se aos chauvinistas religiosos republicanos para apoiar medidas para fazer com que queimar a bandeira estadunidense fosse um crime federal. Como secretária de Estado trabalhou com “neoconservadores” e, essencialmente, adotou uma política neoconservadora utilizando o poder dos Estados Unidos para redesenhar o mundo.
No que diz respeito a Honduras, sua primeira importante tarefa como secretária de Estado foi proporcionar cobertura diplomática para o golpe militar de direitas que derrubou o presidente Manuel Zelaya. Desde então, Honduras se transformou na capital com mais assassinatos do mundo. Com relação à Líbia, persuadiu ao presidente Obama para derrubar o regime de Gaddafi utilizando a doutrina de “responsabilidade para proteger” (R2P) como pretexto, baseando-se em falsas informações. Bloqueou ativamente os esforços de governos latino-americanos e africanos para mediar, e, inclusive previu os esforços da inteligência militar estadunidense para negociar um compromisso que possibilitasse a Gaddafi ceder o poder pacificamente.
Continuou essa mesma linha agressiva com a Síria, pressionando ao presidente Obama para que incrementasse o apoio aos rebeldes anti-Assad e inclusive para impor uma “zona de exclusão aérea” baseada no modelo líbio, arriscando-se a uma guerra com a Rússia.  Caso se examine com atenção, sua “experiência” mais que qualifica-la ao posto de presidenta, desqualifica-a.
Como secretária de Estado, Clinton anunciou em 2012 uma “articulação” à Ásia oriental na política exterior estadunidense. Que tipo de política nós poderíamos esperar de Clinton em relação à China?
Basicamente, esta “articulação” significa um deslocamento do poder militar estadunidense, em particular, naval, desde Europa e Oriente Médio ao pacífico Ocidental. Supostamente, porque devido ao seu crescente poder econômico, a China há de ser uma “ameaça” potencial em termos militares. A “articulação” implica a criação de alianças antichinesas entre outros Estados da região, o que com toda probabilidade incrementará as tensões, e cercando a China com uma política militar agressiva a empurra efetivamente para uma corrida armamentista. Hillary Clinton aposta em sua política e se chegasse à presidência, a intensificaria.
Clinton disse em 2008 que Vladimir Putin não “tem alma”. Robert Kagan e outros “intervencionistas liberais” que desempenharam um papel destacado na crise da Ucrânia a apoiam. Sua política em direção a Rússia seria de um maior enfrentamento que a dos outros candidatos?
Sua política seria claramente de um maior confronto em relação à Rússia que as de Donald Trump. O oponente republicano de Trump, Ted Cruz, é um fanático evangélico de extrema direita que seria tão prejudicial como Clinton, ou, talvez, pior. Compartilha da mesma ideia semirreligiosa de Clinton no papel “excepcional” dos Estados Unidos para modelar o mundo à sua imagem. Por outra parte, Bernie Sanders se opôs à guerra do Iraque. Não tem falado muito de política internacional, porém seu caráter razoável sugere que seria mais sensato que qualquer dos demais.
Os assessores de Clinton tratam de destacar seu intento de reformar o sistema sanitário estadunidense. Foi essa a intenção de reforma realmente um avanço e tão importante como dizem que foi?
Em janeiro de 1993, poucos dias depois de assumir a presidência, Bill Clinton mostrou sua intenção de promover a carreira política de sua esposa nomeando-a presidenta de uma comissão especial para a reforma do sistema nacional de saúde. O objetivo era levar a cabo um plano de cobertura sanitária, baseado no que se denominou de “competitividade gestora” entre empresas privadas. O diretor dessa comissão, Ira Magaziner, um assessor muito próximo de Clinton, foi quem desenhou o plano. O papel de Hillary era vender politicamente o plano, especialmente ao Congresso. E nisso fracassou por inteiro. O “plano Clinton” de umas 1.342 páginas foi considerado demasiado complicado de entender e a mediado de 1994 perdeu praticamente todo o apoio político. Finalmente, encerrou-se no Congresso.
Respondendo à pregunta, o plano basicamente não era seu, mas de Ira Magaziner. Como havia de depender das seguradoras particulares voltadas para o benefício, como ocorre com o Obama Care, certamente não era um avanço, como é o sistema universal que Bernie Sanders defende.
A campanha de Clinton recebeu notoriamente dinheiro de vários fundos de rede. Como acredita que poderia determinar sua política econômica se consegue chegar à Presidência?
Quando os Clinton abandonaram a Casa Branca, em janeiro de 2001, Hillary Clinton lamentou estar “não somente quebrado, mas em dívida”. Isso mudou logo. Falando figuradamente, os Clinton se mudaram da Casa Branca a Wall Street, da presidência ao mundo das finanças. Os banqueiros de Wall Street compraram uma segunda mansão para os Clinton no Estado de Nova Iorque (que se somou à que têm em Washington DC) emprestando-lhes primeiro o dinheiro e, depois, pagando-lhes milhões de dólares para dar palestras.
Suas amizades no setor bancário lhes permitiram criar uma fundação familiar agora valorada em dois bilhões de dólares. Os fundos da campanha procedem de fundos de investimento amigos que colaboraram de bom agrado. Sua filha, Chelsea, trabalhou para um fundo de investimento antes de se casar com Marc Mezvinsky, quem criou seu próprio fundo de investimento depois de trabalhar para Goldman Sachs.
Em poucas palavras, os Clinton se submergiram por completo no mundo das finanças, que se converteu em parte de sua família. É difícil imaginar que Hillary se mostrasse tão ingrata como para levar a cabo políticas contrárias aos interesses de sua família adotiva.
Diz-se que a política de identidade é outro dos pilares de sua campanha. Quem apoia  Clinton afirma que votando nela se quebrará o teto de vidro e que, pela primeira vez na história, uma mulher entrará na Casa Branca. A partir de vários meios, tens protestado contra esta interpretação.
Uma razão fundamental para que se desse a aliança de Wall Street com os Clinton é que os autoproclamados “novos democratas” encabeçados por Bill Clinton conseguiram mudar a ideologia do Partido democrata da identidade social à igualdade de oportunidades. Em vez de lutar pelas políticas tradicionais do novo acordo que tinham como objetivo incrementar os estandartes de vida da maioria, os Clinton lutam pelos direitos das mulheres e das minorias a “ter sucesso” individualmente, a “quebrar tetos de vidro”, avançar em suas carreiras e enriquecer-se. Esta “política de identidade” quebrou a solidariedade da classe trabalhadora, fazendo com que as pessoas se centrassem na identidade étnica, racial ou sexual. É uma forma de política do “divida e vencerás”.
Hillary busca persuadir as mulheres mostrando-lhes que sua ambição é a de todas elas e que votando nela, estão votando por elas mesmas e pelo sucesso futuro. Este argumento parece funcionar melhor entre as mulheres de sua geração que se identificaram com Hillary e simpatizaram com o apoio leal a seu marido, apesar de seus flertes. Porém, a maioria das jovens estadunidenses não se deixa levar por este argumento e busca motivos mais sólidos na hora de votar. As mulheres deveriam trabalhar juntas pelas causas das mulheres, como, por exemplo, pelo mesmo salário e pelo mesmo trabalho, ou a disponibilidade de orfanatos para as mulheres trabalhadoras. Mas Hillary é uma pessoa, não uma causa, Não há nenhuma prova de que as mulheres, em geral, tenham se beneficiado no passado por terem uma rainha ou uma presidenta. E mais, ainda que a eleição de Barack Obama tenha deixado os afro-americanos felizes por motivos simbólicos, a situação da população afro-americana tem piorado.
Mulheres jovens, como Tulsi Gabbard ou Rosario Dawson, consideram que colocar fim a um regime de guerras e mudanças de regime e proporcionar a todo o mundo uma boa educação e saúde são critérios muito mais significativos na hora de escolher um candidato.
Por que as minorias seguem apoiando Clinton em vez de apoiar a Sanders?
Está mudando. Hillary Clinton ganhou o voto negro nas primárias nos Estados do sul profundo. Foi no começo da campanha, antes que Bernie fosse conhecido. No sul profundo, muitos afro-americanos estavam desencantados porque muitos deles estavam na prisão ou haviam estado na prisão, e a maioria de votantes é de mulheres mais velhas que vão regularmente à igreja, onde escuta os pregadores pró-Clinton, não o que se diz na internet.
No norte as coisas são diferentes, e a mensagem de Sanders está conseguindo estender-se. O apoia a maior parte de intelectuais afro-americanos e de afro-americanos do mundo do entretenimento. Esta é a primeira eleição presidencial onde a internet desempenha papel chave. Especialmente a população jovem que não confia nos meios de comunicação estabelecidos. É suficiente ler os comentários dos leitores estadunidenses na internet para dar-se conta de que Hillary Clinton é considerada amplamente como uma mentirosa, uma hipócrita, uma belicista e um instrumento de Wall Street.
Como vês a campanha de Bernie Sanders? É vista como a esperança da esquerda, porém, após a presidência de Obama também há certo ceticismo. Alguns comentaristas sinalizaram seu apoio a intervenções militares estadunidenses no passado.
À diferença de Obama, quem prometeu uma “mudança” vaga, Bernie Sanders é bem concreto na hora de falar das mudanças que se tem que fazer na política doméstica. E insiste em que ele sozinho não pode fazê-lo. Sua insistência no fato de que se precisa de uma revolução política para conseguir suas metas está realmente inspirando o movimento de massas que necessitaria. É suficientemente experiente e teimoso para evitar que o partido o rapte como ocorreu com Obama.
Enquanto à política exterior, Sanders se opôs firmemente e, de maneira racional, à guerra de 2003 no Iraque, porém como a maior parte da esquerda se deixou levar pelos argumentos a favor das “guerras humanitárias”, como a desastrosa destruição da Líbia.
Mas, este tipo de desastre tem começado a educar as pessoas e, talvez, tenha servido de lição para o próprio Sanders. As pessoas podem aprender. Podem ouvir entre os que lhe apoiam, a antibelicistas como a congressista Tulsi Gabbard do Havaí, que apresentou sua demissão no Comitê Nacional Democrata para apoiar Sanders. Há uma contradição óbvia entre o gasto militar e o programa de Sanders para reconstruir EEUU. Sanders oferece uma maior esperança porque vem com um movimento novo, jovem e entusiasta, enquanto Hillary vem com o complexo militar-industrial e Trump vem com ele mesmo.
Atualmente vive na França. Como vê a situação no país? Que explica a subida da Frente Nacional, paralelamente a outras forças da nova direita (ou nacional-conservadoras)?
Os partidos estabelecidos seguem as mesmas políticas impopulares na Europa e nos EUA e isso, naturalmente, leva o povo a buscar algo diferente. O controle local dos serviços sociais se sacrifica a necessidade de “atrair investidores”, em outras palavras, a dar ao capital financeiro a liberdade de modelar sociedades, dependendo de suas opções de investimento. A desculpa é que atraindo investidores se criarão empregos, porém isso não ocorre. Posto que a chave destas políticas é romper com as barreiras nacionais para permitir ao capital financeiro ganhar acesso, é normal que o povo vá aos chamados partidos “nacionalistas” que asseguram querer restaurar a soberania nacional. Como na Europa sobrevivem os fantasmas do nazismo, “soberania nacional” se confunde com “nacionalismo”, e “nacionalismo” se equipara com guerra. Estas suposições fazem com que o debate na esquerda seja impossível e termine favorecendo aos partidos de direita, que não sofrem deste ódio ao Estado nacional.
Em vez de atuar com horror à direita, a esquerda necessita ver as questões que afetam realmente o povo, com clareza.
No passado, tem criticado à esquerda (ou a uma parte considerável dela) por apoiar as chamadas “intervenções humanitárias”. Que opina da “nova esquerda” ou “nova nova esquerda” em países como Grécia e Espanha?
A propaganda neoliberal dominante justifica a intervenção militar por motivos humanitários, para “proteger” o povo de “ditadores”. Esta propaganda teve muito êxito, especialmente, na esquerda, onde, com frequência, se aceita como uma versão contemporânea do “internacionalismo” da velha esquerda, quando na realidade é todo o oposto: não se trata das brigas internacionais e seu idealismo combatendo por uma causa progressista, mas do Exército estadunidense bombardeando países em nome de alguma minoria que pode acabar revelando-se como um grupo mafioso, ou terroristas islâmicos.
Honestamente, acredito que este livro é um aporte à crítica da política intervencionista liberal, e lamento que não esteja disponível em espanhol, ainda que existam edições em inglês, francês, italiano, português, alemão e sueco.
Fonte: Katehon.

domingo, 6 de novembro de 2016

"Recomeçar do zero", esquecendo Lula, é a profilaxia recomendada pelos sábios do golpe em todas as frentes.

Por que eles querem que o Brasil esqueça Lula?

Por que com ele é como se Getúlio falasse; ou Allende para os chilenos; ou Perón para os argentinos; ou Cárdenas para os mexicanos. Com uma diferença: Lula vive

Por: Saul Leblon - Carta Maior - 04/11/2016

Respira-se um cheiro azedo de fardas, togas e ternos empapados da sofreguidão nervosa que marca as escaladas de demolição do Estado de Direito nos solavancos da História.

Consulte os anos 30 na Alemanha, os 50 do macarthismo norte-americano, os 60 da ditadura brasileira, os 70 do massacre chileno...

Há um clima de dane-se o pudor por parte das elites e da escória que a serve.

Faz parte desses crepúsculos institucionais a perda dos bons modos e a convocação das milícias, enquanto o jornalismo isento finge não ver a curva ascendente do arbítrio.

Com a mesma desenvoltura com que se anistia montanhas de dólares remetidos ao exterior, classifica-se o MST como ‘movimento criminoso’.

Persegue-se e intimida-se estudantes secundaristas com lista de nomes exigindo que se delate endereços de colegas ocupantes ...

Invade-se a bala dependências e movimentos sociais e de metralhadora em punho escolas tomadas por adolescentes que reclamam o direito de opinar sobre a própria educação.

Ensaios da orquestra.

Decibéis crescentes, afiados pelo mesmo diapasão ecoam de diferentes pontos do país.

Só não ouve quem não quer.

Há dinheiro, patrocínio e poder em jogo na incapacidade auditiva para ouvir os gritos da democracia sendo violada na sala ao lado de onde se discute a ‘reconstrução do Brasil’.

A conveniência reflete a insurgência que se esboça.

A resistência ao golpe escapa ao que se supunha ser o alvo isolado e triturado pela centrífuga da Lava Jato.

Adolescentes falam o que a vastidão dos votos nulos, brancos e abstenções cifraram nas urnas municipais, quando suplantaram os vitoriosos de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre...

Se as duas vozes se fundirem num idioma único, o que acontecerá?

O cheiro azedo exalado das fardas, togas e ternos de corte fino, empapados da sofreguidão nervosa, reflete essa esquina incerta da História para a qual caminha o país.

A truculência policial e midiática sobe rápido os degraus da exceção.

Essa é a hora diante da qual a resistência progressista não pode piscar.

Daí a importância da campanha lançada neste dia 10 de novembro para sacudir a hesitação em defesa do óbvio.

O óbvio hoje começa por defender Lula.

Porque sem defender Lula, não será possível defender mais ninguém, e mais nada, do galope desembestado da ganância no lombo da violência fardada e da cumplicidade togada.

Por ninguém, entenda-se o Brasil assalariado e o dos mais humildes.

A imensa maioria da população.

Aquela que vive do trabalho, depende de serviços públicos, tem seu destino atado ao do país, ao do pre-sal, ao da reindustrialização, ao da democracia social, carece de cidadania, respira salário mínimo e enxerga na previdência o único amparo à velhice e ao infortúnio.

Lula é a espinha histórica das costelas de resistência que precisam se unir para conter a demolição em marcha disso tudo.

Desempenha essa função por uma razão muito forte.

Essa que o milenarismo gauche parece ter esquecido --ou hesita em saber que sabe-- enquanto aguarda o juízo final de Moro para recomeçar do zero.

‘Recomeçar do zero’ é a profilaxia recomendada pelos sábios do golpe em todas as frentes.

Desde a demolição dos direitos trabalhistas, à revogação da soberania no pre-sal, passando pela Constituição de 1988, o Prouni, a previdência ...

Mas, principalmente: recomeçar do zero esquecendo Lula.

Porque ele é –ainda é Lula-- a inestimável referência de justiça social na qual a imensa parcela dos brasileiros de hoje e de ontem se reconhecem.

É dele a voz que quando fala e é ouvida no campo e nas cidades.

Mais que simplesmente ouvida: respeitada e compreendida.

A diferença dessa voz é que ela não carrega só palavras.

Carrega experiência, luta, erros, acertos, raiva, riso, derrotas, vitórias, cujo saldo são conquistas coletivas encarnadas em holerite, comida, emprego, autoestima e esperança.

sábado, 5 de novembro de 2016

PEC 241 (55) no setor de saúde. Como congelar gastos com saúde por 20 anos se nesse período os idosos irão dobrar?

PEC 241 parte do princípio de que se a economia não permitir, a população não irá adoecer… nem envelhecer

Por Hildegard Angel -  01/11/2016

Via de regra, escritórios de assessoria de comunicação me enviam, a título de colaboração, artigos e comentários de profissionais abrangendo temas diversos. Não me lembro de ter me detido em algum, particularmente. Mas este artigo do especialista na área de saúde David Stacciarini, sócio e diretor jurídico do aplicativo Docway, impressionou-e muito bem e eu gostaria de compartilhar com vocês. Vem a calhar e merece ser lido. Vamos a ele:
CHARGE BRUNO GALVÃO

A PEC 241 E O FUTURO DA SAÚDE NO BRASIL

David Stacciarini
“Uma vez aprovada a nova regra, caberá à sociedade, por meio de seus representantes no parlamento, alocar os recursos entre os diversos programas públicos, respeitando o teto de gastos. Vale lembrar que o descontrole fiscal a que chegamos não é problema de um único Poder, ministério ou partido político. É um problema do país! E todo o país terá que colaborar para solucioná-lo.” Assim termina a proposta da PEC 241 feita pelo ministro da Fazenda, Henrique de Campos Meirelles, e pelo ministro do Planejamento, Dyogo Henrique Oliveira.

O Conselho Deliberativo da Fiocruz, a Fundação Oswaldo Cruz, instituição estratégica do Estado para a ciência e a tecnologia em saúde, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola), as secretarias de Saúde de inúmeros municípios e estados, professores de Medicina de inúmeras universidades respeitadas no Brasil, bem como o próprio ex-ministro da saúde, José Gomes Temporão, vetam a aprovação da PEC 241/16. Mas por qual motivo?

A Proposta de Emenda à Constituição 241/16 não tem como objetivo salvar a economia? Ocorre que austeridade na saúde não é novidade, tal medida já ocorreu em outros países, e inclusive foi alvo de inúmeros estudos internacionais, um deles famoso trabalho realizado pelo pesquisador David Stucler, de Oxford, conhecido como Multiplicador Fiscal. Mas, o Governo Federal Brasileiro, realiza uma reflexão importante, e todos podemos concordar que isso é o ideal em uma nação, ao propor que seus gastos não sejam maiores do que recolhe em tributos e impostos. Porém, o mesmo raciocínio não se aplica ao setor de saúde, área em que há algo inevitável, imutável e que não pode ser controlado: o envelhecimento da população. Tal elemento não está sendo colocado na equação da PEC 241.

Pois as doenças não aparecem em uma economia favorável ou desfavorável, elas não são concursos públicos, criados de acordo com a necessidade do estado. Independendo dos fatores econômicos ou políticos, as doenças aparecem sempre, não importa o tamanho de sua economia ou de sua nação. O que muitos estudos vêm apontando, inclusive para maior desgosto do estado, é que é nos países em recessão econômica que mais se manifestam as doenças e os surtos mais ocorrem.

O Brasil possui um sistema de saúde universal replicado do modelo britânico (NHS- National Health Service). Apesar de oferecermos um sistema semelhante de saúde, é muito difícil para o Brasil acompanhar o modelo clonado, uma vez que nosso orçamento é cinco vezes menor do que o da Inglaterra. Infelizmente, diferente de outras áreas, não é possível estabilizar um valor para a saúde, justamente devido à população estar sempre adoecendo. Viver e morrer é destino da vida de todo homem. Todos os países do mundo vêm aumentando, com o decorrer dos anos, o percentual do seu orçamento no setor de saúde.

Como já esclarecemos, a população envelhece e novas doenças aparecem. Um estudo levantado afirma que, em 20 anos, a população idosa irá dobrar. Isso implica em doenças crônicas, degenerativas, do coração, em vários tipos de câncer. E essa é a preocupação de todos esses especialistas em saúde acima citados. A PEC 241 funcionaria muito bem em outros setores, mas é uma arma perigosa que coloca em risco o setor de saúde.

Se você trava o aumento do orçamento de saúde ou impõe seu crescimento conforme a inflação nos próximos 20 anos, como está proposto, o governo pressupõe que gastamos muito em saúde não porque a população necessita, mas porque a economia permitiu, pois, o tratamento das doenças dessas pessoas só ocorreu porque havia dinheiro acima da inflação e do planejado. Contudo, se agora a economia não permitir mais, ou não permitir que dinheiro que não seja planejado anteriormente seja entregue, logo a população não irá mais adoecer.

É um raciocino errado com aparência de verdadeiro, uma falácia. Ninguém acredita que o governo está fazendo isso para prejudicar a vida das pessoas, ocorre que houve a ausência de debate com especialistas no setor de saúde, bem como não foi realizado ou sequer solicitado um estudo para averiguar as consequências em longo prazo.

Este é o grande impasse, especialistas de saúde apontam uma prioridade, especialistas em economia apontam outra e você se pergunta: qual problema devemos resolver primeiro?

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Golpe jurídico-parlamentar-midiático de 16. Como o STF ajudou na derrubada de Dilma Roussef, com suas decisões rápidas (prisão de Delcídio), demoradas (afastamento de Cunha) e combinadas com a Lava Jato.

Pesquisadora explica como STF influenciou no impeachment

Leonardo Sakamoto - Blog do Sakamoto - 04/11/2016

Charge Renato Aroeira

''Quando se combina as decisões do impeachment com as da Lava Jato, verificamos que o Supremo teve uma grande influência no curso do impeachment'', afirma Eloisa Machado de Almeida, professora da FGV Direito SP, doutora em Direito pela USP e coordenadora do Centro de Pesquisa Supremo em Pauta.

Eloísa atua no acompanhamento das decisões do Supremo Tribunal Federal e uma das pesquisas que coordena tem analisado as decisões do STF junto às da operação Lava Jato. De acordo com ela, o tribunal jogou com o tempo, deixando alguns atores livres (mesmo em condições para prisão preventiva) e bloqueou outros, influenciando no processo de cassação de Dilma Rousseff. Ela separa três momentos decisivos listados que podem ser lidos no post.

Ela separa três momentos decisivos. Primeiro, a prisão em flagrante do então senador Delcídio do Amaral (PT), por decisão do ministro Teori Zavascki a pedido do procurador geral da República Rodrigo Janot, em 25 novembro de 2015. De acordo com ela, isso deu força para que o processo de impeachment fosse aceito por Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, no dia 2 de dezembro do mesmo ano.

Segundo, houve a quebra de sigilo e divulgação da conversa telefônica entre Dilma e Lula sobre a sua nomeação para ministro da Casa Civil, em 16 de março de 2016, quando este ainda não era réu pela Lava Jato. Isso teria o intuito de garantir foro privilegiado a ele. Na sequência, o ministro Gilmar Mendes, impediu que Lula tomasse posse. De acordo com Eloia, esse episódio deu um fôlego extraordinário ao processo na Câmara dos Deputados, que autorizou a abertura do impeachment no mês seguinte.

Por último, somente após o impeachment ser encaminhado ao Senado, Eduardo Cunha foi afastado do mandato de deputado federal e, consequentemente, da presidência da Câmara por uma decisão do ministro Teori Zavascki.

Segundo, a pesquisadora, no curso do impeachment, o STF reproduziu o rito de 1992, garantindo um curso morno do processo. Mas essas decisões extraordinárias, relacionadas ao desdobramentos da Lava Jato, tiveram impacto no impeachment e foram responsáveis pelo seu desfecho.

A entrevista com a professora Eloísa Machado também abordou outros temas, incluindo o protagonismo do Supremo Tribunal Federal neste momento do país, as consequências de um Poder Judiciário mais forte que os outros dois poderes e a noção de Justiça no Brasil:

A Suprema Corte é um tribunal progressista ou conservador?

Continue lendo no Blog do Sakamoto

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Sabem quem sempre foi contra o 13º salário, desde sua criação? A mídia, essa grande defensora dos direitos dos trabalhadores. Só que não.

Adeus, Natal: a direita quer acabar com o 13º “contra a crise” tirando 170 bi da economia

Por Cynara Menezes - Socialista Morena - 03/11/2016 -

É muita burrice, não de quem fala, porque tem outros interesses por trás, mas de quem acredita. Movimentos de direita orquestrados como o MBL (Movimento Brasil Livre) defendem acabar com o 13º salário sob a justificativa de que o valor poderia ser diluído nos outros doze salários e, com isso, o trabalhador ganharia “8% mais”, o que por si só já é mentira. Obviamente, o que iria acontecer é que o trabalhador iria ganhar o mesmo salário em 12 vezes e ainda ficaria sem o abono natalino. Só trouxa, portanto, cairia nesta conversa.

Mas a questão que quero levantar é uma falácia ainda maior. Os direitistas querem acabar com o 13º como uma das “saídas” mágicas para a economia e o desemprego. No entanto, o 13º salário injeta todos os anos mais de 170 bilhões de reais na economia –em dezembro de 2015, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), foram 173 bilhões de reais, ou 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto). Qualquer pessoa com cérebro perceberia que, sem o 13º, não só o comércio natalino ficaria à míngua como milhões de pessoas iam perder os seus empregos.



Ou seja, a resposta da direita para a crise na verdade a aprofundaria. Nenhum dos ~estudos~ apresentados pelos “liberais” que defendem a aberração de se extinguir o 13º salário se dedica a avaliar qual será o impacto disso sobre o comércio. Traduzindo em miúdos, no que depender da direita brasileira, adeus Natal. Tanto para quem compra quanto para quem vende. É essa a “solução” dos gênios da direita?

Abra o olho. Não caia na conversa de quem se apresenta como defensora dos seus direitos querendo acabar com seus direitos. O único interesse dessa gente é defender os privilégios de quem já tem privilégios, ou seja, eles mesmos. Pense comigo: como é que gente que não é da classe trabalhadora poderia estar preocupado em defender os trabalhadores?

Sabem quem sempre foi contra o 13º salário, desde sua criação? A mídia, essa grande defensora dos direitos dos trabalhadores. Só que não.



Minor Carta: O governo Temer é uma monarquia neoliberal e sem rei. O golpe de 1964 entrega o Brasil à ditadura. O golpe de 2016 entrega-o a uma espécie de monarquia.

Monarquia sem rei

Por Mino Carta - CartaCapital - 31/10/2016

Só assim se explica a agressão cometida contra o Brasil e os brasileiros. É como se a casa-grande decretasse: “O Estado sou eu”

O franciscano dom Paulo Evaristo é um exemplo de sabedoria e destemor. Na segunda 24 foi homenageado por seus 95 anos no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, com participação de figuras ilustres e um público pronto ao grito de “fora Temer”. Nos tempos da ditadura, debaixo da batina, dom Paulo vestia uma armadura. Hoje faz muita falta.

O desafio à ditadura do então cardeal arcebispo paulista é uma página histórica que convém ler e reler. Hoje vivemos uma situação ainda pior e a respeito tenho conversado constantemente com os meus botões, para concluir que o Estado de exceção em que mergulhamos é algo assim como uma monarquia por direito divino, embora sem rei.

Em lugar do soberano, uma entidade superior por obra de uma teologia específica, dissociada de qualquer referência contemporânea, a não ser na aplicação fervorosa do neoliberalismo, a ser entendido, na minha visão, como neoliberismo. Permito-me sustentar que o neoliberalismo é também monárquico no sentido medieval.

Dom João VI, o rei de Portugal que jamais tomou banho, ao aportar no Brasil nos começos do século XIX, antecipou esse desfecho ao longo de um enredo desenrolado por mais de 200 anos. Fugia do exército napoleô­nico, que chegava para difundir as ideias da Revolução Francesa e, segundo os meus botões, não somente deu a saída do entrecho, mas também cuidou de estabelecer, quem sabe sem se dar conta, o seu propósito central. Ou seja, manter respeitoso e definitivo distanciamento de ideais renovadores.

Chamo esta entidade monárquica de casa-grande, a qual permanece rigorosamente impermeável a veleidades progressistas. E acaba de dizer, em tom de edito: “O Estado sou eu”. Houve a notável tentativa do governo Lula, e agora soçobra. O golpe de 1964 entrega o Brasil à ditadura.

O golpe de 2016 entrega-o a uma espécie de monarquia. Não há outra forma de perceber a prepotência, a arrogância, a desfaçatez de um poder que tudo se permite, impunemente, diante de um povo resignado, conforme manda a regra da senzala.

O que mais há de inquietar dom Paulo nesta moldura em que a tragédia sobrepuja a farsa? A agressão das reformas do governo a serviço da casa-grande contra o próprio ser humano, no individual e no coletivo.

Contra o trabalhador, contra os estudantes e seus mestres, contra os desvalidos em geral. É tudo o que contraria e ofende a doutrina cristã da igualdade, na contramão do pensamento do papa, um jesuíta chamado Francisco. Mas seria Cristo um comunista?

Nunca esquecerei uma longa e edificante conversa que tive com dom Paulo, quando já deixara o comando da Arquidiocese. Contou-me, a certa altura, de uma visita feita a João Paulo II no Vaticano, e produziu então uma perfeita imitação do papa Wojtyla, trêmulo na voz e no gesto. Foi fácil entender que não apreciava o pontífice obcecado pela fúria anticomunista e capaz de permitir que a chamada Santa Sé se tornasse digna dos tempos da devassidão renascimental.

Aposto que grande apreciador do papa polaco é o atual presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho, que ali chegou graças à determinante ajuda do ministro Gilmar Mendes, o mesmo que agora desmente quanto já afirmou, imperiosamente, como é do seu temperamento.

Martins Filho vive apartado em Brasília, de perfil baixo, longe da presidência do TST, quando se recolhe piedosamente a um centro de retiro habitado por seguidores da Opus Dei, a organização mais reacionária do catolicismo. No caso, a meditação não favorece a piedade cristã.

De fato, ele costuma expor conceitos diametralmente opostos àqueles do papa Bergoglio contra a sanha neoliberal, para se tornar o Torquemada dos trabalhadores brasileiros, empenhado em inaugurar uma versão atualizada dos autos da fé.

Dom Paulo e Martins Filho, formas opostas de interpretar a doutrina cristã. Certo é, porém, que o crucificado está com o seu cardeal, para sempre. Não há como duvidar que seja esta a verdade factual.