segunda-feira, 31 de março de 2014

História do Brasil e da imprensa brasileira. Golpe militar de 1964. A Globo e a ditadura militar, segundo Walter Clark, autor do livro "O Campeão de Audiência"

A Globo e a ditadura militar, segundo Walter Clark
Blog do Argemiro Ferreira - 03/04/2010
Ainda que não tivesse sido esse o objetivo de sua autobiografia, na qual relatou há 19 anos a incrível trajetória que o transformara no todo-poderoso senhor, por mais de uma década, da quarta rede comercial de televisão do mundo, Walter Clark acabou por oferecer no livro – O Campeão de Audiência (veja a capa abaixo), que teve o jornalista Gabriel Priolli como co-autor, Editora Best Seller, 1991 – uma contribuição importante para a compreensão das relações muito especiais entre a TV Globo e o regime militar à sombra do qual floresceu. Além de rejeitar a conhecida imagem da emissora como uma espécie de porta-voz do “Brasil Grande” do ditador Médici, ele garantia nunca ter visto Roberto Marinho (foto no alto, da capa do livro promocional assinado por seu empregado Pedro Bial), “se humilhar diante de quem quer que fosse, milico ou não, presidente da República ou não. Ao contrário, é uma altivez que fica sempre no limite da arrogância.”

sexta-feira, 28 de março de 2014

50 anos do Golpe Militar. “Muito Além do Cidadão Kane”: a incrível atualidade do único documentário sobre Roberto Marinho.

"Meio século após o golpe, “Muito Além do Cidadão Kane” reforça esse ponto: um relato honesto e abrangente sobre a ditadura tem, obrigatoriamente, de levar em conta o protagonismo da TV Globo e de Roberto Marinho. Sem o doutor Roberto, provavelmente nada teria sido possível.

“Muito Além do Cidadão Kane”: a incrível atualidade do único documentário sobre Roberto Marinho
Kiko Nogueira - Diário do Centro do Mundo - 28/03/2014 

O documentário “Muito Além do Cidadão Kane”, de 1993, é uma daquelas obras com a rara capacidade de ficar mais atuais à medida que o tempo passa — um, por sua qualidade, dois, pela falta completa de algo parecido.

Conta a história de Roberto Marinho e da Globo. Nos 50 anos do golpe, ajuda a compreender uma relação umbilical e uma, digamos, retroalimentação em que uma das partes teve fim — a ditadura — e a outra seguiu firme e forte.

“Beyond Citizen Kane” foi produzido pelo Canal 4 britânico e dirigido por Simon Hartog, cineasta independente que começou a carreira nos anos 60. Hartog morreu quando o filme estava sendo editado. Não pôde ver seu impacto.

Foi exibido na Inglaterra. A Globo tentou comprar os direitos para se livrar dele, mas Hartog já havia se precavido contra isso numa cláusula. Em seguida, entrou na Justiça para proibir sua exibição no MAM do Rio em março de 1994 — e ganhou, naturalmente. Os pôsteres foram recolhidos pela polícia.

A cópia que passaria no MIS, em São Paulo, foi confiscada a mando do governador Luiz Antonio Fleury. Outras puderam circular legalmente em universidades só nos anos 2000. Hoje, graças à internet, “Muito Além do Cidadão Kane” está no YouTube na íntegra.

O tom não é de libelo, não é histérico, não é conspiratório. Ao contrário, é uma longa reportagem, extremamente sóbria, contando uma história que não tinha sido contada sobre a maior rede de televisão do Brasil e seu dono. Isso é notícia.

Hartog e equipe falaram com mais de 40 pessoas — de Chico Buarque a Armando Falcão, de ACM ao ex-diretor de jornalismo da Globo Armando Nogueira. Acompanham, também, a “família Silva”, moradora da periferia de Salvador. Pai, mãe e filhos num barraco escuro, cujo maior foco de luz vem de uma telinha de tevê na mesa da sala/cozinha, ligada no Fantástico.

Há vozes críticas, evidentemente: Brizola (que compara RM a Stalin, já que ambos mandavam seus desafetos para a Sibéria ou para o “esquecimento”); Chico Buarque, lembrando do poder “assustador” da emissora e dos jabás; Lula, pré-Lulinha Paz e Amor, reclamando do “senhor” que manda em tudo e da cobertura das greves do ABC.

Mas ali estão também empresários, publicitários (como Washington Olivetto), políticos, funcionários e ex-funcionários. Armando Falcão, ministro da Justiça durante a ditadura, lembra com carinho do amigo e diz, candidamente, que ele já era “revolucionário antes da Revolução de 64”. “Doutor Roberto nunca me criou nenhum tipo de dificuldade”, diz ele. Roberto Civita, dono da Abril, explica como sua empresa não conseguiu as concessões que queria em 1980 após a falência da Tupi.

Hartog mostra, com imagens e depoimentos da época, como a Globo se esforçou para sedimentar a boa reputação do regime militar. Lembra que a fatia do bolo publicitário da propaganda governamental já era grande na época e que, em 1990, a Globo detinha 75% da verba total no país.

Walter Clark, chefe da emissora antes de Boni, conta que Roberto Marinho o demitiu porque Clark “já tinha montado o trem elétrico e agora ele podia brincar à vontade. É uma pessoa bem parecida com o Cidadão Kane, mas acho que ele não tem o Rosebud”.

Marinho, obviamente, não deu entrevistas. Surge ao lado de todos os generais e, em seguida, com Tancredo, Sarney e Collor. “Doutor Roberto é meu amigo há mais de 30 anos. O pessoal tem muita inveja”, afirma Antônio Carlos Magalhães, feito ministro das comunicações por Roberto Marinho no governo Sarney.

A certa altura, menciona-se a minissérie “Anos Rebeldes”, que tratou da inquietação da juventude brasileira no fim dos anos 60. Ficou manca: faltou um papel para a Globo, que não é coadjuvante.

Meio século após o golpe, “Muito Além do Cidadão Kane” reforça esse ponto: um relato honesto e abrangente sobre a ditadura tem, obrigatoriamente, de levar em conta o protagonismo da TV Globo e de Roberto Marinho. Sem o doutor Roberto, provavelmente nada teria sido possível.

quinta-feira, 27 de março de 2014

A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa do Brasil. E por ser uma estatal e eficiente, sempre incomodou os conservadores do país.

A PETROBRÁS INCOMODA

Erro cometido na compra de Pasadena não pode encobrir vitórias recentes na mais bem sucedida empresa da história do país

por Marcelo Zero (*)

A Petrobras incomoda. Na realidade, a Petrobras sempre incomodou os conservadores do país.

Pudera. Nascida da histórica campanha nacionalista “o Petróleo é nosso”, a Petrobras se converteu naquilo que os paleoliberais consideram praticamente uma impossibilidade: uma empresa estatal bem-sucedida e eficiente. Ela é um acabado contraexemplo das teses antiestatais e antidesenvolvimentistas que sustentavam o fracassado paradigma privatizante e liberalizante que ruiu no início deste século.

Assim, a Petrobras é anátema, nos cânones do (paleo)neoliberalismo tupiniquim. Não deveria existir, mas existe. Não deveria fazer sucesso, mas faz. A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa do Brasil.

No início, há 60 anos, diziam que o Brasil não tinha petróleo. Convenientes estudos de geólogos estrangeiros asseguravam que não havia jazidas de óleo em território nacional. A Petrobras, portanto, não fazia muito sentido.

Mas ela perseverou e acabou descobrindo, graças a um enorme esforço de pesquisa, jazidas significativas de petróleo e gás em nosso leito marítimo. Primeiro no Nordeste; depois na Bacia de Campos. Tais jazidas, situadas no que hoje se conhece como pós-sal, contribuíram para diminuir bastante a nossa dependência de importações de hidrocarbonetos.

Mesmo assim, as ofensivas contra a grande estatal brasileira continuaram. No governo Collor, o Credit Suisse chegou a apresentar um plano para privatizar a Petrobras. O plano privatizava a companhia por partes. Primeiro, se venderiam as suas subsidiárias, o que, de fato, ocorreu posteriormente. Depois, a holding seria fatiada em unidades de negócio, as quais seriam privatizadas, em seguida.

No entanto, foi no governo FHC, que essas ofensivas se intensificaram e se concretizaram parcialmente.

Com efeito, foi naquele governo que se promulgou a famosa Lei nº 9478/97. Essa norma produziu duas grandes consequências.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Ditadura militar. Corrupção, miséria, censura, violência, insegurança, opressão e trabalho infantil institucionalizado (reduziu a idade mínima legal de trabalho para 12 anos).

Corrupção, miséria, censura, violência, insegurança, opressão e trabalho infantil na ditadura
Juremir Machado da Silva - CORREIO DO POVO - 25 de março de 2014

Só que não estuda ou age por má-fé e ideologia fala em segurança, ensino de qualidade, empregabilidade total e padrão de vida invejável durante o regime militar.

Charges de Vitor Teixeira
A ditadura foi o sistema do trabalho infantil institucionalizado, da inflação alta, da redução do poder aquisitivo dos mais pobres, da insegurança no emprego, do fim da estabilidade com a criação do FGTS, da violência estatal, da corrupção eleitoral e da retirada de investimentos da saúde e da educação. Os primeiros mensalões aconteceram naqueles dias, com compra de voto e de apoio parlamentar. Segue um trecho de meu livro “Jango, a vida e a morte no exílio” sobre esse quadro desolador. 

Uma resolução do Ministério da Justiça crava seu veneno noutro coração, o da imprensa, enfim, acordada: “É vedada a descrição minuciosa do modo de cometimento de delitos”. 

A ditadura gosta de agenda positiva: censura a divulgação da descoberta de uma carga de drogas no quartel da Barra Mansa. 

O gaúcho Arnaldo Pietro, ministro do Trabalho, bloqueia, em 1974, as notícias sobre sua fracassada política salarial. Até “gravuras eróticas de Picasso” caem na malha fina do obscurantismo dos censores por obscenas.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Ação de desapropriação deve barrar reintegração de posse do edifício Mauá. Prefeitura de São Paulo comprará imóvel. 237 famílias ocupam o prédio. Reforma irá viabilizar 160 apartamentos

 Prefeitura de São Paulo comprará imóvel para evitar despejo de ocupação emblemática
Gisele Brito, da RBA  - 24/03/2014
Informação foi dada por administração Haddad durante reunião hoje com moradores da Mauá, que completa sete anos. Ação de desapropriação deve barrar reintegração de posse marcada para dia 15

Depois de 20 anos de abandono, 237 famílias ocupam o prédio. Reforma irá viabilizar 160 apartamentos

Foto: Manoel Marques
São Paulo – Depois de sete anos de luta dos moradores, a prefeitura de São Paulo deve desapropriar o edifício ocupado da rua Mauá, no bairro da Luz, região central da cidade. A medida foi informada para os coordenadores da ocupação durante reunião na tarde de hoje (24) pelo secretário municipal de Habitação, José Floriano Neto. “O jogo só termina quando acaba e nós ficaremos atentos até que esteja tudo certo. Mas é uma luz, uma vitória muito grande”, afirma Ivanete Araújo, coordenadora da ocupação e integrante do Movimento Sem-teto do Centro (MSTC).

Na prática, a desapropriação é uma compra. A prefeitura deverá depositar cerca de R$ 11 milhões em uma conta judicial até a primeira semana de abril e, assim, a posse do imóvel passa à administração municipal.

O prazo deve ser cumprido para que a administração Fernando Haddad (PT) possa pedir a suspensão da reintegração de posse do imóvel, marcada para o próximo dia 15. Desde 2012 há um pedido dos proprietários tramitando na Justiça pedindo a saída das famílias. Naquele mesmo ano, os advogados que defendem os moradores do prédio entraram com uma apelação para garantir a permanência no local até que um agravo mostrando irregularidades no processo e a legitimidade da presença dos ocupantes fosse julgado.

O jogo pesado: tirar a Petrobras de campo. Uma costela de pirarucu engasgada na goela do neoliberalismo, que atrapalha a "ordem natural das coisas".

O jogo pesado: tirar a Petrobras de campo
Saul Leblon - Carta Maior - 24/03/2014

O caso Pasadena pode ser tudo menos aquilo que alardeia a sofreguidão conservadora. O alvo é: espetar na Petrobras a prova da presença do Estado na economia.

O caso Pasadena pode ser tudo menos aquilo que alardeia a sofreguidão conservadora.


Pode ser o resultado de um ardil inserido em um parecer técnico capcioso. Pode ser fruto de um revés de mercado impossível de ser previsto, decorrente da transição desfavorável da economia mundial; pode ser ainda –tudo indica que seja-- a evidência ostensiva da necessidade de se repensar um critério mais democrático para o preenchimento de cargos nas diferentes instancias do aparelho de Estado.

Pode ser um mosaico de todas essas coisas juntas.

Mas não corrobora justamente aquela que é a mensagem implícita na fuzilaria conservadora nos dias que correm.

Qual seja, a natureza prejudicial da presença do Estado na luta pelo desenvolvimento do país.

Transformar a história de sucesso da Petrobrás em um desastre de proporções ferroviárias é o passaporte para legitimar a agenda conservadora nas eleições de 2014.

Ou não será exatamente o martelete contra o ‘anacronismo intervencionista do PT’ que interliga as entrevistas e análises de formuladores e bajuladores das candidaturas Aécio & Campos? (Leia neste blog ‘Quem vai mover as turbinas do Brasil?’)

Pelas características de escala e eficiência, ademais da esmagadora taxa de êxito que lhe é creditada – uma das cinco maiores petroleiras do planeta, responsável pela descoberta das maiores reservas de petróleo do século XXI-- a Petrobrás figura como uma costela de pirarucu engasgada na goela do mercadismo local e internacional.

domingo, 23 de março de 2014

Marcha das Famílias com Deus pela Liberdade. Os últimos blocos tardios do carnaval. Os blocos da morte. Blocos tristes, que não cantam o amor nem a alegria, que marca e contagia o coração brasileiro. Os raivosos passistas desses blocos dizem que estão com Deus. Mas se olvidam que Deus não está com aqueles que defendem os que usaram porretes, choques elétricos e pau-de-arara.

O BRASIL E OS BLOCOS DA MORTE
Mauro Santayana - 23/03/2014
(Hoje em Dia) - O Carnaval acabou há alguns dias, mas tem gente convocando novos blocos para sair às ruas.

Esses últimos blocos tardios, tem o nome de MARCHA DAS FAMÍLIAS COM DEUS PELA LIBERDADE.

Link - Marcha da  Ku Klux Klan - Washington:  08-08-1925 

Os seus raivosos passistas dizem que estão com as famílias.

Mas se esquecem de outras famílias, que há cinquenta anos desfilaram em marchas semelhantes, e que – apesar disso - tiveram irmãos e filhos torturados e “desaparecidos” pelos agentes do mesmo regime que ajudaram a colocar no poder, no dia primeiro de abril de 1964.

Os raivosos passistas desses blocos dizem que estão com Deus.

Mas se olvidam que Deus não está com aqueles que defendem os que usaram porretes, choques elétricos e pau-de-arara. Que espancaram e assassinaram homens e mulheres indefesas, nos porões, como fizeram com seu único filho, um dia, chicoteando-o, rindo e cuspindo em seu rosto antes de cravar em sua cabeça uma coroa de espinhos, para que a usasse, sob a sombra da Cruz, a caminho do Calvário.

Eles pedem a prisão e o massacre de comunistas, como antes o faziam os nazistas, com os judeus, os ciganos, e os homossexuais.
Mas se esquecem do Papa Francisco – que defende o direito à opinião e à diversidade - que disse que não era comunista, mas que nada tinha contra os marxistas, porque ao longo da vida havia conhecido vários, que eram homens honestos e boas pessoas.

sábado, 22 de março de 2014

16 conselhos para você fazer sucesso como um novo anticomunista

16 conselhos para você fazer sucesso como um novo anticomunista
Kiko Nogueira - DCM - 23 Mar 2014


O anticomunismo está na moda, como na Guerra Fria. Com uma novidade: nunca tantos malucos foram tão barulhentos, ao menos no Facebook e em marchas. Não é preciso muito: basicamente, você só tem de ser relativamente ignorante e repetir feito um papagaio alguma poucas palavras e expressões como “petralha ladrão”, “lulopetista”, “Miami é que é bom”, “isso aqui não tem jeito”. Esse é um bom começo.
Mas a verdade é que os socialistas estão batendo às nossas portas, ameaçando as nossas famílias e, se você quiser fazer sucesso numa festa de gente burra e sem noção da realidade, eis alguns conselhos importantes para se tornar um novo anticomunista.

  1. Insista que o marxismo está desacreditado, desatualizado e totalmente morto e enterrado. Em seguida, faça uma carreira lucrativa batendo nesse cavalo morto pelo resto da sua vida.
  2. Comunismo ou marxismo é o que você quiser que seja. Sinta-se livre para rotular países, movimentos e regimes como “comunistas”, independentemente de coisas como ideologia, relações diplomáticas, política econômica etc.
  3. Se houver um conflito envolvendo comunistas, todas as mortes devem ser culpa do comunismo. Tenha cuidado ao aplicar isto à Segunda Guerra Mundial. Fascistas que lutaram contra os soviéticos tudo bem, mas tente não elogiar abertamente a Alemanha nazista. Deixe isso para conversas privadas.
  4. Cite constantemente George Orwell. Fale da “Revolução dos Bichos” ou de “1984”. Diga que Lula é o Grande Irmão.
  5. Cite Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Olavo de Carvalho. Cite Nelson Rodrigues, que você nunca leu e não entende muito bem, mas isso não vem ao caso.
  6. Mencione quantidades maciças de “vítimas do socialismo” sem se importar com demografia ou consistência. 3 milhões de pessoas mortas de fome? 7 milhões? 10 milhões? 100 milhões no total? Você não precisa se preocupar com ninguém verificando se é verdade, o que é bom já que você não tem a menor ideia.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Por que os EUA odeiam mais Putin do que os terroristas islâmicos?

Por que os EUA odeiam mais Putin do que os terroristas islâmicos?
William Murray - Via Blog do Julio Severo - 16/03/2014
O senador John McCain fez uma viagem inacreditável a Kiev no começo deste ano, e diante de uma turba que incluía neonazistas, ele pediu a derrubada do governo democraticamente eleito da Ucrânia. Ele não estava só, pois membros do governo de Obama também agiram para substituir o governo eleito daquela nação. Com a ajuda e incentivo das potências ocidentais, o governo eleito da Ucrânia acabou sendo substituído por representantes das turbas.
John McCain com neonazista ucraniano Oleh Tiahnybok
Quem são os ucranianos que derrubaram seu governo democraticamente eleito? Talvez os conservadores americanos devessem dar uma olhada mais de perto nesses novos líderes antes de darem um tapinha de felicitação nas costas do presidente Obama por “derrotar” Putin e “ganhar” a Ucrânia para os EUA.
A CNN nos EUA ficou totalmente em silêncio, mas uma reportagem da CNN fora dos EUA declarou:
“O líder do partido Svoboda (ou ‘Liberdade’), Oleh Tyahnybok, tem declaração gravada em que ele disse que Kiev é governada por ‘uma máfia de judeus russos’ e que os ucranianos corajosamente lutaram contra russos, alemães, judeus ‘e outras escórias’ na 2ª Guerra Mundial.
“Esse eleitorado desagradável, inclusive o movimento Setor Direita (que é ultradireita), ergueu as barricadas nos tumultos de Kiev, fornecendo ‘segurança’ para os principais líderes da oposição política e rivalizando com as forças pró-governo em táticas violentas que levaram a dezenas de mortos em Maidan.
“Essas forças nacionalistas direitistas foram em grande parte responsáveis pelo colapso do acordo assinado em fevereiro que pedia eleições parlamentares e presidenciais bem antes do tempo e uma volta à constituição ucraniana de 2004, a qual lembra a ‘Revolução Laranja’ que levou ao poder na Ucrânia um governo pró-Ocidente.”
Neonazista ucraniano Oleh Tiahnybok

quarta-feira, 19 de março de 2014

Lousa, giz e chumbo. Enquanto prendia estudantes e professores, a ditadura rapidamente mudou o modelo de ensino no Brasil.

Lousa, giz e chumbo
Subfinanciamento da escola pública e privatização do setor estão entre os principais legados das políticas educacionais da ditadura

Cida de Oliveira e Sarah Fernandes - Rede Brasil Atual - 15/03/2014

O JORNAL / JCOM / D.A. PRESS / (RJ 12/07/1968)
Enquanto prendia estudantes e professores, a ditadura rapidamente mudou o modelo de ensino no Brasil





Em meio a um emaranhado de fusões de escolas e concentração de conglomerados universitários, o ensino superior privado brasileiro segue de vento em popa. Um levantamento da consultoria Hoper Educação, com base em dados de 2013, constatou crescimento de faturamento de 30% entre 2011 e 2013, de R$ 24,7 bilhões para R$ 32 bilhões. Conforme a consultoria, estão matriculados hoje no ensino superior privado 5 milhões de alunos.

Os números do setor têm reflexo no Censo Escolar do Ministério da Educação. Os dados de 2011, divulgados em 2013, indicam que das 2.365 instituições que participaram do levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 88% são particulares – percentual que praticamente repete o do censo anterior. Entre as dez maiores instituições de ensino superior em números de matrículas de graduação, nove são privadas.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, mostra que em 2012 estavam na rede privada 74,6% dos estudantes, percentual que aumentou em relação ao ano anterior, que era de 73,2%. O crescimento da educação como negócio é inversamente proporcional à queda na qualidade dessa modalidade ensino, pouco fiscalizado.

domingo, 16 de março de 2014

Soldadinhos da ditadura. Os inocentes “brasilianos” nascidos sob a ditadura militar que marcharam "pelo Brasil". Meninos e meninas do interior do Brasil nascidos no final da década de 1960 e começo dos 1970, é a mais inocente de todas as vítimas do golpe.

Os inocentes “brasilianos”
Cynara Menezes - CartaCapital - 15/03/2014

A minha geração é a mais inocente das vítimas do golpe. Viemos ao mundo sob uma ditadura. Os generais já estavam lá. E não sabíamos de nada. Apenas marchávamos

Sabe aquela criança acenando com a bandeira do Brasil de cartolina verde e amarela, diante do pelotão que passa num desfile militar? Aquela, marchando de chapeuzinho de soldado, em fila, junto com os coleguinhas da escola no 7 de setembro? De uniforme branco e azul impecável, Vulcabrás nos pés brilhando, sorrindo sob um sol inclemente? Sou eu.

A minha geração, meninos e meninas do interior do Brasil nascidos no final da década de 1960 e começo dos 1970, é a mais inocente de todas as vítimas do golpe. Viemos ao mundo sob uma ditadura militar. Quando chegamos aqui, os generais já estavam lá. E não sabíamos de nada do que estava acontecendo. Apenas marchávamos.

Imagem: ALPESTRE/RS - 1976 




Marchei todos os anos da minha infância, do pré-primário à 8a. série. Entre os ensaios, que começavam em julho, e o dia 7, acho que marchei o suficiente para ir a pé do Rio Grande do Sul até Rondônia. Na véspera da grande data, minha mãe passava a “farda” (sintomático: chamávamos o uniforme escolar de “farda” no interior da Bahia) e eu engraxava meus sapatos com Nugget e os escovava até deixá-los com aparência de novos. Ficava orgulhosíssima do feito.

Não sabíamos por que marchávamos, só que era “pelo Brasil”. Cantávamos o hino e hasteávamos a bandeira diariamente. Nas aulas de Educação Moral e Cívica, nos ensinavam que era crime não respeitar o hino e a bandeira. A propaganda era tanta que até hoje tenho na memória a musiquinha do sesquicentenário da Independência, que aconteceu quando eu tinha 5 anos! “Sesquicentenário da Independência/ Potência de amor e paz/ Esse Brasil faz coisas/ Que ninguém imagina que faz.” Também sei de cor o hino brasileiro, o da Independência, o da Bandeira, o do Soldado e até o da Marinha. Éramos treinados para ser soldadinhos da ditadura, num eterno tiro-de-guerra, sem fuzis.

Um ano marchei fantasiada de intelectual, com beca e capelo, segurando um dicionário; no outro toquei surdo na banda; em outro ainda, fui vestida como integrante do coral da escola. Não me lembro de jamais ter reclamado de nada, só achava ruim que a ordem na fila fosse do mais velho para o mais novo, porque eu sempre ficava na rabeira. A coisa mais antidemocrática do meu mundinho era a escolha da baliza: por que só ela podia ir na frente de todos no desfile?

sábado, 15 de março de 2014

Eles não são mendigos. Os bem-sucedidos tratam os beneficiários das políticas sociais como pedintes, não sujeitos de direito.

Eles não são mendigos
Os bem-sucedidos tratam os beneficiários das políticas sociais como pedintes, não sujeitos de direito
Por Luiz Gonzaga Belluzzo - CartaCapital - 13/03/2014

Eleições suscitam polarização de opiniões e exageros de pontos de vista. A campanha eleitoral já em curso, como outras, emite sinais de pródigas manifestações de maniqueísmo. O expediente de satanizar o adversário revela, esta é minha opinião, indigência mental e despreparo para a convivência democrática. Intelectuais, incluídos os jornalistas, não escapam desses desígnios: as sagradas funções da crítica e da dúvida sistemática são atropeladas pela paixão política.


Leio sistematicamente as colunas dos jornais brasileiros. Leio sempre com o espírito disposto a considerar os argumentos, mesmo aqueles que não batem com meus juízos e julgamentos.

Pois, embrenhado no cipoal de opiniões, deparei-me com um luminar da sabedoria nativa que, do alto de sua coluna, alertava a nação para os perigos da exploração do “coitadismo”. Imagino que vislumbrasse nas políticas de redução da pobreza uma afronta aos méritos dos cidadãos úteis e eficientes.

Lembrei-me de uma palestra memorável do escritor americano David Foster Wallace. Diante dos estudantes do Kenyon College, Foster Wallace começou sua fala com um apólogo:

“Dois peixinhos estão nadando juntos e cruzam com um peixe mais velho, nadando em sentido contrário.
Ele os cumprimenta e diz:
– Bom dia, meninos. Como está a água?
Os dois peixinhos nadam mais um pouco, até que um deles olha para o outro e pergunta:
– Água? Que diabo é isso?”

Wallace prossegue: “O ponto central da história dos peixes é que a realidade mais óbvia, ubíqua e vital costuma ser a mais difícil de ser reconhecida. ... Os pensamentos e sentimentos dos outros precisam achar um caminho para serem captados, enquanto o que vocês sentem e pensam é imediato, urgente, real. Não pensem que estou me preparando para fazer um sermão sobre compaixão, desprendimento ou outras ‘virtudes’. Essa não é uma questão de virtude – trata-se de optar por tentar alterar minha configuração-padrão original, impressa nos meus circuitos. Significa optar por me libertar desse egocentrismo profundo e literal que me faz ver e interpretar absolutamente tudo pelas lentes do meu ser”.

O povo brasileiro tem manifestado seu desacordo com os bacanas que, como os peixinhos, mergulhados em seu egocentrismo, não conseguem reconhecer o ambiente social em que vivem. Por isso, os bem-sucedidos tratam os beneficiários das políticas sociais como pedintes, não enquanto sujeitos de direito.

Nas últimas décadas, certos liberais brasileiros julgam defender o mercado, desfechando invectivas contra as políticas públicas que, em sua visão, contradizem os critérios “meritocráticos”.

Em 1942, na Inglaterra ainda maltratada pela guerra, o liberal Sir William Beveridge, em seu lendário Relatório, defendeu o mercado ao fincar as estacas que iriam sustentar as políticas do Estado do Bem-Estar.

Associado à ruptura causada nas concepções da economia convencional pela Teoria Geral do Juro, do Emprego e da Moeda – obra magna do também liberal, porém iconoclasta, John Maynard Keynes –, o Relatório Beveridge cuidou dos princípios e políticas que deveriam orientar a ação do Estado britânico do pós-Guerra.

sexta-feira, 14 de março de 2014

“Neoconservadores” à brasileira atacam ideias distributivas da esquerda, na defesa do capitalismo. Turma bem remunerada e de prestígio que cumprem a função que outrora Paul Nizan, escritor de esquerda vítima do fascismo, chamou de "cães de guarda" do sistema.

Os 'cães de guarda' contra-atacam
“Neoconservadores” à brasileira atacam ideias distributivas da esquerda, na defesa do capitalismo.

Por Reinaldo Lobo* - 12/03/2014 - domtotal
"OS CÃES DE GUARDA" - Les Chiens de garde, Rieder, Paris, 1932 - reedições : Maspero 1969 ; Agone, 1998, com prefácio de Serge Halimi. 
Eles estão em toda parte. Como gafanhotos vorazes, ocupam espaços na cultura, nas ciências humanas, na imprensa, na TV, no rádio, nas universidades em geral, entre os chamados "formadores de opinião". São os "neoconservadores" à brasileira, cuja missão é desconstruir o que consideram o pensamento "politicamente correto" de esquerda. Infiltram-se nas brechas e interstícios de vários setores culturais e do poder, porque é isso o que imaginam que a esquerda faz. Seu truque secreto é usar o que pensam ser - depois de uma leitura ligeira de Gramsci - os métodos e a estratégia esquerdista para manter a hegemonia e o mando na sociedade civil e no Estado. Esse é um dos seus grandes equívocos.

Os "neocons", como alguns gostam de ser chamados, reúnem desde filósofos (Denis Rosenfield, Luiz Felipe Pondé), sociólogos e geógrafos (Demétrio Magnoli), historiadores (Marco Antonio Villa), artistas, roqueiros (como o conhecido Lobão), adeptos da geopolítica pós-militarista (como ocorre com um apresentador da Rede Globo, William Waack), humoristas do "infoentretenimento" (Danilo Gentili, Jô Soares) até ensaístas de ocasião (Arnaldo Jabor) e jornalistas da imprensa mais conservadora do País (como Reinaldo Azevedo). Jô Soares uma vez chamou Jabor de "comunista de direita". Essas personagens têm, obviamente, qualificações e talentos diferentes entre si, mas é possível traçar um fio comum - o repúdio às políticas distributivistas e desenvolvimentistas do PT e de quaisquer outros grupos mais socializantes. O máximo que aceitam é a social-democracia à maneira tucana, aliada aos "liberais" dos Democratas (ex-ditadura civil-militar) e com uma base de centro direita.

O neoconservadorismo, como muitos sabem, é uma visão política do mundo inaugurada nos Estados Unidos. Essa corrente ideológica surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial, quando surgiu a Guerra Fria. Desenvolveu-se entre ex-comunistas que passaram da crítica à burocracia soviética e aos horrores do stalinismo para uma posição de direita. Nasceu num meio de jornalistas trotskistas, ao redor da revista "Commentary". Dois dos seus primeiros intelectuais convertidos foram Irving Kristol e James Burnham, esse último autor de um best-seller intitulado "A Revolução dos Gerentes", onde defendia a tese de que as sociedades capitalista e comunista tendiam a se tornar uma coisa só, sob uma administração tecnoburocrática e gerencial. Essa mesma teoria foi defendida na França por Raymond Aron, um franco conservador. Foi a raiz da ideologia da "terceira via", que ressurgiria recentemente na Inglaterra com Anthony Giddens e o primeiro ministro Tony Blair. Mas os neocons dos EUA não hesitavam em aderir ao "modo de produção menos ruim", o capitalismo no sentido estrito. Não é preciso dizer que o auge de seu prestígio foi sob os governos de Reagan e Bush (pai e filho).

Os neocons brasileiros, diferentes dos norte-americanos, são mais sutis na defesa do capitalismo. Preferem apresentar-se como os verdadeiros transformadores e democratas, a partir de uma crítica pretensamente demolidora das ideologias em geral e do socialismo petista em particular. A sua ideologia consiste em se declararem anti-ideológicos. E os seus procedimentos argumentativos são de dois tipos.

O primeiro é a teoria do aparelhamento do Estado, pois o Partido tenderia a se confundir com o poder estatal, como na URSS, sem se considerar que todos os partidos no Brasil colocam, sem exceção, os seus aliados e militantes nos cargos mais importantes. Como o regime do PT e do País está longe de ser uma URSS, esse argumento se liquefaz. Fazem parte da base do governo e da burocracia estatal mais de dez outros partidos e estamos numa democracia. Os atuais membros petistas do governo sempre disputaram eleições livres e assim se mantiveram em uma parte do poder coligado.

O segundo procedimento dos neocons deriva do fato de muitos deles terem migrado da esquerda para a direita, talvez por motivos até semelhantes aos norte-americanos -- "o peso da realidade" da vitória do capitalismo na Guerra Fria e os horrores do stalinismo. Concedamos que seja assim. O seu truque consiste, porém, em inverter os argumentos da esquerda contra ela própria. Assim, tivemos há pouco um artigo do colunista da Folha, R. Azevedo, em que inventa um "racismo de segunda ordem" a ser atribuído a qualquer petista que criticar as decisões erradas do ministro do STF, Joaquim Barbosa. Todos sabem que a luta contra o racismo é uma bandeira histórica da esquerda. O próprio Barbosa já foi chamado pela direita de ministro da "cota de Lula". Nada melhor para os propósitos ideológicos do colunista Azevedo do que "informar", invertendo o racismo da elite, dizendo à população que "racistas" são Lula e o PT. É como a crítica ao programa de cotas - estimularia o "racismo ao contrário", dos negros contra os brancos e criaria uma "elite privilegiada".

Essas figuras decidiram que a melhor defesa do sistema elitista, escondendo suas mazelas, é partir para o ataque. São os falsos rebeldes que desejam destruir os "mitos" da esquerda para impor seus próprios mitos, como a "captura das mentes" e a "infiltração".

O truque é simples, mas tem funcionado e se repete. Um outro articulista, Jabor, só se refere aos adversários como a "velha esquerda", como se ele fizesse parte da nova, a moderna e vanguardista. É bem conhecida a relação de Jabor com a "social-democracia" tucana. E sua luta para se tornar Ministro da Cultura numa pretendida volta dos tucanos ao poder. Há algo de mais velho na praça do que a social- democracia?

Uma característica dos neocons é a de se mostrarem os defensores da modernidade (capitalista, é claro). Ou como a encarnação da pós-modernidade. Todos falam do "atraso" da esquerda e de seu ultrapassamento. Mas as ideologias dos "novos conservadores", em alguns casos, lembram demais a Velha Direita de Joseph de Maistre, da Action Française e das falanges de Mussolini.

Autores um pouco mais sofisticados, como Luis Felipe Pondé, reproduzem aqui no Brasil as idéias do filósofo pessimista inglês John Gray, para quem não existe progresso real na história e a "natureza humana" predatória e violenta só se coaduna com regimes de "alta competição" - como se o capitalismo atual, de monopólios, fosse competitivo! Essa pequena teoria "hobbesiana", evidentemente distorcida, vale para tudo: o capital, o combate ao crime, etc. O paradoxo de Gray -- ele defende a modernidade, mas sustenta, ao mesmo tempo que ela não tem sentido, pois é a maior ilusão vinda do Iluminismo e da noção de progresso. Em seu livro "Straw Dogs (Cachorros de Palha): Thoughts on Human and other Animals", Gray diz que, de Platão à Cristandade, do Iluminismo a Nietzsche, a tradição ocidental tem sido baseada em crenças arrogantes e errôneas sobre os seres humanos e o seu lugar no mundo. Quer retirar o "privilégio" concedido por essa tradição ao homem em relação aos animais e à sua própria animalidade. Filosofias como o liberalismo e o marxismo pensariam a humanidade como uma espécie cujo destino é transcender seus limites naturais. Gray argumenta que essa crença na diferença humana é uma ilusão perigosa. Propõe investigar a vida do homem "da forma como ela se parece", uma vez que o "humanismo foi finalmente abandonado" ( pelo pós-modernismo). Ele pensa ter perturbado nossas mais profundas crenças, mas nada mais faz, na melhor das hipóteses, do que propor uma natureza humana ao modo do século XVIII ou, na pior das hipóteses, à maneira do ultra-conservadorismo pessimista do fascismo. Sua teoria quer-se moderna ou até pós, mas é mais antiga do que andar para a frente.

O filósofo Pondé importa até os cacoetes e ironias de autores como Gray. A frase mais espirituosa do brasileiro é também uma contradição em termos - "O Viagra fez mais pela humanidade do que 200 anos de marxismo". Ora, para quem vê o progresso como ilusão, cabe a pergunta - o Viagra não é progresso? Tecnológico, é verdade, mas progresso? Saibam que o Viagra é perfeitamente compatível com o marxismo e até com o liberalismo. A incompatibilidade só pode ser uma brincadeirinha de mau gosto do filósofo da PUC.

Pessimismo sempre foi uma marca registrada do conservadorismo. É regressivo. Seu corolário é a antiutopia e o conformismo. Mas essa turma tem prestígio e muitos ganham bem para cumprir a função que outrora Paul Nizan, escritor de esquerda vítima do fascismo, chamou de "cães de guarda" do sistema.

* Reinaldo Lobo é psicanalista e jornalista. Tem um blog -imaginarioradical.blogspot.com.

terça-feira, 11 de março de 2014

Ano quatorze. Um Brasil alvo de cobiças e sabotagens. A artilharia pesada será no campo da economia, estúpido! Sempre com a dedicada ajuda da grande mídia, que de quebra, seguirá sua toada de criminalização da politica - seu tema preferencial.

O ANO QUATORZE
Mauro Santayana - 11/03/2013

(Revista do Brasil) - Desde a criação do calendário, pelos sumérios, há quatro mil anos, o desenrolar dos acontecimentos deixou de depender exclusivamente do acaso, para incluir feriados e eventos religiosos e políticos que passaram a datar e servir de palco para a história.

O Brasil, neste décimo quarto ano do milênio, contará com dois grandes marcos desse tipo: a Copa do Mundo e as eleições de 2014.


Eles contribuirão para chamar ainda mais a atenção da população mundial para um país que já é importante, por si só, globalmente. Com todos os nossos problemas, e o complexo de vira-lata de amplos setores da sociedade brasileira, somos o quinto maior país em território e população, o segundo maior exportador de alimentos, a sétima economia e o terceiro maior credor individual externo dos Estados Unidos.

Tudo isso obriga não apenas a que o Brasil não possa ser ignorado, mas faz, também, com que nosso país seja cobiçado, e esteja sendo ferrenhamente disputado, nos mais variados aspectos da economia e da geopolítica, pelos principais blocos, nações e empresas do mundo.

O crescimento da dimensão política e econômica da Nação, nestes primeiros anos do século XXI, transformou o Brasil na bola da vez de uma permanente batalha, entre espoliação e independência, o modelo que prevaleceu nos últimos 200 anos - e outras visões de mundo, voltadas para a busca de caminhos alternativos para a construção do desenvolvimento econômico e social da humanidade.

As antigas potências coloniais e neocoloniais, que lutam para manter nosso país, ou amplos setores dele, sob sua influência, sabem que esse embate se dará, na economia, na política, na comunicação, e tem plena consciência do que esta em jogo, no Brasil, neste ano.

Na economia, e de se esperar, que elas reforcem, nos próximos meses - sempre com a dedicada ajuda da grande mídia - o discurso de esvaziamento da importância econômica do Mercosul; de valorização de mitos neoliberais como o da Aliança do Pacífico; de fragilidade dos fundamentos de nossa macro economia; da existência de um suposto protecionismo brasileiro, teoricamente responsável pela diminuição de nosso percentual de participação no comércio mundial - para o qual só haveria um remédio - estabelecer rapidamente acordos de livre comércio com os países mais ricos.

Essa é a estratégia que deverá ser aprofundada nos próximos meses. Pressionar o país permanentemente, apresentando cada eventual percalço como fruto de um suposto afastamento, no sentido econômico e político, do Brasil com relação aos países “ocidentais”.

Assim, enquanto a mídia - nacional e internacional – distrai determinadas parcelas da opinião publica, com alertas sobre a Argentina, Nicolás Maduro e a “bolivarianização” do Brasil e do Mercosul, os EUA e a Europa aproveitam para avançar sobre nosso mercado interno, aumentando, como fizeram em 2013, seus superávits em 50% e 1.000%, respectivamente, para 11,4 e 5,4 bilhões de dólares.

segunda-feira, 10 de março de 2014

A máquina de moldar opiniões está conseguindo transformar o "mensalão" no único caso de corrupção no Brasil. Todo o mal do país se concentra em alguns políticos já condenados. Todo o desvio de conduta se resolve com a concentração de cacetadas nos prisioneiros petistas. A mais implacável tentativa de linchamento, no que se tenta matar uma ninhada de coelhos de uma só cajadada.

Orquestrações explosivas
Pedro Porfírio - Blog do Porfírio - 06/03/2014

Máquina de moldar opiniões faz crê que todo o mal do país se concentra em alguns políticos já condenados

Estou começando a admitir (e a deplorar) que a inescrupulosa máquina de moldar opiniões está conseguindo transformar o que Roberto Jefferson alcunhou de "mensalão" no único caso de corrupção no Brasil. Sinceramente, estou pasmo com o confinamento mental de muitas pessoas, para as quais todo o desvio de conduta se resolve com a concentração de cacetadas nos prisioneiros petistas, como se isso solucionasse todos os problemas, todas as amarguras e todas as frustrações de um monte de gente, como se o ideal mesmo fosse aplicar castigos medievais abrangentes, alcançando, se possível, seus parceiros não condenados e as futuras gerações.  

Não sei se estou me fazendo entender, mas o que minha percepção alcança nisso tudo é a mais implacável tentativa de linchamento, no que se tenta matar uma ninhada de coelhos de uma só cajadada.

Digo isso até mesmo por e-mails de algumas pessoas sérias, honestas, bem intencionadas, no entanto, prenhes de sentimentos inquisitoriais, mais partidários do que políticos, mais políticos do que jurídicos, mais emocionais do que racionais, que acham pouco a sova penal aplicada, sobretudo, aos protagonistas do PT.  Essas pessoas sequer admitem a solidariedade para o pagamento das multas, sonhando que, assim, os condenados tenham de cumprir trabalhos forçados pelo resto da vida para quitar a dívida arbitrada.
Ao ver de uma psicanálise de massas pode-se achar nessa lenha ardente a genealogia composta da não resolvida derrota recente nas urnas, da nostalgia do obscurantismo em fase de decomposição, e da frustração de sonhos burlados pela sujeição oportunista e capitulacionista a um jogo de poder criminoso.
Diriam os especialistas - não é o meu caso - que estamos diante de uma tragédia que brande peias compensatórias. Em suas cenas mais pungentes, a racionalidade jurídica sucumbe ao tropel da ira e juízes de togas desbotadas não se pejam em buscar a empatia grotesca que, na pior das hipóteses, lhes oferece bons olhares para desmandos passados, presentes e futuros.

Tudo o que a máquina de moldar opiniões quer, concentrando o alvo,  é lançar um feirão de maracutaias ao esquecimento.

sábado, 8 de março de 2014

As dez notícias que infelizmente não serão vistas neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher

As 10 notícias que ainda não veremos no Dia da Mulher

As dez notícias que infelizmente não serão vistas neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher

Por Leonardo Sakamoto - Via Pragmatismo Político - 08/03/2013
Quando liguei a TV, nesta manhã de 8 de março, me deparei com colegas de profissão cumprindo suas pautas sobre o Dia Internacional da Mulher. Deu aquele desgosto ver uma importante data de reflexão e de luta novamente reduzida à distribuição de flores, promoções em salões de beleza, presentes na forma de jóias e vestidos e até equipamentos de limpeza do lar. Como se isso fosse o fundamental para garantir a dignidade das mulheres.
Por conta disso, elenquei, abaixo, algumas coisas que gostaria de ver noticiadas nesta data. Creio que, em algum momento, isso vai ser verdade. Depende de nós para mostrar quando. E a que custo:
1) O currículo escolar será aprimorado para que, nas aulas de língua portuguesa, os meninos e rapazes possam compreender o real, objetivo, profundo e simples significado da palavra “não”.
2) As frases “Onde você acha que vai vestida assim?”, “A culpa não é minha, olha como você tá vestida!”, “Se saiu de casa assim, é porque está pedindo” a partir de agora serão banidas da boca de maridos, pais, irmãos, filhos, netos, namorados, amigos e outros barbados.
3) Está terminantemente proibido empregar apenas atrizes em comerciais de detergentes, desinfetantes, saches de privada, sabão em pó, rodos, vassouras, esponjas de aço, palhas de aço, aspiradores de pó, cera para chão e afins. A associação direta de mulheres e produtos de limpeza em comerciais de TV está extinta.
4) Empresas estão proibidas de distribuir flores no dia de hoje como prova de seu afeto às mulheres. Em vez disso, implantarão políticas para: 1) impedir que elas ganhem menos pela mesma função; 2) não sejam preteridas em promoções para cargos de chefia pelo fato de serem mulheres; 3) não precisem temer que a maternidade roube seu direito a ter uma carreira profissional; 4) seja punido com demissão o assédio de gênero como crime à dignidade de suas funcionárias.
5) Cuidar da casa e criar os filhos passa a ser visto também como coisa de homem. E prazer e orgasmo também são coisa de mulher.
6) Os editoriais dos veículos de comunicação não serão escritos por equipes eminentemente masculinas. Da mesma forma, as agências se comprometem a derrubar a hegemonia XY em suas equipes de criação, contribuindo para diminuir o machismo na publicidade.
7) O direito da mulher a ter autonomia sobre o próprio corpo e o direito de interromper uma gravidez indesejada não precisarão ser questionados. Nem devem requerer explicação.
8) Os partidos políticos não apenas garantirão cotas para a participação das mulheres nas eleições, mas investirão pesado em suas candidaturas a fim de contribuir para que os parlamentos representem, realmente, a sociedade brasileira. Da mesma forma, nomear mulheres como secretárias de governo, ministras e em cargos de confiança, na mesma proporção que homens, será ato corriqueiro.
9) Homens entenderão que “um tapinha não dói” é uma idiotice sem tamanho.
10) Por fim, feminismo será considerado sim assunto de homem. E meninos e rapazes, mas também meninas e moças, deverão ser devidamente educados desde cedo para que não sejam os monstrinhos formados em ambientes que fomentam o machismo, como a família, colégios e universidades.
Em tempo: aproveito para agradecer novamente às mulheres que passaram pela minha vida e foram fundamentais para que fosse um homem menos idiota

quinta-feira, 6 de março de 2014

A sonegação financia a corrupção. Mensalões, propinodutos, caixas dois... Não há nada no mundo da corrupção que funcione sem dinheiro. Principalmente, sem o dinheiro da sonegação fiscal.

A sonegação financia a corrupção
Do site QUANTO CUSTO O BRASIL 05/03/2014 

Mensalões, propinodutos, caixas dois... Não há nada no mundo da corrupção que funcione sem dinheiro. Principalmente, sem o dinheiro da sonegação fiscal.

Desde que instituiu a Campanha Nacional da Justiça Fiscal, em 2009, o SINPROFAZ – Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional tem criticado fortemente o modelo tributário adotado pelo Brasil e denunciado a fragilidade dos mecanismos de combate à sonegação.


Por este viés, e com base em estudo que aponta para uma sangria dos cofres públicos superior a 415 bilhões em 2013(¹), o SINPROFAZ alerta para a existência de uma minoria que vive muito bem ao abrigo do caos tributário e fiscal que se perpetua na terra do gigante adormecido.

E não estamos falando aqui de sacoleiros que arriscam todas as suas economias atravessando a fronteira do Paraguai ou de camelôs com seus CDs piratas, mas de gente muito poderosa que comanda uma economia subterrânea avaliada em 10% do PIB nacional. É essa minoria endinheirada e muito bem organizada que financia caixa dois de campanhas políticas, mensalões e todo tipo de ilegalidade. São criminosos travestidos de empresários, políticos corruptos, pseudoreligiosos e bandidos infiltrados na gestão pública.

Um dos principais meios de enfrentamento a essa elite de sonegadores são as cobranças judiciais executadas pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, órgão de Estado, não de governo, composto por advogados públicos concursados, especializados na defesa do patrimônio do povo brasileiro. No entanto, são pouco mais de dois mil Procuradores da Fazenda Nacional (PFNs) para atender milhares de processos por todo o país. Não bastasse a defasagem de quadros, os PFNs são obrigados a trabalhar em estruturas sucateadas, beirando a inoperância, e sem carreiras de apoio.

Minucioso estudo realizado por Marco Antônio Gadelha, Procurador da Fazenda Nacional lotado na Paraíba, revelou em 2011 que, para cada real investido pela União na PGFN, havia um retorno de 34 reais aos cofres públicos. Segundo esse autor, “de acordo com dados da PGFN e da Secretaria do Tesouro Nacional, o benefício econômico total da União com a atuação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, apenas nos anos de 2005 a 2010, suplanta a espantosa cifra de R$ 739 bilhões.”(²)

Frente ao escabroso paradoxo da sangria anual de R$ 415 bilhões sonegados e da situação de abandono da PGFN, cabe fazer aqui um ingênuo questionamento: É conveniente para o governo manter esse status quo?

5 questões que desafiam a grande imprensa comercial do copo meio vazio. Numa lista de 13 grandes economias, incluindo China e Estados Unidos, o Brasil apresentou o terceiro maior crescimento. Mas, para a velha turma do quanto pior melhor, nem se o crescimento fosse superior a 13% seria considerado razoável.

5 questões que desafiam a grande imprensa
A imprensa comercial joga contra o Brasil. No time da oposição, é a camisa 9 da propaganda anti-governo, se posicionando na grande área para as eleições

Daniel Quoist - Carta Maior - 05/03/2014

1. O PIB do Brasil cresceu 2,3% em 2013. Numa lista de 13 grandes economias, incluindo China e Estados Unidos, o Brasil apresentou o terceiro maior crescimento. Esse crescimento é ruim para o país? Para o país não, mas para a oposição além de medíocre, é sofrível! É como se os bicos dos tucanos tivessem rachado ao colidir com a parede da realidade mundial. Qualquer país adoraria conviver com a mediocridade de um crescimento de sofríveis 2,3% em seu PIB. Mas, para a velha turma do quanto pior melhor, nem se o crescimento fosse superior a 13% seria considerado razoável.
LINK: Em 2013 PIB cresce 2,3% e totaliza R$ 4,84 trilhões
2. Qualquer militante oposicionista pode infernizar a vida dos petistas presos na Papuda? Pode e é simples: basta um jornal qualquer publicar que José Dirceu se comunicou com alguém usando um celular e então ou o ministro Joaquim Barbosa ou seu preposto, o delegado da Vara de Execuções Penais, Bruno Ribeiro, o mantém em regime fechado e adia até não mais poder o prazo para decidir sobre seu pedido para trabalhar fora do presídio. Se um site instrumentalizado pela oposição difundir com algum sucesso a notícia de que Delúblio Soares ofereceu uma feijoada na Papuda, tal versão já será mais que suficiente para trazê-lo de volta ao regime fechado. Mais um pouco e o estagiário de uma revista dirá que José Genoíno começou uma briga ao estilo “Velozes e Furiosos” no pátio de sua casa. Resultado: em meia hora estará amargando o regime fechado no pátio da Papuda.
LINK: Petistas enfrentam Globo e Band durante protesto contra prisão de Dirceu e Genoino
3.  Qual a reação do colunismo político sobre os rompantes, diatribes e chiliques de Joaquim Barbosa ao vivo e a cores na TV Justiça quando insiste em mostrar indisfarçável repulsa ao voto proferido por Luiz Roberto Barroso? Consideram politicamente muito pertinente e juridicamente muito natural. Recebe até conselhos para se aposentar antecipadamente e se candidatar nas eleições de 2014. Os motivos oferecidos à guisa de conselhos ao irritadiço ministro estão a um passo da infâmia: porque amargar uma derrota no STF e se “submeter” à presidência de Ricardo Lewandowski dentro de mais alguns meses? O ministro faz intervenções abruptas e histriônicas sempre de olho no relógio da Corte – há que estar sincronizado com o início do Jornal da Nacional da Globo. Não lhe parece natural que a bancada do JN deixe de mencionar seu nome e de lhe reforçar a aura de justiceiro solitário sempre que é feita a escalada das matérias.
LINK: Joaquim Barbosa é eleito Messias no 1º turno
4. Porque um jornal espanhol – o influente El País – afirma em sua capa que é praticamente unânime a avaliação de que a Petrobras é um sucesso no longo prazo e que a petrolífera brasileira será capaz de reduzir o endividamento este ano seguindo seu plano estratégico e, ao mesmo tempo, notícia como essa nem mesmo chega a ser considerada como nota de rodapé em qualquer dos tradicionais jornais brasileiros? Nossa imprensa tradicional só repercute no Brasil matéria publicada no exterior que diminua o prestígio do Brasil, ataque suas instituições econômicas a começar pela insistência na demissão do ministro Mantega ou que espinafre a organização da Copa 2014 e preveja a falência da Petrobras. Em síntese, repercussão apenas para o Brasil que não pode de modo algum dar certo. Porque o que dá certo levanta a bola do governo e levantando essa bola, mais água cairá no moinho da reeleição da presidenta Dilma. O risco para a grande imprensa é que o PT seja vitorioso e dessa vez... em primeiríssimo turno.
LINK: Sucesso exploratório no pré-sal é de 100% em 2013
5. Luiz Roberto Barroso tem feito os mais brilhantes e bem fundamentados votos que um ministro do STF tenha proferido nos últimos anos sobre a AP-470, o dito mensalão, muito bem, porque então não recebe qualquer aplauso da grande imprensa? Porque o que interessa é manter o STF em seu viés máximo de partidarismo político, atuando como partido político de forma escancarada, transformando seu presidente Joaquim Barbosa em candidato à presidência da República e no único capaz de levar as eleições de outubro próximo para um hipotético segundo turno. Barroso é jurista, é professor de direito, é reconhecido nos meios jurídicos por um refinamento intelectual que destoa profundamente dos demais integrantes da Corte. Porque ao se posicionar sobre quaisquer temas jurídicos, Barroso tem mais é que ser escanteado para o banco de reservas. Sua postura, altivez e independência o tornam impossível de ser patrulhado e menos ainda de ser “colonizado” pela grande imprensa.

LINK: STF: Barroso é contra "tribunal de exceção"


Jornal "O Globo", em novo editorial - “Desindexação urgente” - 04/03/14, volta a criticar a política de aumentos automáticos para o Salário Mínimo.

Em 12/01/14 foi com o editorial "Os malefícios da indexação do salário mínimo".

Nesta quarta-feira de cinzas o jornal ouviu "especialistas": No alvo, o salário mínimo - Jornal O Globo - Regra atual para reajustes acaba em 2015 e sua prorrogação já divide economistas


O Globo prega arrocho dos salários
Por Altamiro Borges - 06/03/2014

Em pleno Carnaval, nesta terça-feira (4), o jornal O Globo publicou um editorial que mereceria a dura repulsa do sindicalismo brasileiro. Sem meias palavras, o diário patronal prega abertamente a volta política de arrocho praticada durante o triste reinado de FHC. Com o título “Desindexação urgente”, ele critica o acordo firmado entre o ex-presidente Lula e as centrais sindicais de valorização do salário mínimo e afirma, na maior caradura, que esta política pode resultar na explosão da inflação no país. E o velho fantasma inflacionário usado para atacar o rendimento dos trabalhadores, garantir os lucros exorbitantes dos empresários, facilitar o rentismo dos especuladores financeiros e – de quebra – ajudar o discurso oposicionista contra o governo Dilma Rousseff.

Segundo o jornal, a atual política de valorização do salário mínimo – que garante a reposição da inflação, mais ganho real equivalente à variação do PIB de dois anos antes – foi “fixada por decreto presidencial” e “é passível de injunções políticas”. Duas mentiras descaradas. Esta política foi fruto de um acordo com as centrais sindicais, que representam muito mais a sociedade do que a bilionária famiglia Marinho, e tem regras bem definidas, sem qualquer risco de “injunções políticas”. Com base nestas mentiras, O Globo até reconhece que a atual política “assegurou ganhos expressivos tanto para trabalhadores como para a grande maioria de aposentados e pensionistas da previdência social” e “tem impacto ainda sobre os salários que estão ligeiramente acima do piso”.

terça-feira, 4 de março de 2014

Charge. DON´T TRUST THE PRESSTITUTE$!

"Presstitute" segundo o  Wiktionary:
- Mistura de "press" (imprensa) e "prostitute" (prostituta)
- Dos meios de comunicação ou jornalistas que enganosamente "costuram" notícias para atender a uma agenda partidária particular, financeira ou comercial.
- Uma pessoa ou grupo de mídia relatando notícias de uma maneira tendenciosa.

Charge de autoria de Anthony Freda

domingo, 2 de março de 2014

Jornalismo econômico. PIB cresce 2,3% em 2013. A manipulação e malabarismo da grande mídia ao ver desmentidas pelos números suas próprias adivinhações. A imprensa usa o contorcionismo das metáforas para dizer que, agora, as expectativas catastrofistas não têm sentido. Ora, mas quem foi que criou essas expectativas, se não a própria imprensa, ao dar abrigo e destaque para as piores previsões disponíveis?

O inexorável peso dos fatos
Por Luciano Martins Costa - Observatório da Imprensa - 28/02/2014

É manchete nos principais jornais de sexta-feira (28/2) o resultado da economia brasileira no ano de 2013. O tom de espanto domina os títulos das reportagens e das análises dos economistas credenciados pela imprensa. O Produto Interno Bruto cresceu 2,3%, contrariando o canto fúnebre entoado incessantemente pela mídia tradicional até o dia anterior. O discurso muda subitamente: agora, diz-se que “uma surpresa favorável estancou a piora das expectativas”.

"SPIDER PIG" - Imagem WEB
As edições da véspera de carnaval devem ser guardadas pelos analistas da comunicação jornalística como um caso a ser estudado em futuras pesquisas. Trata-se da mais deslavada demonstração de irresponsabilidade, para não dizer manipulação criminosa, no exercício dessa que já foi considerada uma atividade luminar da vida moderna.

Ao ver desmentidas pelos números suas próprias adivinhações, a imprensa usa o contorcionismo das metáforas para dizer que, agora, as expectativas catastrofistas não têm sentido. Ora, mas quem foi que criou essas expectativas, se não a própria imprensa, ao dar abrigo e destaque para as piores previsões disponíveis?

Com exceção de uma minoria de especialistas, que passaram as últimas semanas fazendo penosos malabarismos verbais para não cair na corrente do apocalipse, o conteúdo dos jornais tem induzido os operadores da economia a um estado mental depressivo, que afeta principalmente o setor industrial, mais suscetível ao clima de pessimismo. Alguns textos acusam o governo atual de haver insuflado no mercado um otimismo exagerado, há três anos, ao projetar taxas de crescimento anuais em torno de 4%.

Acontece que, desde então, a imprensa tem trabalhado no sentido contrário, produzindo um clima que induz a estratégias cautelosas por parte dos investidores. Ainda assim, note-se, o nível de investimento cresceu 6,3% em 2013, a maior alta desde 2010. O gráfico apresentado pelo Estado de S. Paulo anota, timidamente, que os investimentos devem crescer mais em 2014, impulsionados pelas obras da Copa do Mundo.

Manipulação e malabarismo