quarta-feira, 27 de abril de 2016

Bob Fernandes: "O que dizem os "especialistas", arautos da moralidade, quando veem Romero Jucá, Padilha, Geddel, Kassab, Moreira Franco, Ricardo Barros... nas listas de ministeriáveis?"

O "ministério" de Temer, a Lava Jato, a corrupção e o faz de conta


Por Bob Fernandes - Facebook - 27/04/2016


A divulgação de listas de ministeriáveis de Temer tem seus objetivos e motivações.

Por um lado, é procedimento habitual. Candidatos ao poder futuro vão se fortalecendo, ou se queimando, a cada rodada de divulgação.

Mas no caso há outro objetivo e clara motivação: a repetição do noticiário sobre o futuro vai concretizando como já passado, como "já era" o mandato da presidente Dilma.

Dentro e fora do país foi e é enorme o estrago provocado pela "Operação impeachment". Inclusive para Temer. Portanto, é preciso mudar de assunto.

Buscando apagar digitais nessa história, o moralismo de ocasião, e seus "especialistas", "descobrirão" que Eduardo Cunha sempre foi, é e será um... Eduardo Cunha.

Por isso é que agora, enfim, Eduardo Cunha corre riscos.

Como se o PMDB que chega ao poder, e Cunha, não fossem grandes acionistas, sócios em escândalos de corrupção do PT e demais partidos.

O que dizem os "especialistas", arautos da moralidade, quando veem Romero Jucá, Padilha, Geddel, Kassab, Moreira Franco, Ricardo Barros... nas listas de ministeriáveis?

Ou quando ouvem Paulinho da Força e Agripino Maia, já reus no Supremo, pontificando sobre corrupção petista e futuro governo?

No máximo lembrarão que vários deles foram do governo, ou apoiaram governos de Dilma, Lula e Fernando Henrique.

Mas o impeachment, tudo isso não era contra corrupção até apenas 10 dias atrás?

Revoltados, on line ou nas "ruas", movimentos que se diziam contra a corrupção o que têm a dizer agora sobre a lista de ministeriáveis e o Temer?

O que têm a dizer as manchetes sobre o prontuário, a capivara de tantos dos que "pelo futuro do Brasil" têm ido a Temer em romaria?

Por que o silêncio sobre isso e esses? Por que o faz de conta que tantos desses não estão atolados na Lava Jato, ou em outros escândalos?

Em meio à crise avassaladora, aos sacrifícios que serão inevitavelmente impostos, imaginam que esse faz de conta resistirá até quando?

sábado, 23 de abril de 2016

25 dias depois, Le Monde lamenta seu editorial sobre o "golpe" no Brasil de 2016. O Globo levou 49 anos para reconhecer que seu apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro.

Le Monde admite ter ignorado parcialidade da mídia brasileira

RFI - As Vozes do Mundo - 23/04/2016

Na edição antecipada de domingo (24), o mediador entre os leitores e a redação do vespertino francês Le Monde, Franck Nouchi, faz a seguinte pergunta: "Le Monde foi parcial na cobertura da crise politica brasileira?"


O questionamento foi feito depois do jornal ter recebido dezenas de cartas de brasileiros e franceses vivendo na França e no Brasil. O jornal cita a carta, que elogia como muito bem argumentada, de quatro brasileiras residentes em Paris," movidas pela consciência do impacto que o Monde tem sobre a opinião pública ". Na carta, elas perguntam porque Le Monde escolheu a parcialidade para abordar a crise politica brasileira ao invés de indagar, abordar novos ângulos... e não seguir o coro uníssono da grande mídia brasileira.

Na mesma linha, Le Monde também levou em consideração o correio de um outro grupo de ex-exilados políticos brasileiros da França e da Bélgica, que interrogam porque não foram feitas reportagens mais balanceadas com personalidades de destaque como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros nomes, sobre suas razões para se posicionarem com tanta firmeza pela democracia. Na contramão, é citado somente um leitor que elogia diversos artigos e o mediador defende as coberturas de algumas matérias.

Parcialidade das mídias brasileiras é reconhecida


No entanto, reconhece e lamenta que o editorial de 31 de março, intitulado"Brésil: ceci n'est pas un coup d'Etat" (Brasil: isto não é um golpe de Estado, em tradução livre), não tenha sido equilibrado, em especial por ter omitido que os apoiadores do impeachment são acusados de corrupção, a começar por Eduardo Cunha, presidente da Câmara, assim como por não ter abordado suficientemente a parcialidade das mídias nacionais. Nesse contexto, o mediador lembra um dossiê completo publicado em janeiro de 2013 pela ONG Repórteres sem Fronteiras, que chamava o Brasil de "o país dos trinta Berlusconi"*, lembrando que os dez principais grupos econômicos, familiares, dividem o mercado da comunicação de massa.

Finalizando, o jornal admite que o ideal teria sido enviar um jornalista de Paris para apoiar sua correspondente em São Paulo, Claire Gatinois, para relatar com mais profundidade as fraturas sociais da população, reveladas durante esta crise.

* referência ao ex-premiê italiano Silvio Berlusconi, dono de um império midiático na Itália.

A doença infantil do antipetismo criou, no Brasil, a figura do fascista de restaurante.

GASTROFASCISMO

Por Leandro Fortes - Via Facebook - 23/04/2016

A doença infantil do antipetismo criou, no Brasil, a figura do fascista de restaurante.

É o sujeito ou grupo de sujeitos que vai ao restaurante insultar pessoas que pensam de forma diferente ou tem outra opção política-ideológica à dele.

São, quase sempre, idiotas funcionais que foram ativados pela mídia, como naquelas experiências com espiões hipnotizados atribuídas a americanos e soviéticos, durante a Guerra Fria.

O sujeito sai de casa com a esposa, vai almoçar ou jantar num restaurante qualquer e, de repente, ele vê...um petista!

Não um petista qualquer, aquele vizinho inconveniente que não bate panelas, que chama ele de coxinha pela varanda, que coloca ‪#‎Lula2018‬ como nome de rede de internet, por pura sacanagem.

Um petista MESMO: uma deputada que defende direitos humanos, um senador que apoia o MST, uma celebridade que detona Bolsonaro nas redes sociais.

Aí, o fascista de restaurante, simplesmente, esquece a mulher, os filhos, a comida, o próprio sentido de sair de casa para ir comer fora, e parte para cima do petista. Mesmo que o alvo não seja petista, mas apenas esquerdista, o que é, claro, a mesma coisa.

Basta ter dito por aí que o impeachment de Dilma é golpe.

Ele parte para cima, ativado no modo Globo News, uma metralhadora de clichês roubados dos debates radiofônicos da CBN, uma Veja desgovernada babando ódio e ressentimento de classe.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

A grande mídia brasileira ignora a reação da mídia estrangeira à votação do impeachment, que foi tratado com perplexidade, deboche e desprezo

Olhar crítico e ácido da mídia estrangeira sobre o impeachment e seus atores

Bob Fernandes - Facebook - 20/04/2016


Quando presidente do Supremo Tribunal, Joaquim Barbosa foi duríssimo nas condenações do "Mensalão". Muitos militantes do PT o têm como carrasco.

Nesta terça, no Twitter, Joaquim Barbosa recomendou: "Excelente entrevista do jornalista Glenn Greenwald a Christiane Amanpour, da CNN".

Em 2013, com documentos fornecidos por Edward Snowden, Glenn começou a detonar espionagem global feita pelos Estados Unidos.

Glenn ganhou o Pulitzer, maior prêmio do jornalismo norte-americano. Amanpour é célebre por cobrir conflitos em todo mundo.

Goste-se dele ou não, fato é que Glenn, hoje correspondente no Rio, tem sido entrevistado por mídias do mundo afora. Ele aponta a corrupção do PT, mas também diz:

-Todos partidos de centro e direita estão envolvidos com corrupção. (...) Grupos ricos e poderosos odeiam Lula, Dilma e o PT, e não conseguiram derrotá-los nas urnas...

...E "por isso", diz Glenn, "usam mídias poderosas que pertencem a famílias extremamente ricas".

Os mais influentes jornais, revistas e telejornais do mundo têm noticiado e opinado sobre Brasil.

A votação do impeachment, tratada com perplexidade, deboche e desprezo. São apontadas igualmente corrupção no governo e corrupção na oposição.

Enquanto abordam o desastre econômico e corrupção, ressaltam que Dilma "não enriqueceu". E batem na ladroagem dos opositores que a julgam.

No New York Times já se disse: "Honesta, Dilma pode ser afastada por criminosos". Na Der Spiegel, revista alemã: "A insurreição dos hipócritas".

O Irish Times, irlandês: "Brasil escala palhaços para o impeachment". No inglês Guardian: "Câmara hostil e manchada pela corrupção". Muitos mais disseram muito mais.

Nas mudanças de regras e erros de Dilma na economia, a mídia do mundo a criticava. E aqui as críticas era registradas.

Agora, mundo afora Mídias tem criticado a falta de legitimidade dos que querem o Poder. E o que tratam como ameaças "à jovem democracia do Brasil".

Ontem à noite Dilma decidiu ir à ONU amanhã, 21, para assinar os Acordos de Paris.

A conferir se em Nova York Dilma denunciará o que aqui ela tem chamado de "golpe".

O "PIG" brasileiro quer manipular a imprensa estrangeira e convencê-los que o golpe não é golpe.

The coup is on the table: a patrulha de jornalistas brasileiros sobre correspondentes internacionais. 

Pedro Zambarda de Araujo - Diário do Centro do Mundo - 20/04/2015

Uma blogueira de um grande jornal de São Paulo foi uma das pessoas que comentou sobre a patrulha com correspondentes internacionais: “reparei que o editor-chefe da [revista] Época tem tuitado sobre o impeachment em inglês. São mesmo vários tuites. Alguém sabe do que se trata?”.

Ela comentava sobre Diego Escosteguy, que tenta vender seu peixe em inglês desde março deste ano. “Dilma e seu grupo estão acusando políticos brasileiros, juízes, promotores e jornalistas estarem armando um golpe. Isso é mentira”, escreveu.

Desespero de causa diante da ampla condenação do golpe no exterior? Sim. E ele não está sozinho nisso.

Escosteguy, Caio Blinder e Eliane Cantanhêde estão na linha de frente do exército que quer emplacar sua versão do impeachment na imprensa internacional. Glenn Greenwald tem sido a vítima predileta desse pessoal.

Entre outras matérias sobre o golpe, seu site Intercept falou de uma viagem do senador tucano Aloysio Nunes até Washington depois da votação do impeachment para tentar reverter a opinião internacional. Greenwald também foi até o programa de Christiane Amanpour da CNN.

“A arenga CNN do Greenwald continua, pontificando sobre plutocracia no golpe contra Dilma. Ele está indignado com as coisas e eu com ele”, disse Blinder. “Mais um dos meus jornais favoritos me decepciona. Em editorial, El País diz que impeachment não resolve nada”.

Os correspondentes internacionais acabaram reagindo. Jan Piotrowski, da revista Economist, escreveu: “Já fui acusado de ser desde paraquedista até papagaio da agenda neoliberal de Londres”.

Mauricio Savarese, brasileiro que trabalha para a Associated Press (AP) no Rio de Janeiro, respondeu: “A nova onda agora é afirmar que correspondentes internacionais não entendem sobre Brasília porque eles estão de férias no Rio de Janeiro”.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Em pronunciamento à Nação Dilma carimba a testa dos golpistas com a palavra GOLPE

Dilma em pronunciamento: "a palavra golpe estará para sempre gravada na testa dos traidores da democracia."

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Transcrição por Dilma Bolada

PRONUNCIAMENTO À NAÇÃO: NÃO VAI TER GOLPE!

“O que está em jogo na votação do impeachment não é apenas o meu mandato, que pretendo defender e honrar até o último dia, conforme estabelecido na Constituição. O que está em jogo é o respeito à vontade soberana do povo brasileiro: o respeito às urnas
[...]

Não há razão para o pedido de impeachment contra mim. Acusam-me sem nenhuma base legal. Não cometi crime de responsabilidade. Não há contra mim qualquer denúncia de corrupção ou desvio de dinheiro público. Jamais impedi investigação contra quem quer que fosse. Meu nome não está em nenhuma lista de propina. Tampouco sou suspeita de qualquer delito contra o bem comum.
[...]

Vejam quem está liderando este processo e o que propõe para o futuro do Brasil. Os golpistas já disseram que se conseguirem usurpar o poder, será necessário impor sacrifícios à população brasileira. Com que legitimidade? Querem revogar direitos e cortar programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Ameaçam até a educação pública. Querem abrir mão da soberania nacional, mudar o regime de partilha e entregar os recursos do pré-sal às multinacionais estrangeiras.
[...]

Brasileiras e brasileiros, dirijo-me a vocês para que continuem defendendo a legalidade democrática. Continuem se mobilizando no trabalho, nas escolas, nas ruas e nas redes sociais. Não se trata de concordar ou não com o governo, mas de combater um golpe de estado, uma violação constitucional que poderá mergulhar o Brasil em um doloroso processo de instabilidade e segurança. Nenhum governo será legítimo se não nascer do voto popular, livre, direto, universal e secreto. Fora do voto popular, qualquer governo será sempre a tirania. A tirania dos mais fortes, dos mais espertos, dos mais ricos, dos mais corruptos.
[...]

Faço uma advertência aos que veem no processo de impeachment um atalho para o poder. Podem justificar a si mesmos, mas não poderão jamais olhar nos olhos da nação porque a palavra golpe estará para sempre gravada na testa dos traidores da democracia.
[...]

A história registrará a voz dos que não se omitiram nesse grave momento.
Brasileiros e brasileiras, nosso país tem todas as condições de sair da crise. De retomar o crescimento econômico com emprego, estabilidade, distribuição de renda e oportunidades para todos.
Juntos, haveremos de reencontrar a paz necessária para retomar o rumo das mudanças. Mas somente o respeito à ordem democrática pode assegurar a reunificação nacional.
Nós, cidadão e cidadãs do Brasil, pessoas anônimas e famosas, trabalhadores da cidade e do campo, empresários, intelectuais, parlamentares, líderes políticos e sociais, cidadão de todas as profissões e idades, homens e mulheres de todas as raças e credos, todos nós cidadãos e cidadãs deste país somos os guardiões dos valores que fazem do Brasil esta grande nação.
Por isso, eu tenho certeza que a democracia brasileira sairá vitoriosa.
Viva o Brasil. Viva a democracia!”


Fonte da transcriação:
https://www.facebook.com/DilmaBolada/videos/829331653872160/

domingo, 3 de abril de 2016

O Pato de troia neoliberal. “Ponte para o futuro”, programa do PMDB, é a prova cabal de que o golpe é somente o caminho para o aprofundamento do neoliberalismo.

Golpe é 'cavalo de tróia' para a implantação definitiva do neoliberalismo

Segundo Eduardo Fagnani, a sociedade brasileira não é mais aquela de 1954 ou 1964: se tiver impeachment, não haverá trégua, vai ter luta!

Najla Passos - Carta Maior - 01/04/2016 



O golpe é o cavalo de tróia para a implantação definitiva do projeto neoliberal no Brasil. O alerta é do professor de Economia da Unicamp, Eduardo Fagnani, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) e membro fundador do Fórum 21, que representou a entidade no encontro dos artistas e intelectuais pela democracia com a presidenta Dilma Rousseff, nesta quinta (31), no Palácio do Planalto.

Para ele, o golpe não é um fim em si mesmo, mas sim a mais nova estratégia adotada pelo capital para viabilizar seu antigo propósito de meter as mãos nos recursos públicos protegidos pela Constituição de 1988. “Eles querem implantar aquelas mesmas medidas que não conseguiram na década de 1990, durante o governo FHC, e também nos três primeiros anos do governo Lula, quando o então ministro Antônio Palocci comandava uma equipe econômica vinculada ao mercado financeiro”, afirma.

O professor avalia que as elites brasileiras não acompanharam os avanços registrados pela sociedade desde 1960. Conforme ele, essas elites ainda adotam as mesmas práticas predatórias do passado e não conseguem conviver com antagonismos. “Como em 1964, elas querem a derrubada do regime democrático. Elas não conseguem conviver com o estado democrático e, por isso, partem para sua destruição e dissolução, o que ocorre através do golpe, ilegal e ilegítimo”, acusa.
A trama do golpe

De acordo com ele, a trama do golpe começou a ser tecida após os protestos de 2013. “Os oposicionistas foram eficazes em 'federalizar' a insatisfação popular contra a falência do sistema de representação política herdado do pacto conservador da transição democrática e as crônicas deficiências na oferta de serviços sociais, cuja responsabilidade não é só do governo federal, mas é compartilhada também por estados e municípios”, explica.

Nesse contexto, ele situa o terrorismo econômico praticado em 2014, com o objetivo de enfraquecer a candidatura da presidenta Dilma à reeleição. “O Brasil não apresentava, sob nenhum aspecto considerado, um cenário de crise terminal como foi difundido”, atesta. Com a posse de Dilma, apesar de todas as manobras, ele afirma que os golpistas decidiram sangrar o governo eleito com ações desestabilizadoras diversas, que vão do pedido de recontagem dos votos ao pedido de impeachment.

O caos após o golpe

Prova cabal de que o golpe é somente o caminho para o aprofundamento do neoliberalismo, segundo Fagnani, é o documento “Ponte para o futuro”, lançado pela banda golpista do PMDB como alternativa de projeto para o país, mas que serve mesmo, na prática, como o cartão de apresentação da campanha “Temer presidente".

“Aquele documento propõe a economia austera levada ao limite, além do desmonte de todas as políticas de proteção social que o país construiu. Vai da terceirização da mão-de-ora, com o corte dos direitos trabalhistas, ao desmonte do sistema de previdência, da privatização das estatais e do petróleo à desvinculação de todas as receitas públicas, incluindo aí as da saúde e da educação”, esclarece.

Para o professor, portanto, está explícito que, com o golpe, virá também uma política econômica ainda mais ortodoxa, acrescida de um amplo corte de direitos dos trabalhadores, com o objetivo de garantir um alto superávit primário - aquela poupança que o governo faz para priorizar o pagamento dos juros da dívida ao sistema financeiro.

“Num cenário de democracia fraturada, o aprofundamento de políticas econômicas de austeridade requer a radical supressão de direitos sociais e trabalhistas. Neste caso, o foco é acabar com a cidadania social conquistada com a Constituição de 1988, marco do processo civilizatório brasileiro”, sintetiza.

Se houver golpe, vai ter luta!

O professor ressalta que, se as elites tupiniquins ainda pensam como em meados do século passado, a sociedade mudou muito. E para melhor. “As elites financeiras, políticas e midiática erram ao acreditar que a sociedade brasileira no século 21 é a mesma do século passado. Ledo engano. Não somos mais o país agrário com uma sociedade politicamente desorganizada”, ressalta.

Segundo ele, os diversos movimentos sociais surgidos e consolidados nos últimos 30 anos terão muito mais condições de reagir a uma possível ruptura democrática do que teve a sociedade em quando Getúlio Vargas foi levado ao suicídio, e mesmo em 1964, quando um outro golpe instaurou a ditadura militar. “Se houver golpe, haverá luta”, sustenta.

Fagnani, portanto, refuta a tese sustentada pelos golpistas de que depois do impeachment haverá uma grande trégua nacional, com a retomada imediata da normalidade democrática para a retomada do crescimento. “Isso é uma falácia”, denuncia. Na avaliação dele, o mais provável é que ocorra acirramento dos ânimos, da intolerância e da luta de classes que já está nas ruas, cada vez mais escancarada. “A governabilidade do país poderá depender de um Estado policial ainda mais severo do que o utilizado em 1964. Agora, não bastará intervir nos sindicatos”, avalia.


sábado, 2 de abril de 2016

"Muito do que vemos é o mais puro e repugnante machismo, pois tristemente muitos conseguem cultivar a ideia de que as mulheres não são capazes de ocupar cargos de importância e por isso na primeira dificuldade já querem substituí-la."

“VIVA A DEMOCRACIA E ABAIXO O GOLPE”, DIZ BIBI FERREIRA EM NOTA OFICIAL

Via Diário do Centro do Mundo - 02/04/2016 

Nota pública da atriz Bibi Ferreira:

“Todos me conhecem e sabem que nos meus 93 anos de vida nunca fui dada a emitir opiniões de cunho político.

Contudo, enquanto cidadã brasileira e mulher sinto obrigação de alertar as pessoas sobre o que está acontecendo. Muito do que vemos é o mais puro e repugnante machismo, pois tristemente muitos conseguem cultivar a ideia de que as mulheres não são capazes de ocupar cargos de importância e por isso na primeira dificuldade já querem substituí-la.

Só assim pode se explicado a falta de respeito não só com uma presidenta que obteve nas urnas mais de 54 milhões de votos e com toda população.

Querer retirá-la da presidência sem que ela tenha praticado qualquer crime é inaceitável. É muito triste constatar que muitas pessoas não conseguem enxergar que as emissoras de TV são empresas, e como qualquer empresa, o seu compromisso maior é com quem lhe garante vultuosos recursos financeiros e não com o povo.

Confio que a presidenta representa hoje os valores da Democracia e do Estado Democrático de Direito no só no nosso querido Brasil como no mundo. Viva a Democracia e abaixo o golpe.”

Bibi em “Bibi Ferreira canta repertório Sinatra”, no Teatro Renaissance Crédito: Wilian Aguiar



sexta-feira, 1 de abril de 2016

Anunciante da Globo: "Todos respeitamos a Globo pelo seu profissionalismo e pela larga vantagem sobre os demais órgãos de comunicação, mas o jornalismo está manipulando de forma criminosa e já há movimentos nas redes sociais pressionando nossos consumidores a não comprarem os produtos que produzimos. Assim não dá. Isso não pode crescer"

Protestos contra a Globo preocupam anunciantes

Redação SRZD - 01/04/2016 - Portal Sidney Rezende

A sucessiva multiplicação de palavras de ordem, faixas e cartazes contrários ao Grupo Globo nas manifestações populares a favor da democracia e a rejeição estampada nas redes sociais - inclusive expressada por artistas contratados - começa a preocupar anunciantes. O temor de algumas companhias é que este movimento possa crescer e expor ao risco as suas marcas e o consumo dos seus produtos.

A sistemática cobertura a favor do impedimento da presidente Dilma Rousseff e o noticiário envolvendo o ex-presidente Lula acenderam o sinal de alerta nas direções de marketing de grandes empresas.

Numa reunião fechada realizada ontem no fim da tarde, em São Paulo, e que o SRZD teve acesso ao resultado final, dois presidentes que representam os interesses de companhias que estão entre os 30 maiores anunciantes do Brasil, seis vice-presidentes de empresas de áreas diversas que atuam em higiene e limpeza, setor automotivo e varejo decidiram encomendar uma análise a uma agência internacional de acompanhamento de postagens na internet para avaliar os humores dos consumidores em relação aos produtos e serviços dos patrocinadores.

A ideia é que o estudo seja concluído em até 90 dias. E o parecer se restringirá às marcas que já anunciam nos veículos do Grupo Globo.

Um dos executivos chegou a desabafar: "Todos respeitamos a Globo pelo seu profissionalismo e pela larga vantagem sobre os demais órgãos de comunicação, mas o jornalismo está manipulando de forma criminosa e já há movimentos nas redes sociais pressionando nossos consumidores a não comprarem os produtos que produzimos. Assim não dá. Isso não pode crescer". A fala causou um certo mal estar no ambiente. O silêncio enigmático dos demais sinalizou concordância com a análise e a preocupação de como criar uma alternativa publicitária ao maior meio de comunicação do Brasil.

A Globo, por sua vez, já se manifestou oficialmente, várias vezes, no sentido de que apenas informa os fatos políticos com isenção. E que não é geradora dos acontecimentos políticos e econômicos que noticia.


Manifestações do dia 31 de março de 2016. Foto: Roberto Parizotti/CUT
Manifestações do dia 31 de março de 2016. Fotos: Reprodução/Mídia Ninja
Manifestações do dia 31 de março de 2016. Foto: Eduardo Magalhães