Revista Vaidapé - 29/09/2013
Diferença no tom da cobertura do mensalão e da fraude em licitações do metrô é exemplo concreto dos padrões de manipulações da grande imprensa
Por João Monteiro
Em maio deste ano, a revista IstoÉ revelou que a empresa alemã Siemens foi ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para denunciar o pagamento de propinas à diferentes governos do PSDB em São Paulo e no Distrito Federal. Em busca de penas menores, a empresa também denunciou um esquema de cartel nas licitações públicas para a superfaturação das obras e serviços na rede ferroviária, e na compra e manutenção de trens e metrôs metropolitanos com as empresas Alstom , Bombardier, CAF e Mitsui.
A superfaturação das obras chega em 30%, com o valor de R$ 577 milhões. Porém, documentos mostram pagamentos de propinas a agentes públicos ligados aos governos Covas (1995-2001), Alckmin (2001-2006) e Serra (2007-2010), e se corrigido o valor, as cifras podem chegar a R$ 11 bilhões.
Há oito anos, no mesmo mês de maio, o escândalo do mensalão causou uma das piores crises políticas dos últimos anos. O PT se viu nas mãos da oposição. A mídia, por sua vez, decretou: “É o maior caso de corrupção na história do país”. No entanto, em poucas tecladas em uma calculadora é possível concluir: os valores do recente escândalo tucano, que vem acontecendo há 18 anos, são equivalentes a, no mínimo, 70 mensalões.
Os padrões de manipulação da imprensa tornam-se evidentes. O historiador Eduardo Lira é um crítico feroz dos grandes conglomerados de comunicação no Brasil. Concentrada nas mãos de poucas famílias, a grande mídia sempre atuou de forma a proteger seus próprios interesses, de acordo com Lira. “Isso inclui proteger aqueles que são apoiados por ela, já que os mesmos garantem os privilégios dessa verdadeira máfia midiática”, diz.