sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Sonegômetro Global. Impostos sobre a riqueza líquida em paraísos fiscais ( US$ 18,5 trilhões), recolheriam US$ 156 bilhões aos cofres públicos, o suficiente para erradicar duas vezes a pobreza extrema no mundo.

"A riqueza financeira líquida global (exceto imóveis) é calculada em US$ 94,7 trilhões (Dado de 2012). Dos quais US$ 18,5 trilhões se encontram estocados em paraísos fiscais. Se essa fortuna avarenta pagasse impostos, os cofres públicos recolheriam US$ 156 bilhões, o suficiente para erradicar duas vezes a pobreza extrema no mundo.

O documento “The Price of Offshore Revisited”, de James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, revela que os bilionários brasileiros acumulavam em paraísos fiscais, até 2010, US$ 520 bilhões (cerca de R$ 1,3 trilhão). "



Sonegação Global
Frei Betto - Brasil de Fato -  31/01/2014

O fim da Guerra Fria atenuou a tensão entre o Leste e o Oeste do mundo. No entanto, a desigualdade social crescente agrava a disparidade entre o Norte e o Sul

A presidente Dilma participou pela primeira vez, na terceira semana de janeiro, do Fórum Econômico Mundial, em Davos.

Assim como existe retiro espiritual, o evento sediado na Suíça equivale a um retiro pecuniário. Ali se reúnem os donos do mundo. Entre os quais 85 pessoas que, juntas, acumulam uma fortuna de US$ 1,7 trilhão – o mesmo valor que possuem 3,5 bilhões de pessoas, a metade da população do planeta.

Este dado acima foi divulgado, em janeiro, pela organização britânica Oxfam. Ela alerta ainda que, em 2013, o número global de desempregados atingiu a cifra de 202 milhões! Em decorrência da acumulação privada da riqueza, as bases da democracia estão sendo minadas.

O fim da Guerra Fria atenuou a tensão entre o Leste e o Oeste do mundo. No entanto, a desigualdade social crescente agrava a disparidade entre o Norte e o Sul.

Segundo Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, o PIB dos países ricos está encolhendo. O da Grécia sofreu uma redução de 25% desde 2008. O do Brasil ficou em torno de 2% em 2013.

Nos EUA, segundo Stiglitz, 95% dos ganhos na economia se concentram em mãos de 1% da população, os que ocupam o topo de pirâmide social. Ele conclui: “Mesmo antes da recessão, o capitalismo ao estilo americano não estava funcionando para uma grande parte da população.” A renda média do cidadão estadunidense é, hoje, inferior à renda média de 40 anos atrás...

Ao contrário do esperado, nos últimos anos as políticas impostas pelos donos do poder só agravaram a desigualdade social, devido a fatores como desregulamentação financeira; ampliação dos paraísos fiscais e do sigilo bancário (o narcotráfico agradece!); práticas comerciais anticoncorrenciais; impostos menores para os rendimentos mais elevados; e redução de investimentos em serviços públicos. Desde o inicio da década de 1980, dos 30 países pesquisados pela Oxfam, em 29 os ricos pagam cada vez menos impostos.

E o governo do PT, quando fará a reforma tributária tão alardeada em seus documentos e discursos originários?

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Quais os atores do "#naovaitercopa" e suas verdadeiras intenções. Quem são esses grupos que estão nas ruas? O que eles querem? Como se vestem? Como se reproduzem? Não, você não vai ver isso no próximo Globo Repórter.

"(...) contrariando todas as verdades absolutas do #NãoVaiTerCopa, um estudo da FGV prevê que R$142 BILHÕES serão injetados na economia com a realização da competição, além de mais de 3 milhões de empregos e, consequentemente, um acréscimo de R$63,48 bilhões à renda da população. Essas pesquisas científicas não ajudam em nada o movimento, principalmente num ano de eleição. Qual seria o custo político do sucesso - inclusive financeiro - da organização da Copa? Provavelmente a consolidação da candidatura Dilma na ponta da corrida eleitoral. Uma tragédia a ser evitada pelos opositores, sejam eles de esquerda ou direita.

É por essas e outras que PSOL, PSTU, tucanos, black blocs, acadêmicos do guarani-kaiowá, entusiastas do golpe militar e Batman do Leblon, já decidiram o que é melhor para o país. Por isso, gritemos todos numa só voz #NãoVaiTerCopa*.

#AcordaBrazil #PartiuGuerraCivil

* o movimento #NãoVaiTerCopa é filho do movimento #AcordaBrazil e, caso a Copa se concretize, automaticamente será rebatizado como #NãoVaiTerEleição."
#NãoVaiTerCopa #NãoVaiTerFusca #PartiuGuerraCivil

Por Jornalismo Wando - 28/01/2014

A cena acima foi registrada no último sábado em São Paulo, em meio a uma onda de protestos motivados pela campanha #NãoVaiTerCopa

Um protesto cujas motivações não poderiam ser mais nobres: os excessivos gastos do governo com a Copa. Apesar de tudo estar definido desde 2007, o Brasil que despertou em junho sabe que agora pode mais. Pode tanto que já decidiu pelo povo. E o povo não quer a Copa.

O mais difícil é identificar os personagens de um movimento tão heterogêneo, em que todos gritam com autoridade: "Não vai ter Copa!", mas poucos revelam suas verdadeiras intenções.

Mas quem são esses grupos que estão nas ruas? O que eles querem? Como se vestem? Como se reproduzem? Não, você não vai ver isso no próximo Globo Repórter. Eu mesmo ousarei traçar o perfil dos diversos atores do #NãoVaiTerCopa - uma tarefa nada fácil diante da complexidade desse novo Brasil, o mesmo país que sediou a Treta no Leblon na semana passada.

Seguem os rótulos:

Black Blocs = a face mais visível e violenta do movimento. Destruidores de símbolos capitalistas, os jovens anarquistas escolhem a dedo os seus alvos: relógios públicos, pontos de ônibus, orelhões, lojas de departamento e agências bancárias. São contra a Copa, os partidos, a direita, a esquerda, a família, a propriedade privada, o Estado burguês e mais uma lista infinita de itens considerados nocivos ao povo. Um autoritarismo adolescente que sabe muito bem o que o povo quer.



Militantes PSOL e PSTU = jovens de esquerda. Leram - ou afirmam ter lido - Marx, Gramsci, Lênin. Consideram o futebol o ópio do povo e Dilma uma traidora da esquerda de raiz. Fazem questão de se diferenciar dos arruaceiros black blocs, mas admiram o ímpeto revolucionário do grupo e adoram ver o circo pegar fogo. Não visam a eleição no final do ano, mas apenas o bem estar da população.

Indignados do Facebook = frequentadores assíduos das caixas de comentários dos grande portais, esses divulgadores do senso comum multinível dizem ser contra todos os políticos e partidos, mas no fundo, bem lá no fundo, são antipetistas fanáticos. Suas principais bandeiras políticas são: contra a corrupção, contra a impunidade, contra o mal, contra a violência urbana, contra a fome na África e contra tudo-o-que-está-aí. Para eles, os black blocs são vandalos infiltrados pelo PT para manchar seu movimento pacífico pela volta dos militares, os únicos realmente capazes de fazer valer a vontade do povo. Maycon Freitas é um dos líderes desse grupo.

Acadêmicos do Guarani-Kaiowá = intelectuais acadêmicos de esquerda que têm ojeriza à política partidária engravatada e tendem a glamurizar todo e qualquer movimento jovem, sexy e ousado que se insurgir contra o status quo. Os Acadêmicos dão sustância intelectual às ações diretas do movimento e convencem muita gente da importância política do quebra-quebra. Estão sempre dispostos a cumprir o papel de ídolo da garotada.

Fora do Eixo = máquina de papar edital conectada com todos os grupos acima, o grupo horizontaliza e dissemina a ideia do mundo pós-rancor, onde é possível captar dinheiro dos grandes capitalistas pra lutar contra o capitalismo, ter apoio do governo para lutar contra o governo e, assim, ganhar o lastro político necessário pra manter a máquina em movimento. Tudo ao mesmo tempo, agora e ao vivo pela TV Ninja.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Qual a diferença entre crack e cocaína? A classe social de quem consome. É hora de os governantes brasileiros passarem a combater as drogas de maneira menos hipócrita e higienista –como fazem o PSDB e o DEM, que sempre preferiram simplesmente expulsar os viciados do centro ou interná-los em instituições mentais, para bem longe da vista dos “cidadãos de bem”.


Qual a diferença entre crack e cocaína? A classe social de quem consome

Cynara Menezes - 21/01/2014
(A fórmula da cocaína e a do crack: praticamente idênticos. Fonte: Alternet)

A iniciativa da prefeitura de São Paulo de experimentar outra abordagem contra o crack, hospedando em hotéis e pagando 15 reais por dia a viciados para que varram ruas me deixou muito otimista. É hora de os governantes brasileiros passarem a combater as drogas de maneira menos hipócrita e higienista –como fazem o PSDB e o DEM, que sempre preferiram simplesmente expulsar os viciados do centro ou interná-los em instituições mentais, para bem longe da vista dos “cidadãos de bem”. Obviamente os obtusos da direita (pleonasmo?) já atacaram a ideia do prefeito Fernando Haddad. Para que tentar dar uma chance a essas pessoas se é possível varrê-las para debaixo do tapete? “Pessoas? E usuário de crack é gente?”, perguntam-se os defensores dos “humanos direitos”.

Os histéricos da droga normalmente preferem nem se informar a fundo sobre o assunto, como se a mera proximidade com estudos científicos os contaminasse. Mas como a guerra às drogas que inventaram resultou apenas em crime, degradação e violência, outro tipo de pensamento começa a se impor no mundo. Não é à toa que países como Uruguai e mesmo os EUA mudaram sua visão em relação à maconha. Os EUA, aliás, estão cada vez mais liberais com a cannabis, como demonstra uma pesquisa divulgada no início do mês: hoje em dia, 55% dos norte-americanos aprovam a legalização da maconha. E só 35% deles acham que fumar baseados é “moralmente condenável” (veja aqui). Exatamente o oposto da direita ignorante (pleonasmo?) brasileira, que se recusa a aceitar a falência de seu modelo arcaico na solução de dilemas contemporâneos.

Um fato pouco divulgado sobre o crack é que ele não é uma droga tão diferente das outras, tão mais viciante que as demais. Sabia? Na verdade, existe bem pouca diferença entre o crack e a cocaína, quimicamente falando. A única diferença é a remoção do cloridrato, o que torna possível fumá-lo. É como se a cocaína fosse açúcar refinado, e o crack, rapadura. O que torna o crack mais potente é a forma de consumi-lo: fumar leva a droga rapidamente aos pulmões, fazendo com que o efeito seja mais rápido e mais intenso do que cheirar pó (veja mais mitos sobre o crack aqui). Para piorar, a pedra de crack é barata –custa 10 reais, enquanto o grama de cocaína é vendido a 50 reais. Ou seja, o crack, ao contrário da cocaína, é acessível aos miseráveis.

Saber disso nos abre os olhos a uma problemática fundamental em relação ao crack, que é a vulnerabilidade social de quem está exposto à droga morando nas ruas. É exatamente este aspecto que a prefeitura de SP pretende combater ao tentar reintegrar o viciado à sociedade, dando-lhe perspectivas. Sem oferecer-lhes perspectiva de futuro, esperança, não adianta desintoxicá-los. Ao sair da clínica, eles voltam para o vício, até porque, vivendo à margem, não têm mais o que fazer. Enquanto isso, os cocainômanos e viciados em crack das classes mais abastadas são enviados ao rehab, às clínica chiques, e a gente nem sequer chega a tomar conhecimento deles. Quem está na rua, não, “incomoda”, integra a “gente diferenciada” para a qual muitos torcem o nariz e têm medo.

Dois anos atrás, o ator Charlie Sheen, bem conhecido de todos como o “doidão” de Hollywood, causou polêmica nos EUA ao declarar em uma entrevista que alguns amigos seus usam crack “socialmente”, assim como fazem tantos endinheirados com a cocaína. Parece absurdo? Não é. A partir das declarações de Sheen, a jornalista Maia Szalavitz, da revista Time, escreveu um artigo demonstrando que somente 15 a 20% das pessoas que experimentam crack ficam viciados. Mais: que 75,6% dos que provaram crack entre 2004 e 2006 tinham abandonado o cachimbo dois anos depois; outros 15% passaram a usar ocasionalmente; e só 9,2% ficaram viciadas.

Uma realidade bem distante do que pensávamos pouco tempo atrás, quando se costumava dizer que basta uma baforada para a pessoa ficar viciada. É possível, sim, entrar no crack e sair. Assustar os jovens em relação às drogas pode ser eficiente, mas eu acho que é muito mais importante dizer a verdade, conscientizá-los com base na ciência. “O crack não é mais tóxico que a cocaína. O que acontece é: quem toma crack? Os negros mais ferrados dos EUA. Os adolescentes com menos perspectivas profissionais”, defende um dos maiores especialistas do mundo em drogas, o espanhol Antonio Escohotado. No Brasil é a mesma coisa. Embora atinja várias classes sociais, o vício em crack é devastador sobretudo para os jovens e adultos em situação de rua.

Quanto mais leio e me informo, mais fico convencida de que não existem drogas “perigosas”. Todas elas são e não são ao mesmo tempo. O que existe é a pessoa por trás da droga e a circunstância em que vive. Se o ser humano que busca as drogas está em condição de risco –psicológico ou econômico– obviamente estará mais sujeito à adicção. Assim é com tudo que entra pela boca do homem: comida, álcool, remédios ou drogas ilícitas. A droga jamais pode estar relacionada à fuga da realidade, mas às experiências sensoriais. Quem vive na rua, dormindo na calçada ou em buracos, com certeza não está usando a droga “recreativamente”.

Se não fôssemos dominados por um pensamento tacanho e estivéssemos usando, como em muitos países civilizados, a maconha com fins terapêuticos (a exemplo dos EUA, que a direita brasileira adora macaquear, mas não nas iniciativas boas), a próxima etapa do programa da prefeitura de São Paulo deveria ser ministrar baseados como política de redução de danos do vício em crack. Vários estudos científicos comprovam que fumar maconha diminui a “fissura” entre viciados que desejam deixar a pedra, ajuda na hora de enfrentar a síndrome de abstinência. É uma possibilidade no tratamento. Os hipócritas iriam permitir? Imagina. Interessa a eles, de certa forma, que existam viciados em crack perambulando pelas ruas para que seu irracional discurso anti-drogas e anti-crime continue a ter eficiência sobre os incautos.

UPDATE: Clique aqui para assistir o quadrinho online Ratolândia, de Stuart McMillen, onde ele conta a história de duas experiências com ratos de laboratório. Será que a dependência é causada pela mera exposição às drogas? Imperdível, recomendo fortemente.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Os rolezinhos nos acusam: somos uma sociedade injusta e segregacionista

"(...) eles denunciam a nossa maior chaga: a desigualdade social cujo verdadeiro nome é injustiça histórica e social. Releva, no entanto, constatar que com as políticas sociais do governo do PT a desigualdade diminiui, pois segundo o IPEA os 10% mais pobres tiveram entre 2001-2011 um crescimento de renda acumulado de 91,2% enquanto a parte mais rica cresceu 16,6%. Mas esta diferença não atingiu a raíz do problema pois o que supera a desigualdade é uma infraestrutura social de saúde, escola, transporte, cultura e lazer que funcione e acessível a todos."
Os rolezinhos nos acusam: somos uma sociedade injusta e segregacionista
Leonardo Boff - 23/01/2014

O fenômeno dos centenas de rolezinhos que ocuparam shoppings centers no Rio e em São Paulo suscitou as mais disparatadas interpretações. Algumas, dos acólitos da sociedade neoliberal do consumo que identificam cidadania com capacidade de consumir, geralmente nos jornalões da mídia comercial, nem merecem consideração. São de uma indigência analítica de fazer vergonha.
Mas houve outras análises que foram ao cerne da questão como a do jornalista Mauro Santayana do JB on-line e as de três especialistas que avaliaram a irrupção dos rolês na visibilidade pública e o elemento explosivo que contém. Refiro-me à Valquíria Padilha, professora de sociologia na USP de Ribeirão Preto:”Shopping Center: a catedral das mercadorias”(Boitempo 2006), ao sociólogo da Universidade Federal de Juiz de Fora, Jessé Souza,”Ralé brasileira: quem é e como vive (UFMG 2009) e de Rosa Pinheiro Machado, cientista social com um artigo”Etnografia do Rolezinho”no Zero Hora de 18/1/2014. Os três deram entrevistas esclarecedoras.

Eu por minha parte interpreto da seguinte forma tal irrupção:

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O sistema financeiro, espécie de governo invisível da sociedade, rejeita a reeleição de Dilma. A banca considera que a ação do Estado, que por exemplo criou cerca de 14 milhões de empregos desde o início da crise mundial, compromete a eficiência do livre mercado!

Pesquisa feita com duas dezenas de expressivos dirigentes dessa constelação, ao abrigo do anonimato, como manda  o ofício, constata que o ‘Setor financeiro quer mudança no Planalto’, informa o jornal Valor Econômico desta 3ª feira.

"O governo invisível acha que o governo Dilma atrapalha o seu sistema viário - ainda que longe de comprometer o valor corrigido e real da frota, como atestam as taxas de juros do país, entre as três mais altas do mundo."

"Seis anos após o colapso de 2008 da ordem neoliberal, a OIT informa que existe um estoque de  202 milhões de desempregados no mundo  (62 milhões adicionados pela crise); 839 milhões de trabalhadores vivem com menos de US$ 2/dia e 48% do emprego atual é precário.
Vai piorar: espera-se um acréscimo  de mais 13 milhões de demitidos à legião disponível até 2018.
 O Brasil  criou cerca de 14 milhões de empregos desde o início da crise mundial  (sendo 1,1 milhão no ano passado, saldo carimbado como um fracasso pelo jornalismo isento).
 Os bancos preferem o modelo de  estabilidade espanhol: 26% de taxa de desemprego."


O governo invisível não quer Dilma
Saul Leblon - Editorial Carta Maior

Desde o início da crise, em seis anos de colapso neoliberal, o Brasil criou cerca de 14 milhões de empregos - sendo 1,1 milhão no ano passado.

A expressão ‘siga o dinheiro’, comum em filmes policiais, ilustra a percepção correta, adiantada por Adam Smith, de que a moeda desenha estradas invisíveis na sociedade.

Rastreando-as é possível desvendar aquilo que não se oferece imediatamente à vista.

Pelos caminhos do dinheiro circulam desde carregamentos lícitos, como safras, a armamentos, sonegações fiscais, drogas, favores políticos e outras miunças.

Os bancos são o entreposto de serviços desse trânsito.

Ademais de concederem abrigo seguro e rentável ao fluxo –eventualmente lavá-lo das marcas do caminho-- tem o poder de gerar e direcionar novos volumes de tráfego, em emissões de crédito desdobradas da carga ociosa em seus depósitos.

Esse notável replicador conecta-se a outros entroncamentos por onde o dinheiro graúdo viaja em primeiro classe, engordando sua existência (às vezes acometida de emagrecimentos súbitos causados pela gula tóxica).

O conjunto forma o que se chama de sistema financeiro.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Saia Justa no Manhattan Connection. Diogo Mainardi paga mico na Globo News debatendo economia com Luiza Trajano presidente da Magazine Luiza.

"Antes de prosseguir, devo dizer que esse programa praticou uma covardia. Não se coloca para debater economia pessoas que não têm o mesmo preparo.
Detalhe: a covardia foi com Mendes, Amorim, Blinder e Mainardi."

Diogo Mainardi paga mico na Globo News
Eduardo Guimarães - Blog da Cidadania - 21/01/2014

Espalhou-se pela internet entrevista que a empresária paulista Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues, atual presidente da rede de varejo Magazine Luiza, concedeu ao programa Manhattan Connection, da Globo News, e que foi ao ar na noite do último domingo.
Para o apresentador Lucas Mendes, a empresária é “Simplesmente Luiza”, pois “Assim ela é tratada pela presidente Dilma Rousseff e pelos próprios faxineiros” – supõe-se que de sua empresa.
Mendes qualificou Luiza como “Um fenômeno do comércio brasileiro pelas vendas e pela gestão” e, em sua primeira pergunta a ela, deu ao telespectador a impressão de que tinha diante de si um tipo raro de empresária, o tipo otimista.
Atente para a pergunta de Mendes, leitor. Deixa clara a razão pela qual a empresária foi convidada para um programa cujo objetivo, há anos, tem sido espalhar pessimismo com o Brasil.
Lucas Mendes: “Você não esconde seu otimismo pelo Brasil, nem pela outra presidente, e diz que a culpa desse pessimismo é nossa, da imprensa. Eu acho que esse economista sentado aí do seu lado discorda”.
Uau! Pensei que sobreviria um massacre. Até porque, Luiza é uma mulher de modos simples. Tem aquele sotaque meio caipira do interior paulista, fala um português coloquial, pois, apesar de ter nascido na capital, sua mãe – também Luiza, de quem herdou o negócio – fundou em Franca, interior de São Paulo, a primeira loja da rede que a filha edificaria.
O tal economista que parecia que iria demolir as posições de Luiza foi o também apresentador do programa Ricardo Amorim. Porém, a expectativa se frustrou. Perguntou apenas se o seu colega Caio Blinder, que na semana passada dissera que “O varejo brasileiro está em crise”, tinha razão.
Luiza, obviamente, disse que não. Citou dados do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo). Segundo o instituto, o comércio varejista brasileiro cresceu 5,9% em 2013 e só as redes de lojas vinculadas a esse instituto geraram 631 mil empregos.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Leonardo Boff. O Tempo da Grande Transformação e da Corrupção Geral. Os efeitos socioambientais desastrosos dessa mercantilização de tudo. Não há alternativa: ou mudamos ou pereceremos porque os nossos bens materiais não nos salvarão. A economia transformada num “deus salvador” de todos os problemas.

"Aqui cabe recordar as palavras proféticas de Karl Marx em 1847 Na miséria da filosofia:
”Chegou, enfim, um tempo em que tudo o que os homens haviam considerado inalienável se tornou objeto de troca, de tráfico e podia vender-se. O tempo em que as próprias coisas que até então eram co-participadas mas jamais trocadas; dadas, mas jamais vendidas; adquiridas mas jamais compradas – virtude, amor, opinião, ciência, consciência etc –em que tudo passou para o comércio. O tempo da corrupção geral, da venalidade universal ou, para falar em termos de economia política, o tempo em que qualquer coisa, moral ou física, uma vez tornada valor venal é levada ao mercado para receber um preço, no seu mais justo valor”.. "
O Tempo da Grande Transformação e da Corrupção Geral
Leonardo Boff - 18/01/2014

Normalmente as sociedade se assentam sobre o seguinte tripé: na economia que garante a base material da vida humana para que seja boa e decente; na política pela qual se distribui o poder e se montam as instituições que fazem funcionar a convivência social; a ética que estabelece os valores e normas que regem os comportamentos humanos para que haja justiça e paz e que se resolvam os conflitos sem recurso à violência. Geralmente a ética vem acompanhada por uma aura espiritual que responde pelo sentido último da vida e do universo, exigências sempre presentes na agenda humana.
Estas instâncias se entrelaçam numa sociedade funcional, mas sempre nesta ordem: a economia obedece a política e a política se submete àética.

Mas a partir da revolução industrial no século XIX, precisamente, a partir de 1834, a economia começou na Inglaterra a se descolar da política e a soterrar a ética. Surgiu uma economia de mercado de forma que todo o sistema econômico fosse dirigido e controlado apenas pelo mercado livre de qualquer controle ou de um limite ético.

A marca registrada deste mercado não é a cooperação mas a competição, que vai além da economia e impregna todas a relaçõe humanas. Mais ainda criou-se, no dizer de Karl Polanyi, ”um novo credo totalmente materialista que acreditava que todos os problemas poderiam ser resolvidos por uma quantidade ilimitda de bens materiais”(A Grande Transformação, Campus 2000, p. 58). Esse credo é ainda hoje assumido com fervor religioso pela maioria doseconomistas do sistema imperante e, em geral, pelas políticas públicas.

A partir de agora, a economia funcionará como o único eixo articulador de todas as instâncias sociais. Tudo passará pela economia, concretamente, pelo PIB. Quem estudou em detalhe esse processo foi o filósofo e historiador da economia já referido, Karl Polanyi (1866-1964), de ascendência húngara e judia e mais tarde convertido ao cristianismo de vertente calvinista. Nascido em Viena, atuou na Inglaterra e depois, sob a pressão macarthista, entre o Toronto no Canadá e a Universidade de Columbia nos USA. Ele demonstrou que “em vez de a economia estar embutida nas relações sociais, são as relações sociais que estão embutidas no sistema econômico”(p. 77). Então ocorreu o que ele chamou A Grande Transformação: de uma economia de mercado se passou a uma sociedade de mercado.

Em consequência nasceu um novo sistema social, nunca anteshavido, onde a sociedade não existe, apenas os indivíduos competindo entre si, coisa que Reagan e Thatscher irão repetir à saciedade. Tudo mudou pois tudo, tudo mesmo, vira mercadoria. Qualquer bem será levado ao mercado para ser negociado em vista do lucro individual: produtos naturais, manufaturados, coisas sagradas ligadas diretamente à vida como água potável, sementes, solos, órgãos humanos. Polanyi não deixa de anotar que tudo isso é “contrário à substância humana e natural das socidades”. Mas foi o que triunfou especialmente no após-guerra. O mercado é “um elemento útil, mas subordinado à uma comunidade democrática” diz Polanyi. O pensador está na base da “democracia econômica”.

Aqui cabe recordar as palavras proféticas de Karl Marx em 1847 Na miséria da filosofia: ”Chegou, enfim, um tempo em que tudo o que os homens haviam considerado inalienável se tornou objeto de troca, de tráfico e podia vender-se. O tempo em que as próprias coisas que até então eram co-participadas mas jamais trocadas; dadas, mas jamais vendidas; adquiridas mas jamais compradas – virtude, amor, opinião, ciência, consciência etc –em que tudo passou para o comércio. O tempo da corrupção geral, da venalidade universal ou, para falar em termos de economia política, o tempo em que qualquer coisa, moral ou física, uma vez tornada valor venal é levada ao mercado para receber um preço, no seu mais justo valor”..

Os efeitos socioambientais desastrosos dessa mercantilização de tudo, os estamos sentindo hoje pelo caos ecológico da Terra. Temos que repensar o lugar da economia no conjunto da vida humana, especialmente face aos limites da Terra. O individualismo mais feroz, a acumulação obsessiva e ilimitada enfraquece aqueles valores sem os quais nenhuma sociedade pode se considerar humana: a cooperação, o cuidado de uns para com os outros, o amor e a veneração pela Mãe Terra e a escuta da consciência que nos incita para bem de todos.

Quando uma sociedade se entorpeceu como a nossa e por seu crasso materialismo se fez incapaz de sentir o outro como outro, somente enquanto eventual produtor e consumidor, ela está cavando seu próprio abismo. O que disse Chomski há dias na Grécia (22/12/2013) vale como um alerta:”aqueles que lideram a corrida para o precipício são as sociedades mais ricas e poderosas, com vantagens incomparáveis como os USA e o Canadá. Esta é a louca racionalidade da ‘democracia capitalista’ realmente existente.”

Agora cabe a retorção ao There is no Alternative (TINA): Não há alternativa: ou mudamos ou pereceremos porque os nossos bens materiais não nos salvarão. É o preço letal por termos entregue nosso destino à ditadura da economia transformada num “deus salvador” de todos os problemas.

Com o economista e educadorMarcos Arruda escrevemos Globalização:desafios socioeconômicos, éticos e educacionais,Vozes 2001.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Almofadinhas, coxinhas e mauricinhos: fujam para Miami. Os bárbaros chegaram. A turma do fundão da classe chegou ao pátio; chegou aos condomínios; chegou aos aeroportos e agora quer invadir os shoppings!

"Não nos resta outra alternativa se não viajar até um país civilizado, espécie de América Latina que deu certo, para nos sentir civilizados. É necessário ficar longe da baderna toda para ser reconhecido, para dar autógrafo a outros almofadinhas em um lugar limpo e livre dos incapazes de reconhecer a própria inferioridade - sem inveja da civilização porque está no coração da civilização. Um lugar onde, enfim, podemos exercer nosso direito à almofadagem em paz."

Almeidinha: "Fujam para Miami. Os bárbaros chegaram"
Todo mundo sabe como devemos nos comportar no shopping: como bons almofadinhas. Lugar de baderna é baile funk
Por Matheus Pichonelli - CartaCapital - 15/01/2014


Vou confessar uma coisa: não estou acostumado com a fama. Mas ser astro das redes sociais e ter dado entrevista em programa de apresentador misógino de tevê fizeram de mim um rosto conhecido nos lugares onde a civilização já chegou. Por exemplo. Durante as férias, andava pelas ruas de Miami, onde posso comprar por um preço civilizado um perfume que no Brasil é vendido com taxas e impostos de odores bárbaros, quando fui reconhecido por um fã:
-Oi, você não é aquele almofadinha da internet?


A expressão soou como um sopro quentinho de um leite com pera no inverno: estava em casa.

Um almofadinha reconhece o outro pelo olhar: e o meu, em evidência, atravessou a fronteira. Sim: é bom sentir essa sensação. E é bom saber que somos muitos.

Não confundam “rolezinhos” com “black blocs”. "Espero ver jovens pobres e de baixa instrução mostrar o que os filhos da elite foram incapazes em suas “jornadas” de 2013".

Não confundam “rolezinhos” com “black blocs”
Eduardo Guimarães - Blog da Cidadania - 15/01/2014
 O fenômeno social “rolezinho” já ameaça se equiparar em importância política às “jornadas de junho” – como se convencionou chamar o movimento de classes média e alta que se espraiou pelo país no ano passado a partir de São Paulo e que levou centenas de milhares de pessoas às ruas por todo país sob a desculpa dos aumentos das passagens do transporte público.
Ao longo das últimas semanas e, sobretudo, dos últimos dias começaram a surgir análises de todos os matizes sobre o fenômeno. Algumas mais profundas e relevantes, outras rasas, burras, preconceituosas.
Com efeito, há hoje um “rolezinho” para cada gosto nas cabeças dos mais diversos analistas.
Em primeiro lugar, vamos acabar com essa história de que haveria qualquer similitude entre os garotos e garotas pobres, em maioria negros e mulatos e oriundos de bairros da periferia de São Paulo e os grupos que foram às ruas praticar quebra-quebras no ano passado.
Pesquisa Datafolha feita no auge das manifestações de junho de 2013 traçou o perfil dos manifestantes. A maioria tinha entre 21 e 35 anos (63%) e ensino superior (78%). Os do “rolezinho” são adolescentes, não usam máscaras do revolucionário inglês Guy Fawkes e não usam roupas de grife propositalmente esfarrapadas, ao estilo bicho-grilo chique.
Outra diferença: esse movimento desorganizado, espontâneo de adolescentes pobres da periferia não é manipulado por partidos, não tem lideranças como as moças e rapazes branquinhos, universitários e de classe média e alta do Movimento Passe Livre que esnobaram políticos que com eles tentaram conversar, como Dilma e Fernando Haddad. E, o que é mais importante, não fizeram uso político das suas movimentações.
Ninguém viu cartazes contra políticos ou contra Propostas de Emenda Constitucional (PECs) com os garotos do “rolezinho”. E é de duvidar que em próximas incursões esses cartazes apareçam.
Além disso, não houve e não haverá nesse movimento os grupos neonazistas que espancaram militantes da CUT e do PT que se aventuraram nas “jornadas” de junho e que delas foram expulsos por eles.
Alguns temem que “black blocs” se infiltrem nos “rolezinhos”. Não creio. Em primeiro lugar porque, se isso ocorrer, acabarão com o movimento. A garotada vai se recolher. Apesar de gritar, cantar, dançar, esses meninos e meninas têm medo de infringir a lei. E têm sido pacíficos. Pobre mesmo não brinca com as forças de repressão do Estado.
Não houve enfrentamentos entre a garotada da periferia e a PM. Foram reprimidos, mas não atiraram coquetéis Molotov, não depredaram patrimônio público e privado e se danos houve foi por conta da truculência policial, que gerou correria.
Por conta disso, as reações dos reacionários já se fazem presentes. Os colunistas da Veja e de outros veículos da mídia reacionária e tucana já se mobilizam para criminalizar os garotos. E a mesma Justiça que permaneceu hibernando quando os filhos das classes média e alta demonstravam sua selvageria agora investe contra a pobreza.
A virulência das críticas da grande mídia aos “rolezinhos”, pois, começa a crescer. Até aqui, o prêmio foi para o colunista da Veja Rodrigo Constantino. Em seu blog, atacou os garotos com toda a sua impressionante mediocridade e com sua burrice cavalar. Abaixo, trecho do post em que ataca o movimento.
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“(…) Não toleram as “patricinhas” e os “mauricinhos”, a riqueza alheia, a civilização mais educada. Não aceitam conviver com as diferenças, tolerar que há locais mais refinados que demandam comportamento mais discreto, ao contrário de um baile funk. São bárbaros incapazes de reconhecer a própria inferioridade, e morrem de inveja da civilização (…) Os “rolezinhos” da inveja precisam ser duramente repreendidos e punidos. Caso contrário, será a vitória da barbárie sobre a civilização (…)”
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Brasil, um país em que a polícia e a justiça se originaram na Santa Inquisição e nos Capitães do Mato. Um país com a polícia que mais mata no mundo e que boa parte da população acha que a violência deve ser combatida na base do “olho por olho, dente por dente”.

A BALANÇA E A CHIBATA
 Mauro Santayana - 14/01/2014 -

Nos últimos dias, pela enésima vez - quem não se lembra do massacre do Carandiru? - a situação das prisões brasileiras foi manchete na internet e nos mais importantes jornais do mundo.

Junto aos textos, as imagens dos cadáveres decapitados de Pedrinhas, no Maranhão, e a informação de que a cada dois dias - sob a guarda do Estado - um prisioneiro é assassinado no Brasil.
Cenas do filme CARANDIRU - 2003

Os números não se referem aos que são espancados por outros presos ou agentes e policiais. Ou aos que falecem devido a enfermidades - muitas delas contagiosas - que se espalham como peste nas celas superlotadas. Ou aos que são feridos quando detidos e morrem por falta de assistência médica ou remédios.
Em boa parte do mundo, a primeira preocupação de um condenado é contar quantos dias, meses e anos faltam para a sua liberdade.

No Brasil, a não ser que seja o “xerife” ou faça parte de alguma facção - o que não é garantia de nada, como se viu no Maranhão - a primeira preocupação de um preso é evitar, minuto a minuto, ser espancado, estuprado ou assassinado por seus colegas de cela.

Ele não poderá jamais, mesmo se tivesse espaço para isso, dormir tranqüilo. E da sua relação com os agentes penitenciários, dependerá, a cada momento, seu futuro.

Uma simples transferência de cela ou de galeria feita, a qualquer instante, pelo carcereiro de plantão, pode representar a diferença entre vida e morte, relativa integridade física e uma surra de criar bicho, ou algo muito pior.

Isso, considerando-se que esse indivíduo tem grande chance de ser preso provisório, que, sem culpa oficialmente formada, está aguardando julgamento, às vezes por meses ou anos.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Rolezinho e racismo. Veto a rolezinho, com o respaldo da justiça, consagra o apartheid brasileiro. No shopping JK Iguatemi seguranças fizeram uma triagem para definir quem poderia entrar e quem deveria ficar de fora – no segundo grupo, estariam todos aqueles que tivessem aparência de jovens da periferia, ou seja, pardos ou negros.

Rolezinho e racismo
GGN - BLOG NASSIF - Fábio de Oliveira Ribeiro - 13/01/2014

Esta semana dois países colidiram num Shopping e o resultado foi uma explosão de irracionalidade.

Garotos pobres da periferia de São Paulo (nem brancos, nem bem nascidos), combinaram dar um “rolezinho” no Shopping Itaquera. O resultado foi repressão policial desmedida e cenas que lembram bastante as proporcionadas pelo regime racista da África do Sul antes de Mandela ser eleito presidente http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1396629-video-mostra-pms-agredindo-jovens-em-rolezinho-dentro-no-shopping-itaquera-em-sp.shtml .
Regime Apartheid na África do Sul. Para que ninguém nunca se esqueça! . Mais fotos aqui.
Shoppings são locais privados abertos ao público. Portanto, não devem em hipótese alguma discriminar quem irá ou não adentrar em suas dependências. Quem adentra a um Shopping não pode ser obrigado a consumir, nem deve ser colocado para fora porque resolveu passear com os amigos pelo local. Mas não foi isto o que ocorreu.

O “rolezinho” indesejado dos garotos pobres provocou um verdadeiro Estado de exceção. Uma parte da população brasileira, branca e bem nascida, parece acreditar que eles não deveriam ter direito de ir e vir. Então o “rolezinho” foi brutalmente interrompido, inclusive com anuência do Judiciário paulista http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1396585-shoppings-de-sp-conseguem-liminar-na-justica-para-impedir-rolezinho.shtml .

A CF/88 garante a todos os cidadãos, sem qualquer distinção de raça, credo, cor ou situação econômica, o direito de ir e vir. Portanto, a decisão judicial que implicitamente revogou esta garantia para atender às veleidades racistas e classistas do Shopping é bastante questionável. Idem para o comportamento brutal da PM, cuja função é garantir o exercício dos direitos constitucionais dos cidadãos e não impedir seu exercício como se vivêssemos num regime deapartheid racial, sócio-econômico ou cultural.

A decisão judicial que legitimou a brutal repressão policial no Shopping e cassou o direito de ir e vir dos garotos pobres (nem brancos, nem bem nascidos), expõe uma chaga aberta. No Brasil existem dois países. Um não quer conviver com o outro e deixou isto bem claro ao recorrer à força bruta estatal para discriminar quem pode e quem não deve passear no Shopping.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Cerveja Também é Álcool. Indústria da cerveja chantageia parlamentares para publicidade não ser proibida

Dr. Rosinha: Indústria da cerveja chantageia parlamentares para publicidade não ser proibida
Viomundo - Conceição Lemes - 08/01/2014

A única lei brasileira que estabelece restrições à propaganda de bebidas alcoólicas é a federal nº 9.294, de 15 de julho de 1996, sancionada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O parágrafo único do seu primeiro artigo diz:
Consideram-se bebidas alcoólicas, para efeitos desta Lei, as bebidas potáveis com teor alcoólico superior a treze graus Gay Lussac.
Em português claro. Essa lei só proíbe publicidade de bebidas alcoólicas que têm 13% ou mais de teor alcoólico em cada 100 ml do produto.

Os vinhos estão nessa faixa. Os destilados — uísque, vodca, cachaça, conhaque, por exemplo — entre 45% e 55% graus. Logo, 45% a 55% de álcool em cada 100 ml.

A lei deixa de fora as cervejas e as bebidas ice.

As cervejas mais consumidas no Brasil têm em torno de 5% a 6% de teor alcoólico em cada 100 ml. Isso significa 5 a 6 graus. As bebidas ice têm teor alcoólico ao redor de 5.

Pois o Ministério Público do Estado de São Paulo, apoiado por várias entidades, quer incluí-las na legislação. Está com a campanha Cerveja Também é Álcool.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

“Estado ineficiente”, mito medíocre Há trinta anos, mídia martela suposta superioridade da iniciativa privada. Vale examinar bases desta crença (e interesses por trás dela)…

LINK: Revista Época 682 - 10/06/2011
"A noção de Estado como local privilegiado de corrupção é sustentada igualmente por preconceitos ideológicos. Na verdade, pode-se afirmar que o Estado pode ser eficiente e o mercado corrupto, não havendo qualquer relação obrigatória entre esses termos. A corrupção do Estado é um problema real que deve ser combatido através de ações de transparência pública e da prestação de contas à sociedade. De acordo com um relatório produzido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o Brasil perde de R$ 50,8 bilhões a R$ 84,5 bilhões por ano com corrupção governamental. Entretanto, a corrupção não é exclusividade do Estado. No que se refere a processos de sonegação fiscal, classificado como corrupção privada, uma pesquisa da organização britânica Tax Justice Network aponta perdas muito maiores para o país: 280,1 bilhões de dólares por ano."

“Estado ineficiente”, mito medíocre
Há trinta anos, mídia martela suposta superioridade da iniciativa privada. Vale examinar bases desta crença (e interesses por trás dela)…

Rafael Azzi  - Blog Outras Palavras - CartaCapital - 07/01/2014

[Este é o blog do site Outras Palavras em CartaCapital. Aqui  você vê o site completo]

A ideologia liberal defende a ideia de que a iniciativa privada é capaz de produzir bens e serviços de forma eficiente e barata; enquanto o Estado, considerado ineficiente e corrupto, seria simplesmente um obstáculo ao bom funcionamento do mercado. Trata-se de uma ideologia maniqueísta, pregando sempre a dicotomia Estado ruim versus mercado bom. Em muitos casos, tal percepção discriminatória se mostra de acordo com a realidade e, quando posta em prática por um determinado governo, torna-se uma profecia autorrealizável.

Segundo a mesma lógica, os funcionários públicos são considerados ineficientes e preguiçosos. Trata-se de um preconceito comum e persistente, mesmo diante do fato de que existem funcionários exemplares nos mais variados setores públicos, e de que, em instituições privadas, há empregados que, adaptados à cultura empresarial, conseguem ser premiados mesmo se esquivando do trabalho ou usando de formas pouco éticas.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Iluminando a "aula" de FHC no Estadão de domingo. No artigo "Mudar o rumo", o príncipe dos sociólogos critica a política externa, balança comercial, política do pré-sal para a Petrobras e inflação! Será que ele esqueceu que nos seus últimos quatro anos de governo a inflação foi de 8,9% (1999), 6,0%(2000), 7,7%(2001) e 12,5%(2002)?

Para Fernando Henrique, “mudar o rumo” é “voltar atrás no tempo”
Hayle Gadelha - Blog do Gadelha  05/01/2014


O artigo de Fernando Henrique Cardoso publicado neste domingo ("Mudar o rumo") é de uma ousadia monumental. Começa pela chamada: “a política externa precisa rever seu foco”. Qual foco? Aquele do seu Ministro das Relações Exteriores, que tirou os sapatos para poder entrar nos Estados Unidos? Política de submissão geopolítica? Ficar de braços cruzados enquanto os Estados Unidos espalham bases em torno do Brasil e ficam de olho grande no Atlântico Sul?

Dando continuidade a sua “aula”, FHC escreve:“Para que exportemos mais e para dinamizar nossa produção para o mercado interno, a ênfase dada ao consumo precisará ser equilibrada por maior atenção ao aumento da produtividade, sem redução dos programas sociais e demais iniciativas de integração social”.
Exportemos mais? Nos seus governos, o ano em que exportamos mais foi 2002, com pouco mais de 60 bilhões de dólares. Desde 2005, nunca mais exportamos menos do que 118 bilhões de dólares e em 2013 exportamos mais de 242 bilhões de dólares.

Sobre a participação da Petrobras nos leilões do pré-sal, escreve: “A imposição de que a Petrobras seja operadora única e responda por pelo menos 30% da participação acionária em cada consórcio, somada ao poder de veto dado às PPSA nas decisões dos comitês operacionais, afugenta número maior de interessados nos leilões do pré-sal, reduz o potencial de investimento em sua exploração e diminui os recursos que o Estado poderia obter com decantado regime de partilha”. Como reduz?!? O Estado torna-se sócio, participando diretamente dos ganhos. Além disso, a Petrobras é uma das maiores empresas do mundo, domina como ninguém a exploração em águas profundas e tem realizado um trabalho excepcional para o país. Se ela não serve para essa função, quem mais serviria?

Ataca também a inflação, que, segundo ele, só não estaria fora da meta “porque os preços públicos estão artificialmente represados”. Será que ele esqueceu que nos seus últimos quatro anos de governo a inflação foi de 8,9% (1999), 6,0%(2000), 7,7%(2001) e 12,5%(2002)? Isso apesar das taxas de juros altíssimas: 18,99% (dez/1999), 15,76% (dez/2000), 19,05%(dez/2001) e 24,9% (dez/2002).

Fernando Henrique tem a suprema ousadia de encerrar seu artigo dizendo que a esperança que tem é a da vitória das oposições em 2014. Ou seja, quer sua turma de volta ao poder. Mas para que ninguém perca o rumo por causa dessas loucuras de verão de um ex-presidente, reapresento algumas manchetes da Folha de 3 de março de 1999:

Nesse túnel do tempo ninguém quer entrar. O povo é contra o "meia-volta, volver"" da oposição.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Quem ganha com a sabotagem da Copa, acampada por 9 entre 10 colunistas e editorialistas do "Partido da Mídia"? Os políticos sem votos que veem nessas manifestações a única possibilidade de vencerem a eleição presidencial contra a forte candidatura de Dilma Rousseff à reeleição.


"O que o Brasil vai ganhar sabotando sua própria imagem diante do mundo? Nada.
Os investimentos na Copa já foram feitos e não serão desfeitos por nenhuma gritaria. Só o que deixará de ocorrer, se esse movimento aloprado vingar, será a recompensa nacional pelos investimentos feitos – recompensas de imagem e financeira.
Quem ganha com a sabotagem do evento? O povo é que não vai ganhar nada.
Além da dor que a massacrante maioria de brasileiros que ama o futebol sentirá diante de uma derrota da Seleção forjada no previsível estado psicológico de abatimento da equipe diante dos protestos, haverá o prejuízo econômico e imagético do país.
Mas haveria ganhadores com o fracasso da Copa, sim: os políticos sem votos que veem nessas manifestações a única possibilidade de vencerem a eleição presidencial contra a forte candidatura de Dilma Rousseff à reeleição."


Sabotar a Copa é sabotar o Brasil
Eduardo Guimarães - Blog da Cidadania -  05/01/14

Devo confessar que não gosto de futebol – o que, no Brasil, chega a ser uma heresia. Ainda assim, apesar de ser exceção, não tenho um time de preferência, não torço por nenhum, não entendo as tabelas, as regras etc., pois nunca me interessei por entender.

O tempo, o dinheiro e a energia que este povo gasta com o futebol deveriam ser melhor empregados. Mas um fato é inquestionável: os brasileiros, sobretudo os mais humildes, encontram nesse esporte um alento para a dura vida que levam.

Sediar eventos internacionais da importância de uma Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos, porém, é outra coisa. Tais eventos podem projetar um país ao poderem mostrar sua capacidade de organização e de execução de projetos.

Todavia, tais eventos também podem desmoralizar internacionalmente um país se este, ao organizá-los, vier a colher um fracasso organizacional.

A Jogada da Copa. Setores conservadores, lesa-pátria, sem votos, cogitam se lançar na aventura catastrofista da Copa via protestos de rua. Criando um clima de megacrise para atingir Dilma e quem sabe emplacar, nas urnas, uma alternativa de oposição!

Protesto anti-Fifa/Copa durante
 as "Jornadas de Junho"
"Acumulam-se as evidências de que setores conservadores, descrentes de sua capacidade de sedução do eleitorado pelas vias convencionais, cogitam se lançar na aventura catastrofista da Copa. Pretendem que o maior evento já realizado no país fracasse espetacularmente, para o máximo constrangimento e desgaste do governo atual. Acham que colherão os louros dessa ação de lesa-pátria.

É simplesmente doentia a ideia de que, para conquistar o poder de “consertar” o país, alguém considere aceitável que a nossa imagem internacional seja destruída. Que o Brasil seja penalizado por décadas, pela “incapacidade” de realizar grandes eventos internacionais. E que isso aconteça fundamentado em mentira e manipulação da opinião pública." 



A Jogada da Copa
Gabriel Priolli -Blog A Priolli -  04/01/2014

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Seis meses depois dos protestos que tomaram inúmeras cidades brasileiras, decantadas as insatisfações apresentadas pelos manifestantes e as múltiplas soluções aventadas por todos os atores políticos para a estranha crise que se formou, temos um quadro bem claro. A maioria da população quer mudanças no país, mas prefere que elas sejam conduzidas por Dilma e não pela oposição. A presidenta lidera em todas as sondagens de intenção de voto.
Falta muito tempo até as eleições, certamente, e já assistimos a oscilações espetaculares de intenção de voto nos pleitos anteriores, inclusive candidaturas que “atropelaram” na reta final e venceram. Tudo pode acontecer, portanto, até que se proclamem os resultados. Mas, até segunda ordem, quem lidera é Dilma. A soma dos votos de seus adversários não supera os votos da candidata governista e tudo indica que a eleição será definida já no primeiro turno.
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Sim, mas há um outro roteiro possível para este ano. Nele, as massas sairiam novamente às ruas em junho, em plena Copa do Mundo, e causariam tal transtorno à competição que seria impossível ignorá-las. A mídia mundial distribuiria a todo o globo imagens de multidões pedindo reformas, de black blocs destruindo seus alvos habituais e das polícias reprimindo com a cortesia conhecida.

sábado, 4 de janeiro de 2014

A origem fascista e essência da Privatização. Todos os governos fascistas foram ativos privateiros. Foi importante política do governo italiano nos anos 1922-1925 e da Alemanha nazista, no período 1934-1937.

Link imagem:  
A relação do Fascismo e com o grande capital
"Um dos mitos da privatização: A privatização teria sido “inventada” por duas grandes democracias, EUA e Grã-Bretanha, nos anos 1980s. É falso. A privatização, como a reencontramos no mundo nos anos 1980s e 1990s, foi instrumento muito usado, antes, pelos regimes fascistas.

Um fato sobre a privatização: Antes de Reagan e Tatcher [e dos governos da privataria do PSDB-DEM no Brasil de FHC-Serra(NTs)], a privatização foi objetivo muito empenhadamente buscado pelas elites fascistas – e desde os primeiros passos do fascismo.

Uma explicação para o fato: As elites controlam a riqueza privada. Com a privatização, as mesmas elites ganham controle também sobre o que, antes da privatização, era riqueza pública. A privatização, além do mais, dá a políticos corruptos (representantes da elite corrupta e corrompedora) uma oportunidade para reaver, em benefício próprio e dos que os apadrinham, o que pagam de impostos [as elites sempre odeiam impostos; haja vista a campanha anti-impostos que vivem a fazer, notadamente pelos veículos da imprensa-empresa (privada), com certeza, pelo menos, no Brasil-2014 (NTs)]; a privatização assegura meios para comprar, diretamente, patrimônio público. Não é surpresa, pois, que todos os governos fascistas tenham sido ativos privateiros." 

Sobre a essência e a origem fascistas da privatização
via Rede Castor PhotoVi
4/1/2014, [*] Eric ZuesseWashington’s Blog
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Os conservadores apoiam a privatização de escolas, universidades, prisões, hospitais e outros serviços sociais. A mania de privatizar cresce muito, sobretudo, na educação superior, com conservadores no Congresso dos EUA [e, no Brasil, até os juízes da Suprema Corte são donos de universidades privadas [1]] dedicados a aprovar medidas para aumentar a porcentagem de universidades e escolas superiores cujos proprietários são empresas, vale dizer,organizações orientadas para o lucro, e reduzir a porcentagem de universidades e escolas públicas.

O argumento que sempre se ouve para as privatizações é que as empresas são mais “eficientes”, porque são o modo pelo qual o “livre mercado” operaria para atender as necessidades do povo. Os progressistas respondem que não; que nesses setores da economia, nos quais é impossível aferir os “lucros” para o povo, o estado faz serviço melhor e menos ineficiente que as empresas comerciais. Agora, nos EUA, até um governador conservador parece ter chegado à conclusão de que, pelo menos nisso, os progressistas têm mais razão.

Dia 3/1/2014, a agência Associated Press publicou notícia de que o governador Republicano de um dos três estados mais-Republicanos dos EUA, Idaho, decidiu dar meia volta e anunciou que:

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

2013, ano que a Rainha Elizabeth 2ª se tornou, na visão dos barões da mídia, a nova “chavista” do planeta.

Derrotas dos barões da mídia em 2013
Por Altamiro Borges - Blog do Miro - 01/01/2014

Em 2013, o debate sobre o poder ditatorial dos meios de comunicação e sobre a urgência da regulação democrática da mídia ganhou impulso no mundo inteiro. Até o Reino Unido, chocado com os escândalos de corrupção e invasão de privacidade do império de Rupert Murdoch, aprovou uma dura legislação. A Rainha Elizabeth 2ª se tornou, na visão dos barões da mídia, a nova “chavista” do planeta. Os avanços mais sensíveis se deram na América Latina. Infelizmente, o Brasil se manteve na posição da “vanguarda do atraso” no enfrentamento desta questão estratégica.

O “Royal Charter” britânico


A nova legislação britânica, assinada em outubro, cria u órgão regulador para a mídia imprensa, estabelece um código de ética para os veículos e fixa multas de até R$ 3,7 milhões para os crimes da imprensa. Ela se soma à regulação já existente há décadas sobre as concessões públicas de rádio e televisão. Os abusos da mídia britânica, principalmente do império Murdoch – o maior do planeta – resultaram num fato inédito. A nova lei foi elaborada pelo governo conservador de David Cameron, obteve o apoio da oposição trabalhista e foi assinada pela Rainha Elizabeth.

Os monopólios do setor fizeram de tudo para sabotar a nova lei. Ingressaram na Justiça, pressionaram parlamentares e até atacaram a “sagrada” monarquia britânica. A pressão, porém, não evitou que a rainha ratificasse a “Royal Charter”, a carta real sobre a mídia imprensa. Os poderes públicos se viram pressionados pela sociedade, que não engoliu os crimes praticados pelo jornal “News of the Word”, do empresário australiano Rupert Murdoch. O tabloide, que subornou e grampeou telefones ilegalmente, inclusive foi fechado e seus diretores podem ir para a cadeia.

Pela lei aprovada, o novo órgão regulador poderá aplicar multas de até 1 milhão de libras (R$ 3,7 milhões), além de impor correções e pedidos de desculpas por parte de jornais e revistas com o mesmo destaque dado pelas matérias caluniosas. Ele será composto por integrantes indicados de forma independente, sendo vedada a participação de editores dos veículos privados. Já o código de ética exige “respeito pela privacidade onde não houver suficiente justificativa de interesse público”. Qualquer pessoa que alegar ter sido atingida por reportagens poderá acionar o órgão.

A defesa do pluralismo na Europa