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terça-feira, 27 de maio de 2014

O pavor dos abastados: a desigualdade e a taxação das riquezas. Piketty não vê caminho mais curto para diminuir as desigualdades do que a severa intervenção do Estado e da taxação progressiva da riqueza, até 80%, o que apavora os super-ricos.

O pavor dos abastados: a desigualdade e a taxação das riquezas
Por Leonardo Boff - Brasil de Fato - 26/05/2014

Para o teólogo Leonardo Boff, obra do economista francês Thomas Piketty acerta quando diz que “a desigualdade não é acidental, mas o traço característico do capitalismo”
Está causando furor entre os leitores de assuntos econômicos, economistas e principalmente pânico entre os muito ricos um livro de 700 páginas escrito em 2013 e publicado em muitos países em 2014. Tranasformou-se num verdadeiro best-seller. Trata-se de uma obra de investigação, cobrindo 250 anos, de um dos mais jovens (43 anos) e brilhantes economistas franceses, Thomas Piketty. O livro se intitula O capital no século XXI (Seuil, Paris 2013). Aborda fundamentalmente a relação de desigualdade social produzida por heranças, rendas e principalmente pelo processo de acumulação capitalista, tendo como material de análise particularmente a Europa e os EUA.

A tese de base que sustenta é: a desigualdade não é acidental, mas o traço característico do capitalismo. Se a desigualdade persistir e aumentar, a ordem democrática estará fortemente ameaçada. Desde 1960, o comparecimento dos eleitores nos EUA diminuiu de 64% (1960) para pouco mais de 50% (1996), embora tenha aumentado ultimamente. Tal fato deixa perceber que é uma democracia mais formal que real.

Esta tese sempre sustentada pelos melhores analistas sociais e repetida muitas vezes pelo autor destas linhas, se confirma: democracia e capitalismo não convivem. E se ela se instaura dentro da ordem capitalista, assume formas distorcidas e até traços de farsa. Onde ela entra, estabelece imediatamente relações de desigualdade que, no dialeto da ética, significa relações de exploração e de injustiça. A democracia tem por pressuposto básico a igualdade de direitos dos cidadãos e o combate aos privilégios. Quando a desigualdade é ferida, abre-se espaço para o conflito de classes, a criação de elites privilegiadas, a subordinação de grupos, a corrupção, fenômenos visíveis em nossas democracias de baixíssima intensidade.

Piketty vê nos EUA e na Grã-Bretanha, onde o capitalismo é triunfante, os países mais desiguais, o que é atestado também por um dos maiores especialistas em desiguldade Richard Wilkinson. Nos EUA, executivos ganham 331 vezes mais que um trabalhador médio. Eric Hobsbown, numa de suas últimas intervenções antes de sua morte, diz claramente que a economia política ocidental do neoliberalismo “subordinou propositalmente o bem-estar e a justiça social à tirania do PIB, o maior crescimento econômico possível, deliberadamente inequalitário”.

Em termos globais, citemos o corajoso documento da Oxfam intermón, enviado aos opulentos empresários e banqueiros reunidos em Davos nos janeiro deste ano como conclusão de seu “Relatório Governar para as Elites, Sequestro democrático e Desigualdade econômica”: 85 ricos têm dinheiro igual a 3,57 bihões de pobres do mundo.

O discurso ideológico aventado por esses plutocratas é que tal riqueza é fruto de ativos, de heranças e da meritocracia; as fortunas são conquistas merecidas, como recompensa pelos bons serviços prestados. Ofendem-se quando são apontados como o 1% de ricos contra os 99% dos demais cidadãos, pois se imaginam os grandes geradores de emprego.


Os prêmios Nobel, J. Stiglitz e P. Krugman têm mostrado que o dinheiro que receberam do Governo para salvarem seus bancos e empresas mal foram empregados na geração de empregos. Entraram logo na ciranda financeira mundial que rende sempre muito mais sem precisar trabalhar. E ainda há 21 trilhões de dólares nos paraísos fiscais de 91 mil pessoas.

Como é possível estabelecer relações mínimas de equidade, de participação, de cooperação e de real democracia quando se revelam estas excrecências humanas que se fazem surdas aos gritos que sobem da Terra e cegas sobre as chagas de milhões de co-semelhantes?

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O cartel planeja a sociedade. A Alston precisou de 12 dias apenas para emplacar uma novidade que o planejamento estadual tucano não conseguiu prever em anos.

O cartel planeja a sociedade
Saul Leblon - Carta Maior - 21/05/2014

A Alston precisou de 12 dias apenas para emplacar uma novidade que o planejamento estadual tucano não conseguiu prever em anos.

A Alston, incluída nas denúncias da engrenagem que há 20 anos lesa as licitações do metrô de São Paulo, avocou-se em 2005 a prerrogativa de alterar o traçado de uma linha do sistema e incluir uma nova estação no trajeto.

A notícia, embora tenha merecido um editorial da Folha, não chegou a sensibilizar os colunistas da indignação seletiva.

Falta de tempo, talvez.

A contagem regressiva para a Copa --quando tudo deve dar errado, ou pelo menos nada pode transpirar acerto, exige foco no repertório e na afinação do jogral.

As atenções assim monopolizadas explicam, ademais, que a Folha tenha noticiado e, rapidamente, abduzido da primeira página mais essa evidência gritante do desembaraço que rege as relações entre multinacionais, cartéis e o governo de São Paulo.

Há detalhes sugestivos do quão profunda é a ingerência do interesse privado na administração da coisa pública sob responsabilidade do PSDB.

A multinacional francesa precisou de 12 dias apenas para emplacar a novidade que o planejamento estadual tucano não conseguiu prever em anos.

Adicionalmente, incluiu no pacote medidas para lipoaspirar o mobiliário das estações, sem corte correspondente no seu preço de fornecimento, agindo, portanto, para vitaminar o próprio lucro.

É mais uma informação de como se define o investimento na mesa de decisões do tucanato paulista, que levou a maior e mais rica metrópole do país às portas do racionamento de água por falta de planejamento.

Mas não só isso.
Estamos diante de algo maior. Uma sugestiva ilustração dos limites que cercam o diferencial acenado pela plataforma conservadora para a disputa presidencial de outubro.

Qual seja, a promessa de destravar as amarras de um novo ciclo de crescimento, fazendo do país um barco complacente aos ventos dos livres mercados.

Vale dizer, da lógica das Alstons, Siemens e assemelhados.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Paul Krugman. Juros baixos = a eutanásia do rentista = eutanásia do poder opressor cumulativo do capitalista para explorar o valor da escassez de capital. Eles não estão dispostos a aceitar graciosamente sua eutanásia.

"Descrevi em diversas ocasiões como os defensores do dinheiro justo estão constantemente mudando de argumentos – tem a ver com a inflação; não, tem a ver com o funcionamento robusto do mercado; não, tem a ver com estabilidade financeira –, mas sempre com a mesma conclusão: as taxas têm de subir já."

"Bem, o que eu acho que estamos ouvindo são as vozes dos rentistas – e daqueles que, explícita ou implicitamente, trabalham para eles – pedindo seu direito natural a ganhar bons retornos mesmo que o recurso que eles controlam não seja mais escasso, na verdade. Eles não estão dispostos a aceitar graciosamente sua eutanásia." 

A eutanásia do rentista
por Paul Krugman  - CartaCapital - 03/02/2014

O fim do direito natural a bons retornos de capital com juros altos não será aceito graciosamente

Um leitor citou recentemente John Maynard Keynes: “Os principais erros da sociedade econômica em que vivemos são seu fracasso em oferecer pleno emprego e sua distribuição arbitrária e desigual de riqueza e rendas”. É claro que também é uma citação perfeita para nosso tempo. Está no último capítulo da Teoria Geral, o qual definitivamente suporta uma releitura à luz dos debates atuais.

Pois o que Keynes descreve nesse capítulo é basicamente uma condição da estagnação secular – de retornos de investimentos constantemente baixos, combinados com um excedente crônico de poupança. Ele acreditava, em 1936, que essa seria a situação dos negócios durante as décadas seguintes, e é claro que errou nisso. Mas não errou sobre a possibilidade dessa situação, e desde que Larry Summers, o ex-secretário do Tesouro, se revelou um estagnacionista secular algum tempo atrás, a visão de que talvez estejamos nela agora tornou-se corrente dominante.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O sistema financeiro, espécie de governo invisível da sociedade, rejeita a reeleição de Dilma. A banca considera que a ação do Estado, que por exemplo criou cerca de 14 milhões de empregos desde o início da crise mundial, compromete a eficiência do livre mercado!

Pesquisa feita com duas dezenas de expressivos dirigentes dessa constelação, ao abrigo do anonimato, como manda  o ofício, constata que o ‘Setor financeiro quer mudança no Planalto’, informa o jornal Valor Econômico desta 3ª feira.

"O governo invisível acha que o governo Dilma atrapalha o seu sistema viário - ainda que longe de comprometer o valor corrigido e real da frota, como atestam as taxas de juros do país, entre as três mais altas do mundo."

"Seis anos após o colapso de 2008 da ordem neoliberal, a OIT informa que existe um estoque de  202 milhões de desempregados no mundo  (62 milhões adicionados pela crise); 839 milhões de trabalhadores vivem com menos de US$ 2/dia e 48% do emprego atual é precário.
Vai piorar: espera-se um acréscimo  de mais 13 milhões de demitidos à legião disponível até 2018.
 O Brasil  criou cerca de 14 milhões de empregos desde o início da crise mundial  (sendo 1,1 milhão no ano passado, saldo carimbado como um fracasso pelo jornalismo isento).
 Os bancos preferem o modelo de  estabilidade espanhol: 26% de taxa de desemprego."


O governo invisível não quer Dilma
Saul Leblon - Editorial Carta Maior

Desde o início da crise, em seis anos de colapso neoliberal, o Brasil criou cerca de 14 milhões de empregos - sendo 1,1 milhão no ano passado.

A expressão ‘siga o dinheiro’, comum em filmes policiais, ilustra a percepção correta, adiantada por Adam Smith, de que a moeda desenha estradas invisíveis na sociedade.

Rastreando-as é possível desvendar aquilo que não se oferece imediatamente à vista.

Pelos caminhos do dinheiro circulam desde carregamentos lícitos, como safras, a armamentos, sonegações fiscais, drogas, favores políticos e outras miunças.

Os bancos são o entreposto de serviços desse trânsito.

Ademais de concederem abrigo seguro e rentável ao fluxo –eventualmente lavá-lo das marcas do caminho-- tem o poder de gerar e direcionar novos volumes de tráfego, em emissões de crédito desdobradas da carga ociosa em seus depósitos.

Esse notável replicador conecta-se a outros entroncamentos por onde o dinheiro graúdo viaja em primeiro classe, engordando sua existência (às vezes acometida de emagrecimentos súbitos causados pela gula tóxica).

O conjunto forma o que se chama de sistema financeiro.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Leonardo Boff. O Tempo da Grande Transformação e da Corrupção Geral. Os efeitos socioambientais desastrosos dessa mercantilização de tudo. Não há alternativa: ou mudamos ou pereceremos porque os nossos bens materiais não nos salvarão. A economia transformada num “deus salvador” de todos os problemas.

"Aqui cabe recordar as palavras proféticas de Karl Marx em 1847 Na miséria da filosofia:
”Chegou, enfim, um tempo em que tudo o que os homens haviam considerado inalienável se tornou objeto de troca, de tráfico e podia vender-se. O tempo em que as próprias coisas que até então eram co-participadas mas jamais trocadas; dadas, mas jamais vendidas; adquiridas mas jamais compradas – virtude, amor, opinião, ciência, consciência etc –em que tudo passou para o comércio. O tempo da corrupção geral, da venalidade universal ou, para falar em termos de economia política, o tempo em que qualquer coisa, moral ou física, uma vez tornada valor venal é levada ao mercado para receber um preço, no seu mais justo valor”.. "
O Tempo da Grande Transformação e da Corrupção Geral
Leonardo Boff - 18/01/2014

Normalmente as sociedade se assentam sobre o seguinte tripé: na economia que garante a base material da vida humana para que seja boa e decente; na política pela qual se distribui o poder e se montam as instituições que fazem funcionar a convivência social; a ética que estabelece os valores e normas que regem os comportamentos humanos para que haja justiça e paz e que se resolvam os conflitos sem recurso à violência. Geralmente a ética vem acompanhada por uma aura espiritual que responde pelo sentido último da vida e do universo, exigências sempre presentes na agenda humana.
Estas instâncias se entrelaçam numa sociedade funcional, mas sempre nesta ordem: a economia obedece a política e a política se submete àética.

Mas a partir da revolução industrial no século XIX, precisamente, a partir de 1834, a economia começou na Inglaterra a se descolar da política e a soterrar a ética. Surgiu uma economia de mercado de forma que todo o sistema econômico fosse dirigido e controlado apenas pelo mercado livre de qualquer controle ou de um limite ético.

A marca registrada deste mercado não é a cooperação mas a competição, que vai além da economia e impregna todas a relaçõe humanas. Mais ainda criou-se, no dizer de Karl Polanyi, ”um novo credo totalmente materialista que acreditava que todos os problemas poderiam ser resolvidos por uma quantidade ilimitda de bens materiais”(A Grande Transformação, Campus 2000, p. 58). Esse credo é ainda hoje assumido com fervor religioso pela maioria doseconomistas do sistema imperante e, em geral, pelas políticas públicas.

A partir de agora, a economia funcionará como o único eixo articulador de todas as instâncias sociais. Tudo passará pela economia, concretamente, pelo PIB. Quem estudou em detalhe esse processo foi o filósofo e historiador da economia já referido, Karl Polanyi (1866-1964), de ascendência húngara e judia e mais tarde convertido ao cristianismo de vertente calvinista. Nascido em Viena, atuou na Inglaterra e depois, sob a pressão macarthista, entre o Toronto no Canadá e a Universidade de Columbia nos USA. Ele demonstrou que “em vez de a economia estar embutida nas relações sociais, são as relações sociais que estão embutidas no sistema econômico”(p. 77). Então ocorreu o que ele chamou A Grande Transformação: de uma economia de mercado se passou a uma sociedade de mercado.

Em consequência nasceu um novo sistema social, nunca anteshavido, onde a sociedade não existe, apenas os indivíduos competindo entre si, coisa que Reagan e Thatscher irão repetir à saciedade. Tudo mudou pois tudo, tudo mesmo, vira mercadoria. Qualquer bem será levado ao mercado para ser negociado em vista do lucro individual: produtos naturais, manufaturados, coisas sagradas ligadas diretamente à vida como água potável, sementes, solos, órgãos humanos. Polanyi não deixa de anotar que tudo isso é “contrário à substância humana e natural das socidades”. Mas foi o que triunfou especialmente no após-guerra. O mercado é “um elemento útil, mas subordinado à uma comunidade democrática” diz Polanyi. O pensador está na base da “democracia econômica”.

Aqui cabe recordar as palavras proféticas de Karl Marx em 1847 Na miséria da filosofia: ”Chegou, enfim, um tempo em que tudo o que os homens haviam considerado inalienável se tornou objeto de troca, de tráfico e podia vender-se. O tempo em que as próprias coisas que até então eram co-participadas mas jamais trocadas; dadas, mas jamais vendidas; adquiridas mas jamais compradas – virtude, amor, opinião, ciência, consciência etc –em que tudo passou para o comércio. O tempo da corrupção geral, da venalidade universal ou, para falar em termos de economia política, o tempo em que qualquer coisa, moral ou física, uma vez tornada valor venal é levada ao mercado para receber um preço, no seu mais justo valor”..

Os efeitos socioambientais desastrosos dessa mercantilização de tudo, os estamos sentindo hoje pelo caos ecológico da Terra. Temos que repensar o lugar da economia no conjunto da vida humana, especialmente face aos limites da Terra. O individualismo mais feroz, a acumulação obsessiva e ilimitada enfraquece aqueles valores sem os quais nenhuma sociedade pode se considerar humana: a cooperação, o cuidado de uns para com os outros, o amor e a veneração pela Mãe Terra e a escuta da consciência que nos incita para bem de todos.

Quando uma sociedade se entorpeceu como a nossa e por seu crasso materialismo se fez incapaz de sentir o outro como outro, somente enquanto eventual produtor e consumidor, ela está cavando seu próprio abismo. O que disse Chomski há dias na Grécia (22/12/2013) vale como um alerta:”aqueles que lideram a corrida para o precipício são as sociedades mais ricas e poderosas, com vantagens incomparáveis como os USA e o Canadá. Esta é a louca racionalidade da ‘democracia capitalista’ realmente existente.”

Agora cabe a retorção ao There is no Alternative (TINA): Não há alternativa: ou mudamos ou pereceremos porque os nossos bens materiais não nos salvarão. É o preço letal por termos entregue nosso destino à ditadura da economia transformada num “deus salvador” de todos os problemas.

Com o economista e educadorMarcos Arruda escrevemos Globalização:desafios socioeconômicos, éticos e educacionais,Vozes 2001.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

“Estado ineficiente”, mito medíocre Há trinta anos, mídia martela suposta superioridade da iniciativa privada. Vale examinar bases desta crença (e interesses por trás dela)…

LINK: Revista Época 682 - 10/06/2011
"A noção de Estado como local privilegiado de corrupção é sustentada igualmente por preconceitos ideológicos. Na verdade, pode-se afirmar que o Estado pode ser eficiente e o mercado corrupto, não havendo qualquer relação obrigatória entre esses termos. A corrupção do Estado é um problema real que deve ser combatido através de ações de transparência pública e da prestação de contas à sociedade. De acordo com um relatório produzido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o Brasil perde de R$ 50,8 bilhões a R$ 84,5 bilhões por ano com corrupção governamental. Entretanto, a corrupção não é exclusividade do Estado. No que se refere a processos de sonegação fiscal, classificado como corrupção privada, uma pesquisa da organização britânica Tax Justice Network aponta perdas muito maiores para o país: 280,1 bilhões de dólares por ano."

“Estado ineficiente”, mito medíocre
Há trinta anos, mídia martela suposta superioridade da iniciativa privada. Vale examinar bases desta crença (e interesses por trás dela)…

Rafael Azzi  - Blog Outras Palavras - CartaCapital - 07/01/2014

[Este é o blog do site Outras Palavras em CartaCapital. Aqui  você vê o site completo]

A ideologia liberal defende a ideia de que a iniciativa privada é capaz de produzir bens e serviços de forma eficiente e barata; enquanto o Estado, considerado ineficiente e corrupto, seria simplesmente um obstáculo ao bom funcionamento do mercado. Trata-se de uma ideologia maniqueísta, pregando sempre a dicotomia Estado ruim versus mercado bom. Em muitos casos, tal percepção discriminatória se mostra de acordo com a realidade e, quando posta em prática por um determinado governo, torna-se uma profecia autorrealizável.

Segundo a mesma lógica, os funcionários públicos são considerados ineficientes e preguiçosos. Trata-se de um preconceito comum e persistente, mesmo diante do fato de que existem funcionários exemplares nos mais variados setores públicos, e de que, em instituições privadas, há empregados que, adaptados à cultura empresarial, conseguem ser premiados mesmo se esquivando do trabalho ou usando de formas pouco éticas.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Saul Leblon. Mídia e mercados: é hora de tirar uma lasca do Brasil. Um pedaço do pré-sal, talvez. Ou um naco das reservas em dólar. Quem sabe um escalpo extra da população para atingir ‘a meta cheia’ do superávit fiscal.

"Se é para tirar uma lasca do país, há que ser agora, na turbulência que o ajuste de ciclo internacional provoca nos portfólios especulativos.
Depois pode ficar tarde.
Um jornalismo rudimentar no conteúdo, ressalvadas as exceções de praxe, mas prestativo na abordagem, reveste esse assalto com uma camada de verniz naval de legitimidade incontrastável." 

Mídia e mercados: é hora de tirar uma lasca do Brasil
Saul Leblon - Carta Maior - 17/08/2013
O capital parasita – leia-se, rentistas, especuladores e a república dos acionistas sem pátria – acha que chegou a hora de tirar uma lasca do Brasil.

Um pedaço do pré-sal, talvez. Ou um naco das reservas em dólar. Quem sabe um escalpo extra da população para atingir ‘a meta cheia’ do superávit fiscal.

Os preparativos para o assalto começaram há algumas semanas; deixaram os rastros de sempre nas manchetes nada sutis do jornalismo ‘especializado’.