domingo, 8 de fevereiro de 2015

O auto-de-fé de Graça Foster. O enredo de sua vida que bem poderia sugerir uma homenagem de uma escola de samba, acabou destruído pelo fogo inquisidor. As fogueiras foram substituídas pelas capas de jornais e revistas. Virou máscara de carnaval e viu, do seu apartamento, dezenas de pessoas a lhe atacar a honra e a dignidade.

O auto-de-fé de Graça Foster
"O enredo de sua vida que bem poderia sugerir uma homenagem de uma escola de samba, acabou destruído pelo fogo inquisidor. Muitas daquelas pessoas que lá foram a sua casa, não seriam capazes de fazer um escracho em frente à casa de um torturador da época da ditadura, mas foram capazes de insultar uma mulher que foi vítima de injusta campanha vilipendiosa.

Estamos todos a pequeno um passo midiático de sermos tidos por corruptos e criminosos. Saiu uma nova delação, mas qual? As capas de revistas e jornais prescindem de realidade concreta, basta a manchete. Para justificá-la, apenas se diz que Sicrano envolveu o nome de Fulano em uma delação premiada e pronto.
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Por Patrick Mariano - Justificando - 07/02/2015


Nelly Senff é uma doutora em engenharia química que em 1975 resolve sair do leste para oeste de Berlim em busca de uma nova vida com o filho Alexej, após a morte do namorado. A vida nova na Alemanha Ocidental esbarra na difícil experiência de morar em um centro de refugiados e nos intermináveis e torturantes interrogatórios a que é submetida.

Aos poucos, descobre que a burocracia estatal da qual quis fugir e a insensibilidade impregnada nos procedimentos e processos administrativos não é muito diferente de um lado a outro. No Ocidente, fica à mercê do serviço secreto dos EUA que impiedosamente a coloca num jogo cruel de incontáveis interrogatórios sobre seu namorado. A ação faz com que Nelly desenvolva o medo e a desconfiança de tudo e de todos, até mesmo sobre a veracidade da morte do pai de seu filho. O processo pode despertar quadros paranoicos e isso Kafka bem ilustrou.


Tudo isso se passa no filme Westen (Alemanha, 2013), de Christian Schwochow. O filme faz parte da nova safra de filmes alemães e retrata, com profundidade, o drama do sujeito face ao estado. A luta é desigual e, quando não se dá em conformidade as regras estabelecidas, causa dor, sofrimento e a destruição do outro.

Nelly fugia de algo que ultrapassava as fronteiras e mal sabia que a sedução do poder punitivo sem freios é capaz de atravessar regimes e ideologias políticas.

Vivemos tempos parecidos. Existem algumas semelhanças entre a personagem do filme e Graça Foster, para além do fato de ambas serem engenheiras químicas. A personagem brasileira foi condenada sem julgamento por fatos que sequer participou. Como Nelly, sem sequer saber do que era acusada, passou meses sendo defenestrada na “opinião pública”, virou máscara de carnaval e viu, do seu apartamento, dezenas de pessoas a lhe atacar a honra e a dignidade.

De Foster pode se dizer (embora questionável seja) que não tenha sabido gerir uma empresa no momento de sua maior crise, mas não é disso que se trata. As pessoas que foram à sua residência não traziam cartazes escrito[1]: “má gestora”. Entre os inquisidores que foram a rua se ouvia:

“a gente quer que ela abra a boca e conte [o que sabe sobre os esquemas de corrupção dentro da estatal] e deixe de blindar os envolvidos. Ela está envergonhando todo mundo”.

E nas janelas, moradores aplaudiam o protesto e gritavam:

“Ô Graça Foster, você vai ver, o seu vizinho tem vergonha de você”.

Aqui há muitas semelhanças com as cerimônias de penitência (auto-de-fé) ocorridos na península ibérica séculos atrás. As fogueiras foram substituídas pelas capas de jornais e revistas.

Poucos ali sabiam que Maria das Graças Silva Foster saiu do interior de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, morou em favela da zona carioca e chegou a catar papelão e latas para contribuir na economia de casa até se tornar a primeira mulher a ocupar o cume da maior empresa brasileira.

O enredo de sua vida que bem poderia sugerir uma homenagem de uma escola de samba, acabou destruído pelo fogo inquisidor. Muitas daquelas pessoas que lá foram a sua casa, não seriam capazes de fazer um escracho em frente à casa de um torturador da época da ditadura, mas foram capazes de insultar uma mulher que foi vítima de injusta campanha vilipendiosa.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Terrorismo antinacional em curso. Quem quer o fim do Brasil? O Brasil não vai acabar em 2015. Mas se nada for feito para desmitificar a campanha antinacional em curso, poderemos, sim, assistir ao “fim do Brasil” como o conhecemos. É esse país – que em 11 anos aumentou sua economia em 400%, passou de devedor a credor do FMI e quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos, que duplicou a safra agrícola, que reduziu a menos de 5% o desemprego – que malucos estão dizendo que irá “quebrar” em 2015

Quem quer o fim do Brasil?

Mauro Santayana - Rede Brasil Atual - 31/01/2015 

Combate à corrupção deve ser entendido como meio de sanar nossas grandes empresas, públicas e privadas, não de inviabilizá-las como instrumentos estratégicos

É esse país – que em 11 anos aumentou sua economia em 400%, passou de devedor a credor do FMI e quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos, que duplicou a safra agrícola, que reduziu a menos de 5% o desemprego – que malucos estão dizendo que irá “quebrar” em 2015

Já há alguns meses, e mais especialmente na época da campanha eleitoral, grassam na internet mensagens com o título genérico de “O Fim do Brasil”, defendendo a estapafúrdia tese de que a nação vai quebrar nos próximos meses, que o desemprego vai aumentar, que o país voltou, do ponto de vista macroeconômico, a 1994 etc. etc. – em discursos irracionais, superficiais, boçais e inexatos. Na análise econômica, mais do que a onda de terrorismo antinacional em curso, amplamente disseminada pela boataria rasteira de botequim, o que interessa são os números e os fatos.

Pedidos de falência caem 5,5% em 2014, revela Serasa Experian - Aqui: o levantamento histórico


Segundo dados do Banco Mundial, o PIB do Brasil passou, em 11 anos, de US$ 504 bilhões em 2002, para US$ 2,2 trilhões em 2013. Nosso Produto Interno Bruto cresceu, portanto, em dólares, mais de 400% em dez anos, performance ultrapassada por pouquíssimas nações do mundo. Para se ter ideia, o México, tão “cantado e decantado” pelos adeptos do terrorismo antinacional, não chegou a duplicar de PIB no período, passando de US$ 741 bilhões em 2002 para US$ 1,2 trilhão em 2013; os Estados Unidos o fizeram em menos de 80%, de pouco mais de US$ 10 trilhões para quase US$ 18 trilhões.

Em 11 anos, passamos de 0,5% do tamanho da economia norte-americana para quase 15%. Devíamos US$ 40 bilhões ao FMI, e hoje temos mais de US$ 370 bilhões em reservas internacionais. Nossa dívida líquida pública, que era de 60% há 12 anos, está em 33%. A externa fechou em 21% do PIB, em 2013, quando ela era de 41,8% em 2002. E não adianta falar que a dívida interna aumentou para pagar que devíamos lá fora, porque, como vimos, a dívida líquida caiu, com relação ao PIB, quase 50% nos últimos anos.

Em valores nominais, as vendas nos supermercados cresceram quase 9% no ano passado, segundo a Abras, associação do setor, e as do varejo, em 4,7%. O comércio está vendendo pouco? O eletrônico – as pessoas preferem cada vez mais pesquisar o que irão comprar e receber suas mercadorias sem sair de casa – cresceu 22% no ano passado, para quase US$ 18 bilhões, ou mais de R$ 50 bilhões, e o país entrou na lista dos dez maiores mercados do mundo em vendas pela internet.