segunda-feira, 31 de março de 2014

História do Brasil e da imprensa brasileira. Golpe militar de 1964. A Globo e a ditadura militar, segundo Walter Clark, autor do livro "O Campeão de Audiência"

A Globo e a ditadura militar, segundo Walter Clark
Blog do Argemiro Ferreira - 03/04/2010
Ainda que não tivesse sido esse o objetivo de sua autobiografia, na qual relatou há 19 anos a incrível trajetória que o transformara no todo-poderoso senhor, por mais de uma década, da quarta rede comercial de televisão do mundo, Walter Clark acabou por oferecer no livro – O Campeão de Audiência (veja a capa abaixo), que teve o jornalista Gabriel Priolli como co-autor, Editora Best Seller, 1991 – uma contribuição importante para a compreensão das relações muito especiais entre a TV Globo e o regime militar à sombra do qual floresceu. Além de rejeitar a conhecida imagem da emissora como uma espécie de porta-voz do “Brasil Grande” do ditador Médici, ele garantia nunca ter visto Roberto Marinho (foto no alto, da capa do livro promocional assinado por seu empregado Pedro Bial), “se humilhar diante de quem quer que fosse, milico ou não, presidente da República ou não. Ao contrário, é uma altivez que fica sempre no limite da arrogância.”

sexta-feira, 28 de março de 2014

50 anos do Golpe Militar. “Muito Além do Cidadão Kane”: a incrível atualidade do único documentário sobre Roberto Marinho.

"Meio século após o golpe, “Muito Além do Cidadão Kane” reforça esse ponto: um relato honesto e abrangente sobre a ditadura tem, obrigatoriamente, de levar em conta o protagonismo da TV Globo e de Roberto Marinho. Sem o doutor Roberto, provavelmente nada teria sido possível.

“Muito Além do Cidadão Kane”: a incrível atualidade do único documentário sobre Roberto Marinho
Kiko Nogueira - Diário do Centro do Mundo - 28/03/2014 

O documentário “Muito Além do Cidadão Kane”, de 1993, é uma daquelas obras com a rara capacidade de ficar mais atuais à medida que o tempo passa — um, por sua qualidade, dois, pela falta completa de algo parecido.

Conta a história de Roberto Marinho e da Globo. Nos 50 anos do golpe, ajuda a compreender uma relação umbilical e uma, digamos, retroalimentação em que uma das partes teve fim — a ditadura — e a outra seguiu firme e forte.

“Beyond Citizen Kane” foi produzido pelo Canal 4 britânico e dirigido por Simon Hartog, cineasta independente que começou a carreira nos anos 60. Hartog morreu quando o filme estava sendo editado. Não pôde ver seu impacto.

Foi exibido na Inglaterra. A Globo tentou comprar os direitos para se livrar dele, mas Hartog já havia se precavido contra isso numa cláusula. Em seguida, entrou na Justiça para proibir sua exibição no MAM do Rio em março de 1994 — e ganhou, naturalmente. Os pôsteres foram recolhidos pela polícia.

A cópia que passaria no MIS, em São Paulo, foi confiscada a mando do governador Luiz Antonio Fleury. Outras puderam circular legalmente em universidades só nos anos 2000. Hoje, graças à internet, “Muito Além do Cidadão Kane” está no YouTube na íntegra.

O tom não é de libelo, não é histérico, não é conspiratório. Ao contrário, é uma longa reportagem, extremamente sóbria, contando uma história que não tinha sido contada sobre a maior rede de televisão do Brasil e seu dono. Isso é notícia.

Hartog e equipe falaram com mais de 40 pessoas — de Chico Buarque a Armando Falcão, de ACM ao ex-diretor de jornalismo da Globo Armando Nogueira. Acompanham, também, a “família Silva”, moradora da periferia de Salvador. Pai, mãe e filhos num barraco escuro, cujo maior foco de luz vem de uma telinha de tevê na mesa da sala/cozinha, ligada no Fantástico.

Há vozes críticas, evidentemente: Brizola (que compara RM a Stalin, já que ambos mandavam seus desafetos para a Sibéria ou para o “esquecimento”); Chico Buarque, lembrando do poder “assustador” da emissora e dos jabás; Lula, pré-Lulinha Paz e Amor, reclamando do “senhor” que manda em tudo e da cobertura das greves do ABC.

Mas ali estão também empresários, publicitários (como Washington Olivetto), políticos, funcionários e ex-funcionários. Armando Falcão, ministro da Justiça durante a ditadura, lembra com carinho do amigo e diz, candidamente, que ele já era “revolucionário antes da Revolução de 64”. “Doutor Roberto nunca me criou nenhum tipo de dificuldade”, diz ele. Roberto Civita, dono da Abril, explica como sua empresa não conseguiu as concessões que queria em 1980 após a falência da Tupi.

Hartog mostra, com imagens e depoimentos da época, como a Globo se esforçou para sedimentar a boa reputação do regime militar. Lembra que a fatia do bolo publicitário da propaganda governamental já era grande na época e que, em 1990, a Globo detinha 75% da verba total no país.

Walter Clark, chefe da emissora antes de Boni, conta que Roberto Marinho o demitiu porque Clark “já tinha montado o trem elétrico e agora ele podia brincar à vontade. É uma pessoa bem parecida com o Cidadão Kane, mas acho que ele não tem o Rosebud”.

Marinho, obviamente, não deu entrevistas. Surge ao lado de todos os generais e, em seguida, com Tancredo, Sarney e Collor. “Doutor Roberto é meu amigo há mais de 30 anos. O pessoal tem muita inveja”, afirma Antônio Carlos Magalhães, feito ministro das comunicações por Roberto Marinho no governo Sarney.

A certa altura, menciona-se a minissérie “Anos Rebeldes”, que tratou da inquietação da juventude brasileira no fim dos anos 60. Ficou manca: faltou um papel para a Globo, que não é coadjuvante.

Meio século após o golpe, “Muito Além do Cidadão Kane” reforça esse ponto: um relato honesto e abrangente sobre a ditadura tem, obrigatoriamente, de levar em conta o protagonismo da TV Globo e de Roberto Marinho. Sem o doutor Roberto, provavelmente nada teria sido possível.

quinta-feira, 27 de março de 2014

A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa do Brasil. E por ser uma estatal e eficiente, sempre incomodou os conservadores do país.

A PETROBRÁS INCOMODA

Erro cometido na compra de Pasadena não pode encobrir vitórias recentes na mais bem sucedida empresa da história do país

por Marcelo Zero (*)

A Petrobras incomoda. Na realidade, a Petrobras sempre incomodou os conservadores do país.

Pudera. Nascida da histórica campanha nacionalista “o Petróleo é nosso”, a Petrobras se converteu naquilo que os paleoliberais consideram praticamente uma impossibilidade: uma empresa estatal bem-sucedida e eficiente. Ela é um acabado contraexemplo das teses antiestatais e antidesenvolvimentistas que sustentavam o fracassado paradigma privatizante e liberalizante que ruiu no início deste século.

Assim, a Petrobras é anátema, nos cânones do (paleo)neoliberalismo tupiniquim. Não deveria existir, mas existe. Não deveria fazer sucesso, mas faz. A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa do Brasil.

No início, há 60 anos, diziam que o Brasil não tinha petróleo. Convenientes estudos de geólogos estrangeiros asseguravam que não havia jazidas de óleo em território nacional. A Petrobras, portanto, não fazia muito sentido.

Mas ela perseverou e acabou descobrindo, graças a um enorme esforço de pesquisa, jazidas significativas de petróleo e gás em nosso leito marítimo. Primeiro no Nordeste; depois na Bacia de Campos. Tais jazidas, situadas no que hoje se conhece como pós-sal, contribuíram para diminuir bastante a nossa dependência de importações de hidrocarbonetos.

Mesmo assim, as ofensivas contra a grande estatal brasileira continuaram. No governo Collor, o Credit Suisse chegou a apresentar um plano para privatizar a Petrobras. O plano privatizava a companhia por partes. Primeiro, se venderiam as suas subsidiárias, o que, de fato, ocorreu posteriormente. Depois, a holding seria fatiada em unidades de negócio, as quais seriam privatizadas, em seguida.

No entanto, foi no governo FHC, que essas ofensivas se intensificaram e se concretizaram parcialmente.

Com efeito, foi naquele governo que se promulgou a famosa Lei nº 9478/97. Essa norma produziu duas grandes consequências.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Ditadura militar. Corrupção, miséria, censura, violência, insegurança, opressão e trabalho infantil institucionalizado (reduziu a idade mínima legal de trabalho para 12 anos).

Corrupção, miséria, censura, violência, insegurança, opressão e trabalho infantil na ditadura
Juremir Machado da Silva - CORREIO DO POVO - 25 de março de 2014

Só que não estuda ou age por má-fé e ideologia fala em segurança, ensino de qualidade, empregabilidade total e padrão de vida invejável durante o regime militar.

Charges de Vitor Teixeira
A ditadura foi o sistema do trabalho infantil institucionalizado, da inflação alta, da redução do poder aquisitivo dos mais pobres, da insegurança no emprego, do fim da estabilidade com a criação do FGTS, da violência estatal, da corrupção eleitoral e da retirada de investimentos da saúde e da educação. Os primeiros mensalões aconteceram naqueles dias, com compra de voto e de apoio parlamentar. Segue um trecho de meu livro “Jango, a vida e a morte no exílio” sobre esse quadro desolador. 

Uma resolução do Ministério da Justiça crava seu veneno noutro coração, o da imprensa, enfim, acordada: “É vedada a descrição minuciosa do modo de cometimento de delitos”. 

A ditadura gosta de agenda positiva: censura a divulgação da descoberta de uma carga de drogas no quartel da Barra Mansa. 

O gaúcho Arnaldo Pietro, ministro do Trabalho, bloqueia, em 1974, as notícias sobre sua fracassada política salarial. Até “gravuras eróticas de Picasso” caem na malha fina do obscurantismo dos censores por obscenas.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Ação de desapropriação deve barrar reintegração de posse do edifício Mauá. Prefeitura de São Paulo comprará imóvel. 237 famílias ocupam o prédio. Reforma irá viabilizar 160 apartamentos

 Prefeitura de São Paulo comprará imóvel para evitar despejo de ocupação emblemática
Gisele Brito, da RBA  - 24/03/2014
Informação foi dada por administração Haddad durante reunião hoje com moradores da Mauá, que completa sete anos. Ação de desapropriação deve barrar reintegração de posse marcada para dia 15

Depois de 20 anos de abandono, 237 famílias ocupam o prédio. Reforma irá viabilizar 160 apartamentos

Foto: Manoel Marques
São Paulo – Depois de sete anos de luta dos moradores, a prefeitura de São Paulo deve desapropriar o edifício ocupado da rua Mauá, no bairro da Luz, região central da cidade. A medida foi informada para os coordenadores da ocupação durante reunião na tarde de hoje (24) pelo secretário municipal de Habitação, José Floriano Neto. “O jogo só termina quando acaba e nós ficaremos atentos até que esteja tudo certo. Mas é uma luz, uma vitória muito grande”, afirma Ivanete Araújo, coordenadora da ocupação e integrante do Movimento Sem-teto do Centro (MSTC).

Na prática, a desapropriação é uma compra. A prefeitura deverá depositar cerca de R$ 11 milhões em uma conta judicial até a primeira semana de abril e, assim, a posse do imóvel passa à administração municipal.

O prazo deve ser cumprido para que a administração Fernando Haddad (PT) possa pedir a suspensão da reintegração de posse do imóvel, marcada para o próximo dia 15. Desde 2012 há um pedido dos proprietários tramitando na Justiça pedindo a saída das famílias. Naquele mesmo ano, os advogados que defendem os moradores do prédio entraram com uma apelação para garantir a permanência no local até que um agravo mostrando irregularidades no processo e a legitimidade da presença dos ocupantes fosse julgado.

O jogo pesado: tirar a Petrobras de campo. Uma costela de pirarucu engasgada na goela do neoliberalismo, que atrapalha a "ordem natural das coisas".

O jogo pesado: tirar a Petrobras de campo
Saul Leblon - Carta Maior - 24/03/2014

O caso Pasadena pode ser tudo menos aquilo que alardeia a sofreguidão conservadora. O alvo é: espetar na Petrobras a prova da presença do Estado na economia.

O caso Pasadena pode ser tudo menos aquilo que alardeia a sofreguidão conservadora.


Pode ser o resultado de um ardil inserido em um parecer técnico capcioso. Pode ser fruto de um revés de mercado impossível de ser previsto, decorrente da transição desfavorável da economia mundial; pode ser ainda –tudo indica que seja-- a evidência ostensiva da necessidade de se repensar um critério mais democrático para o preenchimento de cargos nas diferentes instancias do aparelho de Estado.

Pode ser um mosaico de todas essas coisas juntas.

Mas não corrobora justamente aquela que é a mensagem implícita na fuzilaria conservadora nos dias que correm.

Qual seja, a natureza prejudicial da presença do Estado na luta pelo desenvolvimento do país.

Transformar a história de sucesso da Petrobrás em um desastre de proporções ferroviárias é o passaporte para legitimar a agenda conservadora nas eleições de 2014.

Ou não será exatamente o martelete contra o ‘anacronismo intervencionista do PT’ que interliga as entrevistas e análises de formuladores e bajuladores das candidaturas Aécio & Campos? (Leia neste blog ‘Quem vai mover as turbinas do Brasil?’)

Pelas características de escala e eficiência, ademais da esmagadora taxa de êxito que lhe é creditada – uma das cinco maiores petroleiras do planeta, responsável pela descoberta das maiores reservas de petróleo do século XXI-- a Petrobrás figura como uma costela de pirarucu engasgada na goela do mercadismo local e internacional.

domingo, 23 de março de 2014

Marcha das Famílias com Deus pela Liberdade. Os últimos blocos tardios do carnaval. Os blocos da morte. Blocos tristes, que não cantam o amor nem a alegria, que marca e contagia o coração brasileiro. Os raivosos passistas desses blocos dizem que estão com Deus. Mas se olvidam que Deus não está com aqueles que defendem os que usaram porretes, choques elétricos e pau-de-arara.

O BRASIL E OS BLOCOS DA MORTE
Mauro Santayana - 23/03/2014
(Hoje em Dia) - O Carnaval acabou há alguns dias, mas tem gente convocando novos blocos para sair às ruas.

Esses últimos blocos tardios, tem o nome de MARCHA DAS FAMÍLIAS COM DEUS PELA LIBERDADE.

Link - Marcha da  Ku Klux Klan - Washington:  08-08-1925 

Os seus raivosos passistas dizem que estão com as famílias.

Mas se esquecem de outras famílias, que há cinquenta anos desfilaram em marchas semelhantes, e que – apesar disso - tiveram irmãos e filhos torturados e “desaparecidos” pelos agentes do mesmo regime que ajudaram a colocar no poder, no dia primeiro de abril de 1964.

Os raivosos passistas desses blocos dizem que estão com Deus.

Mas se olvidam que Deus não está com aqueles que defendem os que usaram porretes, choques elétricos e pau-de-arara. Que espancaram e assassinaram homens e mulheres indefesas, nos porões, como fizeram com seu único filho, um dia, chicoteando-o, rindo e cuspindo em seu rosto antes de cravar em sua cabeça uma coroa de espinhos, para que a usasse, sob a sombra da Cruz, a caminho do Calvário.

Eles pedem a prisão e o massacre de comunistas, como antes o faziam os nazistas, com os judeus, os ciganos, e os homossexuais.
Mas se esquecem do Papa Francisco – que defende o direito à opinião e à diversidade - que disse que não era comunista, mas que nada tinha contra os marxistas, porque ao longo da vida havia conhecido vários, que eram homens honestos e boas pessoas.

sábado, 22 de março de 2014

16 conselhos para você fazer sucesso como um novo anticomunista

16 conselhos para você fazer sucesso como um novo anticomunista
Kiko Nogueira - DCM - 23 Mar 2014


O anticomunismo está na moda, como na Guerra Fria. Com uma novidade: nunca tantos malucos foram tão barulhentos, ao menos no Facebook e em marchas. Não é preciso muito: basicamente, você só tem de ser relativamente ignorante e repetir feito um papagaio alguma poucas palavras e expressões como “petralha ladrão”, “lulopetista”, “Miami é que é bom”, “isso aqui não tem jeito”. Esse é um bom começo.
Mas a verdade é que os socialistas estão batendo às nossas portas, ameaçando as nossas famílias e, se você quiser fazer sucesso numa festa de gente burra e sem noção da realidade, eis alguns conselhos importantes para se tornar um novo anticomunista.

  1. Insista que o marxismo está desacreditado, desatualizado e totalmente morto e enterrado. Em seguida, faça uma carreira lucrativa batendo nesse cavalo morto pelo resto da sua vida.
  2. Comunismo ou marxismo é o que você quiser que seja. Sinta-se livre para rotular países, movimentos e regimes como “comunistas”, independentemente de coisas como ideologia, relações diplomáticas, política econômica etc.
  3. Se houver um conflito envolvendo comunistas, todas as mortes devem ser culpa do comunismo. Tenha cuidado ao aplicar isto à Segunda Guerra Mundial. Fascistas que lutaram contra os soviéticos tudo bem, mas tente não elogiar abertamente a Alemanha nazista. Deixe isso para conversas privadas.
  4. Cite constantemente George Orwell. Fale da “Revolução dos Bichos” ou de “1984”. Diga que Lula é o Grande Irmão.
  5. Cite Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Olavo de Carvalho. Cite Nelson Rodrigues, que você nunca leu e não entende muito bem, mas isso não vem ao caso.
  6. Mencione quantidades maciças de “vítimas do socialismo” sem se importar com demografia ou consistência. 3 milhões de pessoas mortas de fome? 7 milhões? 10 milhões? 100 milhões no total? Você não precisa se preocupar com ninguém verificando se é verdade, o que é bom já que você não tem a menor ideia.