quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A mentira do PSDB sobre a inflação no período de FHC. Em janeiro de 1995, quando houve a posse de FHC, a inflação foi mantida em 1,7%. FHC recebeu de Itamar Franco uma inflação moderada e não uma inflação anual superior a 900% como afirma o PSDB.

A mentira do PSDB sobre a inflação no período de FHC

Por João Sicsú - 12/10/2014 - Revista Forum

Leia o post do PSDB na foto e VEJA a mentira e a manipulação grosseira dos números.

Fernando Henrique Cardoso tomou posse em 1º de janeiro de 1995. A inflação caiu em julho de 1994, durante o governo de Itamar Franco. A nova moeda, o real, teve início em 1º de julho. Aqui foi o momento de queda da inflação. Observe a tabela com as taxas de inflação referentes a 1994, em variação %.
● Janeiro: 41,3
● Fevereiro: 40,3
● Março: 42,8
● Abril: 42,7
● Maio: 44
● Junho: 47,5
☆ Julho: 6,8
☆ Agosto: 1,9
☆ Setembro: 1,5
☆ Outubro: 2,6
☆ Novembro: 2,8
☆ Dezembro: 1.71
A MENTIRA
Em janeiro de 1995, quando houve a posse de FHC, a inflação foi mantida em 1,7%. FHC recebeu de Itamar Franco uma inflação moderada e não uma inflação anual superior a 900% como afirma o PSDB. Basta olhar os números da tabela para se ter a certeza que não existem os tais 900%. AQUI ESTÁ A MENTIRA.
A TENTATIVA DE MANIPULAÇÃO
Só é possível encontrar o número sugerido pelo PSDB se somarmos a inflação de janeiro a dezembro de 1994, mas não foi exatamente isto que foi herdado. A herança foi a inflação de julho a dezembro de 1994. Houve uma mudança estrutural durante o ano de 1994. FHC herdou a inflação com o Plano Real já implantado. Não podemos somar laranjas com bananas (não podemos somar a inflação antes e depois do Plano Real). AQUI ESTÁ A MANIPULAÇÃO GROSSEIRA.
OS DEMAIS NÚMEROS SÃO CORRETOS
FHC entregou para Lula uma inflação superior a 12,5% e que estourou a meta limite em 2001 e 2002. Nos governos de Lula e Dilma, a inflação voltou para a meta e aí está desde 2004.
Armínio Fraga é o ex-presidente do Banco Central campeão de juros altos: 45% ao ano. Ele foi presidente do BC durante o 2º governo de FHC, de 1999 a 2002.

Inflação: moderada e sob controle ou alta e descontrolada?
Por João Sicsú 09/10/2014 - Revista Forum

A discussão sobre as causas e efeitos da inflação tem sido muito rebaixada. Usa-se qualquer rótulo para classificar a inflação.  Não há compromisso com os fatos, despreza-se a coerência e faz-se o culto à superficialidade.

A inflação no Brasil não é alta. A inflação média dos últimos oito anos (2006-2013) foi de 5,2%. Nesse período, a menor taxa anual foi 3,1% e a maior foi 6,5%. Inflação alta era antes do Plano Real, lançado em 1994, quando o presidente era Itamar Franco.
Sejamos intelectualmente honestos, inflação alta existia quando a causa da inflação era a própria inflação. Quando os preços aumentavam hoje porque tinham aumentado ontem. Havia uma corrida de diferentes preços e salários para evitar perdas. Havia uma corrida descontrolada de preços, não havia previsibilidade, os contratos eram frágeis e a inflação era superior a 80% ao mês. Hoje, a inflação mensal é quase sempre inferior a 0,5%.
De 1994 para cá, temos tido taxas moderadas de inflação.  As causas são pontuais. No contexto de inflação moderada, há causas específicas, por exemplo, a alta dos alimentos ou uma desvalorização cambial. Após o Plano Real, ingressamos num regime de taxas moderadas, horas mais elevadas, horas mais baixas – mas a trajetória sempre foi de uma inflação moderada. Existe previsibilidade, os contratos não são abalados por conta de altas taxas inflacionárias. Devedor e credor podem assinar contratos com segurança.
Por motivos eleitorais, tucanos lançam o ataque: “a inflação é alta e descontrolada”.  Não querem debate de ideias. Chamam para o Fla-Flu. Então devemos mostrar o placar. Vamos à comparação numérica entre os 8 anos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e as administrações do PT (2003-hoje).
Está superada a discussão se a inflação é moderada ou alta: de 1995 aos dias de hoje é moderada. A média da inflação no governo Dilma foi de 6,1% ao ano. No mesmo período, a inflação nos Brics foi de 6,3%. Mas, no Brasil o efeito da inflação tem sido neutralizado já que os reajustes dos rendimentos do trabalho e do salário mínimo desde 2003 aos dias de hoje têm sido maiores que a inflação. Isso é fato reconhecido pelos tucanos. Mas como não prestam atenção nos trabalhadores, mas somente nos negócios, dizem que essa dinâmica retira competitividade das empresas. Em outras palavras, reduz os lucros – pelo simples fato que salários reais estão aumentando.
Está ultrapassada, também, a discussão se há descontrole ou não: desde 1994, quando foi quebrado o regime de alta inflação, temos inflação sob controle. Resta a discussão: quem obteve melhores resultados em termos de taxas e custos sociais dentro desta situação consagrada de inflação moderada e sob controle que já dura 20 anos.
Vamos aos números. São, flagrantemente, favoráveis às administrações do Partido dos Trabalhadores. A inflação média nos governos tucanos foi de 9,25%. É importante apontar a causa. Sofríamos constantemente de choques cambiais que contaminavam todos os preços da economia. O câmbio disparava. Não tínhamos reservas em dólares para vacinar os choques cambiais, éramos um país com uma alta vulnerabilidade externa. Nossas reservas eram 10 vezes menores do que são hoje.

Sem reservas, os governos tucanos elevavam juros e cortavam gastos para conter a inflação matando toda economia. Ainda assim, o câmbio contaminava os preços e havia inflação. Juros eram estratosféricos, o desemprego era alto (superior a 12% ao final de 2002, hoje é 5%). A inflação média durante a gestão de Armínio Fraga (1999 a 2002) à frente do Banco Central foi de 8,8%. O anunciado ministro da Fazenda de Aécio Neves manteve taxas médias de juros próximas a 20% durante quatro anos. É o campeão de taxas de juros elevadas, ele bateu o recorde em 1999 e estabeleceu juros de 45% ao ano. Somente a insensibilidade econômica/social e a afinidade política/ideológica explicam o 45.
Foi Armínio Fraga que introduziu o regime de metas de inflação no Brasil em 1999. Nesse ano, a meta foi atingida, mas o resultado não pode ser comemorado porque a meta foi estabelecida em junho, quando já se sabia a inflação da metade do ano. Nos três anos seguintes, Armínio Fraga estourou a meta em dois, 2001 e 2002. Após ter estourado a meta de 2001, Armínio Fraga em carta (disponível no site do Banco Central) dirigida ao Ministro da Fazenda Pedro Malan, previu uma inflação de 3,7% para 2002. Errou feio. Foi de 12,5%. Bom de previsão não é. Cabe destacar: em 11 anos (2003 a 2013) de administração do regime de metas, apenas em 2003 o governo do PT estourou a meta.
Por último, se chamam a inflação durante o governo Dilma de “alta e descontrolada”, para manter a coerência política – e não técnica, essa já foi desprezada – qual seria o rótulo que usariam para descrever a inflação durante a gestão de Armínio Fraga à frente do Banco Central? Muito alta e estourada???
Armínio Fraga foi indicado para ser Ministro da Fazenda de Aécio Neves. Melhor se for ministro da fazenda de Cláudio.

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