Foto: Vitor Teixeira. Colunistas infectados: fuja deles |
Tijolaço - 26 de agosto de 2013 | 13:33
O blogueiro Ricardo Noblat está sendo massacrado por seu leitores em O Globo.
Seja por convicção ou por ter percebido que se forma uma imensa maré de opinião pública, Noblat resolveu enfrentar o público udenista de seu blog e declarar-se a favor da importação de médicos cubanos.
Adota o discurso de que, bem, isso é marquetagem do Governo Dilma, mas ainda assim é bom.
Abriu uma enquete para apurar a opinião dos leitores, embora o jornal já estivesse fazendo outra que, ao que parece, foi retirada do ar e dava apenas 27% de aprovação à vinda dos estrangeiros.
É aquela história do Pulitzer: ”Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.”
Importa no episódio, porém, a sua leitura política.
É o “adiram ou serão devorados” que está sendo gritado às forças do conservadorismo, que estão mudas, com esparsas manifestações como o editorial da Folha e o artigo da Eliane Cantanhênde, um que ninguém lê e outro que ninguém dá importância.
Segue o texto de Noblat, cujo título – Só vejo vantagens – é rapidamente esclarecido com a observação “sobre a vinda de médicos estrangeiros”
‘Só vejo vantagens’ (sobre a vinda de médicos estrangeiros)
Ricardo Noblat
Sem tolices, por favor. Queriam o quê? Que precisando contratar médicos para fixar no interior do país o governo não o fizesse só por que os nossos têm outros planos? Ou então que contratasse estrangeiros, mas não cubanos por que eles vivem sob uma ditadura?
Com quantas ditaduras o Brasil mantém relações? Sabe em que governo o Brasil reatou relações diplomáticas com Cuba? No do conservador José Sarney. Pois não é?
Desembarcaram por aqui no último fim de semana os 400 médicos cubanos que aceitaram trabalhar durante três anos nos 701 municípios rejeitados por brasileiros e estrangeiros em geral inscritos no programa “Mais Médicos”.
São municípios que exibem os piores índices de desenvolvimento humano do país, 84% deles situados no Norte e no Nordeste. Os nossos médicos brancos e de olhos azuis não topam servir onde mais precisam deles.
Médicos brancos e de olhos azuis… (Olha o racismo aí, gente!) O que eles querem mesmo é conforto, um consultório para chamar de seu e bastante dinheiro. Igarapés? Mosquitos? Casas de pau a pique? Internet lenta? Medicina, em parte, como uma espécie de sacerdócio? Argh!
Mas a Constituição manda que o Estado cuide da saúde das pessoas. E para isso ele lançou um programa. Acusam o programa de ter sido concebido sob medida para reeleger Dilma. E eleger governador de São Paulo o ministro Alexandre Padilha, da Saúde.
Outra vez suplico: “sin tonterías, por favor”. Queriam o quê? Que podendo atender o povo e ganhar uns votinhos eles abdicassem dos votinhos?
Sarney (ele insiste em voltar!) inventou o Plano Cruzado em 1986 para manietar a inflação. Manietou-a tempo suficiente para vencer a eleição daquele ano. Com a falência do plano foi apedrejado no Rio.
O Plano Real elegeu Fernando Henrique. O que restou do plano o reelegeu.
O Bolsa Família reelegeu Lula, que elegeu Dilma, que terá de suar a camisa para se reeleger. Andar de moto não sua…
Ah, mas um programa ambicioso como o “Mais Médicos” deveria ter sido discutido exaustivamente pela sociedade antes de começar. Deve ter sido discutido, sim, pelo governo, ouvidos também seus marqueteiros.
Importa que funcione bem. Do contrário a gente mata a bola no peito e sai por aí repetindo até perder a voz: “Eu não disse? Não disse?”
Outra coisa: quem sabe o fracasso do programa não derrota Dilma? Hein? Hein? Ela é tão fraquinha… Não fará falta. Se comparado com ela, Lula faz. No mínimo era mais divertido.
Médico cubano não fala português direito! (Ora, tenham dó. Eu passo.) Não podem ser tão bem preparados. Podem e são. Estão em dezenas de países. Até no Canadá. Até na Inglaterra.
Ministro da Saúde, José Serra foi à Cuba conhecer como funcionava o sistema de atendimento médico comunitário. Voltou encantado.
No final dos anos 90, o governo do Tocantins importou 210 médicos, 40 enfermeiros e oito técnicos cubanos. Sucesso total.
Sei: coitado do médico cubano! A maior parte dos R$ 10 mil mensais a que terá direito ficará com o seu governo. E ele não poderá trazer a família. Os demais médicos estrangeiros poderão trazer a mulher e até dois filhos.
Também tenho pena deles. E deixo aqui como sugestão: entre tantas passeatas marcadas para 7 de setembro por que não fazemos uma pedindo o fim da ditadura cubana? Ou pelo menos melhores salários para os médicos da ilha? Já pensou? Abrindo a passeata, representantes de entidades médicas. De jaleco. Atrás, um mar de bandeiras vermelhas para animar a turma. Fechando a passeata, o bloco dos vândalos. E tudo filmado pelos ninjas!
Compartilho o receio de os médicos estrangeiros se frustrarem com a carência de equipamentos no Brasil. Se eles faltam até nas maiores cidades, imagine nas terras do fim do mundo? Se faltam remédios… Ainda assim é melhor ter médicos a não tê-los.
Em certos casos só se resolve problema criando problema. E haverá sempre o recurso à passeata. Se negarem o que pedimos… Se rolar grossa pancadaria…
Cuide-se, Dilma!Por: Fernando Brito
Nenhum comentário:
Postar um comentário