"Depois, perguntado sobre a via-crucis organizada pela Rede Globo de televisão, Inri foi mais enfático:
Agora que as vozes da rua estão clamando que a Rede Globo cumpra seu dever de informar, é natural que ela promova essa teatral sessão de sadomasoquismo. Isso já não me atinge, afinal de contas estou acostumado a ver repetirem constantemente as cenas de achincalhe, deboche e violência que os inimigos perpetraram há dois mil anos a mando de Pilatos. E eu vos digo em verdade: esses que se comprazem em participar da via-crúcis são os mesmos que teriam vociferado “Crucifique! Crucifique!”. São os mórbidos de plantão."
Inri Cristo – A sensatez de um louco; reflexões sobre a vinda do Papa
Causas Perdidas - 28/07/2013Por Gabriel Barbosa Rossi e Luiz Antonio Ribeiro
Inri Cristo deu uma polêmica e genial entrevista para o site Uol a respeito da vinda do Papa para o Brasil. Começamos, a partir disso, a pensar sobre essa estranhíssima figura brasileira, que se autoproclama a reencarnação de Jesus.
Independente de qualquer coisa, o que assusta na questão não está na figura dele em si, mas na recepção que suas palavras tem: no Brasil, ninguém o considera um louco, um desvairado, alguém que precisa de tratamento, no entanto seu discurso é transformado em piada, em motivo de deboche, em pastiche, como se ele não estivesse na posição de dizer qualquer coisa de valor.
O que me ficou na cabeça é a seguinte questão: e se realmente ouvíssemos o que tem Inri Cristo a dizer? Vamos então a um trecho de sua entrevista. Perguntado sobre o que achava da vinda do Papa ao Brasil, sua resposta foi:
Causas Perdidas - 28/07/2013Por Gabriel Barbosa Rossi e Luiz Antonio Ribeiro
Inri Cristo deu uma polêmica e genial entrevista para o site Uol a respeito da vinda do Papa para o Brasil. Começamos, a partir disso, a pensar sobre essa estranhíssima figura brasileira, que se autoproclama a reencarnação de Jesus.
Independente de qualquer coisa, o que assusta na questão não está na figura dele em si, mas na recepção que suas palavras tem: no Brasil, ninguém o considera um louco, um desvairado, alguém que precisa de tratamento, no entanto seu discurso é transformado em piada, em motivo de deboche, em pastiche, como se ele não estivesse na posição de dizer qualquer coisa de valor.
O que me ficou na cabeça é a seguinte questão: e se realmente ouvíssemos o que tem Inri Cristo a dizer? Vamos então a um trecho de sua entrevista. Perguntado sobre o que achava da vinda do Papa ao Brasil, sua resposta foi:
Ele e qualquer outro argentino que vier fazer turismo no Brasil, seja muito bem-vindo. Daí ao erário público bancar as despesas da vinda dele, já é outra coisa. Agora que se fala tanto em precariedade da saúde, segurança, educação… é uma oportuna ocasião de o povo brasileiro refletir se vale a pena gastar a exorbitante soma de R$ 118 milhões para receber um artista argentino. Se o Dalai Lama, nas vezes em que visitou o Brasil, veio patrocinado por instituições budistas, por que o líder argentino tem de ser diferente? Afinal, o Brasil é ou não um estado laico?Ora, essa resposta te parece de louco, insensata? Ou não está afinada com o que pensa uma parcela da população que só tem visto na vinda do Papa gastos de dinheiro público, desrespeito à constituição (com metrôs que só podem ser usados por quem está na JMJ, com ruas fechadas por quilômetros, até para moradores)? O que se viu até agora foi enorme festa, uma micareta cristã mundial. E o Papa deixa de fazer o que seria mais importante: trazer novas ideias, um pensamento progressista para a igreja (como os fiéis afirmam que ele tem), e reorientar padres e bispos para afinar igreja e sociedade. Isso tudo bancado por um estado que devia estar investindo na saúde e educação. É…acho que o Inri tem razão.
Depois, perguntado sobre a via-crucis organizada pela Rede Globo de televisão, Inri foi mais enfático:
Agora que as vozes da rua estão clamando que a Rede Globo cumpra seu dever de informar, é natural que ela promova essa teatral sessão de sadomasoquismo. Isso já não me atinge, afinal de contas estou acostumado a ver repetirem constantemente as cenas de achincalhe, deboche e violência que os inimigos perpetraram há dois mil anos a mando de Pilatos. E eu vos digo em verdade: esses que se comprazem em participar da via-crúcis são os mesmos que teriam vociferado “Crucifique! Crucifique!”. São os mórbidos de plantão.
O que fica no ar é a questão: E se levássemos Inri a sério? E se ele tiver razão? O que faz a igreja ter credibilidade, apoio, seriedade com discursos preconceituosos e um cara como Inri que parece realmente refletir sobre as questões religiosas da bíblia é visto como um pária, um ser no limbo?
Inri cristo é tido como um calhorda pela própria igreja, porém parece se preocupar mais com a manutenção da palavra que ela. A igreja hoje se preocupa mais em manter seu status e não perder os fiéis que tem perdido tanto. Francisco se apresenta como um papa humilde e carismático, que tirou o trono de ouro e sentou numa cadeira comum.
Veja bem, isso demonstra uma tentativa da própria igreja sair da medievalidade de suas ideias e atrair de volta seus fiéis, coisa que o Inri que é tido como louco, já tinha “avisado”.
O que legitima o discurso papal é um fator bem simples: A ICAR. A igreja católica, como órgão chave de uma religião complexa, atua quase como um regente mundial. Além de ter um estado próprio, seus fiéis quase sempre consideram suas palavras e dogmas como leis universais para comportamento do ser humano, bem como o que a bíblia prega.
Isso faz com que tudo que a igreja faça -fora sua vasta experiência com a doutrinação ocidental -, seja legitimo. Ou seja, se o papa falou tá falado, fora as poucas vezes que o vaticano corrige o papa (como o é o caso dos ateus, que segundo o Papa Francisco vão para o céu se fizerem boas ações). Portanto, o que difere todos nós do papa, ou de qualquer outro líder de estado ou religioso é o órgão legitimador do poder. Vemos o papa escolhido como representante de Deus na terra, e como sabemos, quem faz questão de reafirmar isso constantemente é a Igreja. Como qualquer líder de estado tem uma constituição que o rege e o apresenta como de fato, o líder que é.
Mas e o INRI? Quem diz que ele é o que é? Ele se autoproclama filho de Deus e acusa o papa de ser um farsante. Mas ninguém acredita no INRI porque ELE MESMO disse isso, não foi um órgão legitimador. Aliás, é o que se faz com o discurso do louco para Foucault: ele não tem validade, logo não é agente de poder.
Sobre isso o próprio INRI comenta: Não careço ser reconhecido pelos herdeiros da Inquisição, até porque eles estão comprometidos com o império enfermo erigido durante minha ausência na Terra. Eu é que não reconheço nenhum papa, padre, etc uma vez que sou coerente com o que disse há dois mil anos: “A ninguém chameis Pai sobre a terra, porque um só é o vosso Pai, o que está nos céus” (Mateus c.23 v.9), e papa, além de que em espanhol é sinônimo de batata, outrossim quer dizer pai.
Solte a imaginação e visualize um dia que a igreja dissesse à todos “este é o verdadeiro messias”. Qual seria a reação da população cristã?
Tudo bem, na nossa singela opinião achamos essa história do INRI ser Jesus uma doideira, sem contar que o que a TV faz com ele não é brincadeira, na verdade é sim porque ele virou piada em tudo quanto é mídia. Mas, fora essa questão, o INRI de fato tem ideias quanto a religião que compactuam com o pensamento de muita gente, inclusive o nosso.
Seria mesmo Inri Cristo tão louco assim?
Segue a entrevista completa para o portal UOL:
UOL – O que acha da visita do papa ao Brasil?
Inri Cristo - Ele e qualquer outro argentino que vier fazer turismo no Brasil, seja muito bem-vindo. Daí ao erário público bancar as despesas da vinda dele, já é outra coisa. Agora que se fala tanto em precariedade da saúde, segurança, educação… é uma oportuna ocasião de o povo brasileiro refletir se vale a pena gastar a exorbitante soma de R$ 118 milhões para receber um artista argentino. Se o Dalai Lama, nas vezes em que visitou o Brasil, veio patrocinado por instituições budistas, por que o líder argentino tem de ser diferente? Afinal, o Brasil é ou não um estado laico?
UOL – Qual é a sua relação com o Vaticano e a igreja católica?
Inri Cristo – Desde 28 de fevereiro de 1982, quando pratiquei o ato libertário na catedral de Belém do Pará que culminou com a instituição do Reino de Deus sobre a Terra, formalizado pela Soust, não tenho mais qualquer relação com a Madona do Apocalipse. Naquela ocasião rompi os meus derradeiros vínculos com Roma.
UOL – Já pleiteou junto ao Vaticano para ser reconhecido como reencarnação de Cristo? Qual foi a resposta?
Inri Cristo – Em setembro de 1983 estive pessoalmente no Vaticano ratificando o desligamento com aquela que um dia fora minha igreja nascida das palavras ditas a Pedro: “Pedro, tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. Lá meu Pai determinou que eu proferisse uma sentença de extinção no interior da Basílica de São Pedro: “Seque, árvore enferma, seque! Seque para que a boa árvore que eu plantei viceje e me dê, e aos meus filhos, os frutos que tu me negas”.
Não careço ser reconhecido pelos herdeiros da Inquisição, até porque eles estão comprometidos com o império enfermo erigido durante minha ausência na Terra. Eu é que não reconheço nenhum papa, padre, etc uma vez que sou coerente com o que disse há dois mil anos: “A ninguém chameis Pai sobre a terra, porque um só é o vosso Pai, o que está nos céus” (Mateus c.23 v.9), e papa, além de que em espanhol é sinônimo de batata, outrossim quer dizer pai.
UOL – O senhor já foi católico? Qual é a sua formação religiosa antes de se tornar Inri Cristo?
Inri Cristo – Eu sou judeu circuncidado pela Divina Providência… Fui criado por uma família católica a fim de conhecer o espúrio ritual (batismo, catequese, primeira comunhão etc) até para formar o juízo e, investido de conhecimento empírico, responder a contento esta pergunta. Na adolescência tornei-me ateu em relação a esse “deusinho” das religiões até o jejum em 1979, quando meu Pai, Senhor e Deus, Supremo Criador, único Ser incriado, único Eterno, único Ser digno de adoração e veneração, onisciente, onipotente, onipresente, único Senhor do Universo, se revelou e revelou minha identidade, ou seja, que sou o mesmo Cristo de outrora.
UOL – O que achou da mudança de papa após a renúncia de Bento 16?
Inri Cristo - Foi uma mudança interessante, posto que enfim mostrou-se perante o cenário mundial o equívoco, o embuste da infalibilidade papal. O “monarca” desceu do pedestal face ao momento de crise e aos problemas físicos, que são naturais, afinal trata-se de um ser humano; foi levado à reflexão sobre as irregularidades no vulnerável meio onde vive.
UOL – Por que não vai ao Rio para acompanhar a visita papal?
Inri Cristo - Porque não tenho nada a ver com a inusitada visita deste badalado turista argentino, todavia estarei aqui na Nova Jerusalém do Apocalipse (Brasília) acompanhando tudo o que se passa no Brasil e, principalmente, no Rio de Janeiro por esses dias.
UOL – O que achou que vão fazer a via-crúcis na orla de Copacabana com produção feita pela TV Globo?
Inri Cristo – Agora que as vozes da rua estão clamando que a Rede Globo cumpra seu dever de informar, é natural que ela promova essa teatral sessão de sadomasoquismo. Isso já não me atinge, afinal de contas estou acostumado a ver repetirem constantemente as cenas de achincalhe, deboche e violência que os inimigos perpetraram há dois mil anos a mando de Pilatos. E eu vos digo em verdade: esses que se comprazem em participar da via-crúcis são os mesmos que teriam vociferado “Crucifique! Crucifique!”. São os mórbidos de plantão.
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