Helena Sthephanowitz - Rede Brasil Atual - 06/10/2014
Comparação direta entre dois candidatos envolve propostas para o futuro, biografia, realizações e confiança a partir do que fez no passado. Quadro mineiro põe em xeque credenciais do tucano
O candidato Aécio Neves (PSDB) entra no segundo turno com um paradoxo difícil de explicar ao eleitor: foi demitido pelo povo mineiro. Teve uma votação nacional acima do que as pesquisas indicavam, ultrapassando com folga Marina Silva (PSB), chegando em segundo lugar na disputa pelo segundo turno, mas sofreu uma derrota acachapante em Minas Gerais, seu reduto eleitoral, onde fez toda sua carreira política.
Aécio entrou na campanha acreditando que largaria com ampla vantagem no seu estado, o segundo maior colégio eleitoral, e esperava equilibrar o resultado em São Paulo, o maior colégio, onde ele era uma incógnita. O resultado foi bem diferente. Em Minas, onde reinou nos últimos 12 anos, mantendo a hegemonia tucana em todas as eleições estaduais, teve uma votação menor do que sua adversária no segundo turno, Dilma Rousseff (PT), e ainda viu seu candidato a governador perder em primeiro turno para o candidato Fernando Pimentel (PT), aliado de Dilma. Enquanto isso, de São Paulo veio sua maior vitória, casada com o bom desempenho nas urnas do PSDB paulista.
Esse quadro dificulta a campanha do candidato tucano no segundo turno. Sua maior credencial a ser exibida ao eleitor era justamente os governos de Minas, onde foi governador por oito anos. Ao perder a eleição onde é bem conhecido, parte do eleitorado que votou nele onde era desconhecido, pode ficar com a pulga atrás da orelha.
No mínimo, muitos vão querer saber melhor as razões de ele ter perdido a eleição justamente onde é mais conhecido.
O tucano sofreu um forte desgaste de imagem recentemente quando foi descoberto que construiu aeroportos com dinheiro público, quando era governador, em locais que beneficiam suas propriedades particulares e de sua família, sem conseguir justificar com critérios técnicos. O aeroporto da cidade Cláudio foi construído a seis quilômetros de sua fazenda e em terras de seu tio-avô, desapropriadas em um processo rumoroso. O Ministério Público de Minas Gerais abriu investigação para analisar que estudos embasaram a decisão de construir ali, se já existe outro aeroporto ao lado, em Divinópolis que atende a região.
Outro aeroporto foi construído na cidade de Montezuma, onde Aécio também tem fazenda. Nos dois casos, são cidades pequenas, cujos aeroportos ficam ociosos, trancados, ainda pendentes de regularização na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e que, na prática, foram usados para uso privado do ex-governador tucano e de seus familiares.
Outros problemas são escândalos no entorno político de Aécio. Recentemente, o ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB) renunciou ao mandato quando iria ser julgado no STF pelo "mensalão" tucano. A renuncia evitou o julgamento fazendo o processo voltar à justiça de Minas. A manobra de última hora foi vista por boa parte do eleitorado como confissão de culpa e busca pela impunidade, afinal se houvesse convicção de inocência poderia enfrentar o julgamento e preservar o mandato. Além disso, foi vista como uma operação para abafar o escândalo de forma ao julgamento não ocupar o noticiário próximo à campanha eleitoral.
A mesma manobra foi feita por outro político bastante próximo a Aécio. O ex-senador Clésio Andrade (PMDB) também renunciou ao mandato quando o STF já iria marcar seu julgamento pelo mesmo escândalo. Apesar de hoje estar no PMDB, o ex-senador foi vice-governador de Aécio de 2003 a 2006, e chegou ao Senado como suplente, em vaga conquistada em coligação com o tucano nas eleições de 2006.
Outro caso rumoroso envolvendo um aliado foi o do senador Zezé Perrella, quando um helicóptero de sua família foi apreendido com quase meia tonelada de cocaína. As investigações não encontraram envolvimento do senador e de sua família no crime de tráfico de drogas, mas não deixa de ser constrangedor o descontrole sobre as atividades ilícitas que eram feitas com o helicóptero. Tudo isso criou uma agenda negativa para o tucano mineiro.
Além disso, Aécio sempre contou com uma imprensa majoritariamente dócil em Minas, que blindava malfeitos e fracassos, divulgando uma agenda positiva dos governos tucanos. Ao longo de 12 anos, a percepção de que o governo tucano de Minas não estava atendendo aos anseios da população chegou à maioria do povo, que resolveu votar contra a continuidade do grupo político de Aécio.
Em eleições de dois turnos, a comparação direta entre apenas dois candidatos envolve propostas para o futuro, biografia, realizações e confiança a partir do que fez no passado. A vitrine de realizações de Aécio entrou quebrada no segundo turno, pelo resultado da eleição em Minas.
Comparação direta entre dois candidatos envolve propostas para o futuro, biografia, realizações e confiança a partir do que fez no passado. Quadro mineiro põe em xeque credenciais do tucano
O candidato Aécio Neves (PSDB) entra no segundo turno com um paradoxo difícil de explicar ao eleitor: foi demitido pelo povo mineiro. Teve uma votação nacional acima do que as pesquisas indicavam, ultrapassando com folga Marina Silva (PSB), chegando em segundo lugar na disputa pelo segundo turno, mas sofreu uma derrota acachapante em Minas Gerais, seu reduto eleitoral, onde fez toda sua carreira política.
Aécio entrou na campanha acreditando que largaria com ampla vantagem no seu estado, o segundo maior colégio eleitoral, e esperava equilibrar o resultado em São Paulo, o maior colégio, onde ele era uma incógnita. O resultado foi bem diferente. Em Minas, onde reinou nos últimos 12 anos, mantendo a hegemonia tucana em todas as eleições estaduais, teve uma votação menor do que sua adversária no segundo turno, Dilma Rousseff (PT), e ainda viu seu candidato a governador perder em primeiro turno para o candidato Fernando Pimentel (PT), aliado de Dilma. Enquanto isso, de São Paulo veio sua maior vitória, casada com o bom desempenho nas urnas do PSDB paulista.
Esse quadro dificulta a campanha do candidato tucano no segundo turno. Sua maior credencial a ser exibida ao eleitor era justamente os governos de Minas, onde foi governador por oito anos. Ao perder a eleição onde é bem conhecido, parte do eleitorado que votou nele onde era desconhecido, pode ficar com a pulga atrás da orelha.
No mínimo, muitos vão querer saber melhor as razões de ele ter perdido a eleição justamente onde é mais conhecido.
O tucano sofreu um forte desgaste de imagem recentemente quando foi descoberto que construiu aeroportos com dinheiro público, quando era governador, em locais que beneficiam suas propriedades particulares e de sua família, sem conseguir justificar com critérios técnicos. O aeroporto da cidade Cláudio foi construído a seis quilômetros de sua fazenda e em terras de seu tio-avô, desapropriadas em um processo rumoroso. O Ministério Público de Minas Gerais abriu investigação para analisar que estudos embasaram a decisão de construir ali, se já existe outro aeroporto ao lado, em Divinópolis que atende a região.
Outro aeroporto foi construído na cidade de Montezuma, onde Aécio também tem fazenda. Nos dois casos, são cidades pequenas, cujos aeroportos ficam ociosos, trancados, ainda pendentes de regularização na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e que, na prática, foram usados para uso privado do ex-governador tucano e de seus familiares.
Outros problemas são escândalos no entorno político de Aécio. Recentemente, o ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB) renunciou ao mandato quando iria ser julgado no STF pelo "mensalão" tucano. A renuncia evitou o julgamento fazendo o processo voltar à justiça de Minas. A manobra de última hora foi vista por boa parte do eleitorado como confissão de culpa e busca pela impunidade, afinal se houvesse convicção de inocência poderia enfrentar o julgamento e preservar o mandato. Além disso, foi vista como uma operação para abafar o escândalo de forma ao julgamento não ocupar o noticiário próximo à campanha eleitoral.
A mesma manobra foi feita por outro político bastante próximo a Aécio. O ex-senador Clésio Andrade (PMDB) também renunciou ao mandato quando o STF já iria marcar seu julgamento pelo mesmo escândalo. Apesar de hoje estar no PMDB, o ex-senador foi vice-governador de Aécio de 2003 a 2006, e chegou ao Senado como suplente, em vaga conquistada em coligação com o tucano nas eleições de 2006.
Outro caso rumoroso envolvendo um aliado foi o do senador Zezé Perrella, quando um helicóptero de sua família foi apreendido com quase meia tonelada de cocaína. As investigações não encontraram envolvimento do senador e de sua família no crime de tráfico de drogas, mas não deixa de ser constrangedor o descontrole sobre as atividades ilícitas que eram feitas com o helicóptero. Tudo isso criou uma agenda negativa para o tucano mineiro.
Além disso, Aécio sempre contou com uma imprensa majoritariamente dócil em Minas, que blindava malfeitos e fracassos, divulgando uma agenda positiva dos governos tucanos. Ao longo de 12 anos, a percepção de que o governo tucano de Minas não estava atendendo aos anseios da população chegou à maioria do povo, que resolveu votar contra a continuidade do grupo político de Aécio.
Em eleições de dois turnos, a comparação direta entre apenas dois candidatos envolve propostas para o futuro, biografia, realizações e confiança a partir do que fez no passado. A vitrine de realizações de Aécio entrou quebrada no segundo turno, pelo resultado da eleição em Minas.
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