Rentistas ou empresários?
Por Bresser-Pereira - via Facebook - 01/04/2016
O capitalismo foi um capitalismo de empresários capitalistas e trabalhadores. Havia luta pela distribuição da renda entre eles – a luta de classes –, porque os empresários eram liberais, mas havia também solidariedade, porque, como os trabalhadores, eram nacionalistas, porque sabiam que o mercado interno era seu grande ativo, que precisava ser protegido da cobiça do Ocidente. A combinação dialética entre liberalismo e nacionalismo econômico ou desenvolvimentismo era o segredo político do capitalismo. Porque este envolvia um compromisso, uma coalizão de classes, cuja expressão maior e melhor foi a social-democracia.
Ontem, o presidente Temer sancionou a lei da terceirização. Mais um passo no sentido de destruir os direitos trabalhistas. Uma violência contra os trabalhadores. Sancionou-a em nome dos empresários? Não creio. Sancionou-a em nome dos rentistas. E talvez de empresários tristemente equivocados.
O capitalismo não é mais um capitalismo de empresários e trabalhadores, mas um capitalismo de rentistas, financistas e executivos das grandes empresas. O empresário é uma figura em extinção. Existe ainda espaço para ele, porque há ainda espaço para a criatividade, a inovação e o risco. Existe espaço para eles na agricultura e em alguns serviços. Mas um espaço que diminui todos os dias. E, na área da indústria, no Brasil, quase desapareceu, desde que, em 1990, com a abertura comercial, o país desmontou seu mecanismo de neutralização da doença holandesa e as empresas industriais passaram a ter uma grande desvantagem competitiva.
Muitos empresários – aqueles que não faliram, nem venderam suas empresas para as multinacionais – trataram de também serem rentistas sobreviver. Mas, objetivamente, são ainda empresários, porque administram diretamente suas empresas. Serão, também, subjetivamente, empresários, ou venderam sua alma ao liberalismo financeiro-rentista que vem do Ocidente rico e também está em profunda crise?
O capitalismo não é mais um capitalismo de empresários e trabalhadores, mas um capitalismo de rentistas, financistas e executivos das grandes empresas. O empresário é uma figura em extinção. Existe ainda espaço para ele, porque há ainda espaço para a criatividade, a inovação e o risco. Existe espaço para eles na agricultura e em alguns serviços. Mas um espaço que diminui todos os dias. E, na área da indústria, no Brasil, quase desapareceu, desde que, em 1990, com a abertura comercial, o país desmontou seu mecanismo de neutralização da doença holandesa e as empresas industriais passaram a ter uma grande desvantagem competitiva.
Muitos empresários – aqueles que não faliram, nem venderam suas empresas para as multinacionais – trataram de também serem rentistas sobreviver. Mas, objetivamente, são ainda empresários, porque administram diretamente suas empresas. Serão, também, subjetivamente, empresários, ou venderam sua alma ao liberalismo financeiro-rentista que vem do Ocidente rico e também está em profunda crise?
Esta é uma pergunta que precisamos fazer aos empresários, e a nós mesmos. Porque não vejo qualquer futuro para o Brasil se a resposta for, “sim, não há mais empresários, apenas rentistas e altos executivos”. Porque, assim, continuaremos uma economia quase-estagnada, como é também a economia do Ocidente. Porque Brasil continuará dominado por um liberalismo injusto, ineficiente, e dependente que aprova “reformas” antissociais e antinacionais como é a lei da terceirização. Porque um capitalismo sem empresários é um capitalismo sem alma.
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