terça-feira, 21 de março de 2017

A Operação Carne Fraca é a Lava Jato do setor agropecuário, para que nos limitemos a só vender carne in natura.

A QUEM ATENDE A OPERAÇÃO CARNE FRACA?

Por Francisco Costa - Via Facebook - 21/03/2017
Charge Renato Aroeira
Estou lendo postagens e comentários dignos de bolsonaristas, telespectadores da Globo, coxinhas massa de manobra da Fiesp, e congêneres, os analfabetos políticos, os que opinam sobre tudo sem saber de nada, que se justificam na direita mas não entre os que sejam pelo menos simpáticos à esquerda.

Um dos argumentos usados é que quando a Polícia Federal fez esta mesma palhaçada com e esquerda, com espetacularização, exposição midiática, abuso de poder... A direita não se manifestou, e que agora é a hora da forra.

Primeiro: pensar assim é confessar que não quer a moralização do país, mas que a imoralidade troque de lado, passando a nos beneficiar, uma posição tão imoral quanto apoiar a Lava Jato.

Segundo: argumentam que defender o agronegócio é defender os latifundiários.

É verdade que o escândalo da carne atinge em cheio a União Democrática Ruralista-UDR, de Ronaldo Caiado, a Sociedade Nacional de Agricultura-SNA, de Kátia Abreu, a Bancada do Boi, o grande latifúndio, só que essa gente responde a pouco mais de 20% das propriedades e quase todos tem os seus abatedouros, sós ou em cooperativas.

Setenta por cento da produção brasileira de carne (aves, suínos e bovinos) está nas mãos de pequenos e médios produtores, isolados, em cooperativas ou terceirizados, no que eles chamam de parceria (o abatedouro vende os filhotes – pintos, leitões ou bezerros, os parceiros criam e engordam e o abatedouro compra, descontando o que custou o filhote. São dezenas, senão centenas de milhares de brasileiros pobres trabalhando nesse sistema, principalmente nos três estados do sul).

A chamada burguesia rural tem dinheiro no mercado de capitais, lastro patrimonial para contrair dívidas nos bancos, reserva patrimonial (mais de uma propriedade), capital de giro... Segura com facilidade uma crise, e os pequenos e médios produtores? 

Três milhões de “peões” trabalham em fazendas e abatedouros e já sentem o desemprego rondar.
Isto contando os empregos diretos.

Se considerarmos que a desaceleração do setor, com diminuição de rebanhos e criatórios, implicará na redução drástica na produção e venda de produtos veterinários: medicamentos, vacinas aditivos alimentares...; do consumo de soja e milho, usados na formulação das rações, determinando queda de preços e redução da área plantada... Podemos multiplicar o número de desempregados e pequenos produtores quebrados.

Agora dois dados que a maioria dos que opinam não sabem: só 20% da carne bovina produzida, 20% da carne suína e 30% da carne de aves são exportadas, nos propiciando aproximadamente oito bilhões de dólares (mais de vinte e quatro bilhões de reais) por ano nas reservas cambiais.

80% da carne bovina, 80% da carne suína e 70% da carne de aves são consumidas no mercado interno, no Brasil, por brasileiros.

E o segundo dado, criminosamente omitido pela mídia: existem 4 837 abatedouros e processadores de carne, no Brasil. Vou repetir: 4 837 abatedouros e processadores de carne, e SÓ FORAM ENCONTRADAS IRREGULARIDADES em 21 abatedouros e processadores, menos de 0,5% de propriedades desse setor, uma empresa em cada duzentas.

Os relatórios da Polícia Federal falseiam com a verdade em alguns pontos e lançam dupla interpretação em outros.

A lei não permite que a carne seja embalada diretamente em papelão, e por motivos óbvios: o papelão absorve a umidade da carne, desidratando-a e se transformando em criatório de bactérias, por causa da umidade e a presença de sucos orgânicos, alimentando-as. A carne deve ser embalada em plástico ou papel impermeável (papéis manteiga ou celofane) e aí, sim, colocada em caixas de papelão.

Como os caras colocaram a carne diretamente nas caixas, não digitaram carne no papelão, mas papelão na carne, levando o consumidor a pensar que estava comendo papelão nos embutidos.
Os embutidos levam farelo de soja, mais barato que papelão. Trocar é aumentar o custo de produção, o que nenhum empresário faria.

Depois o citar substâncias sem esclarecer o que são e para que servem, caso do ácido ascórbico, a comumíssima vitamina-C, que pode ser usada mesmo em grandes quantidades, já que é hidrossolúvel (dissolve-se na água), sendo eliminada na urina (perigosas, se usadas em super dosagens são as vitaminas lipossolúveis. Como se dissolvem em gordura, ficam armazenadas em nosso corpo). Sem saber, o povo se assustou com a vitamina-C.

E a quem atende essa suruba?

Vou dar a pista: o Brasil já foi o maior produtor e exportador de borracha e café in natura do mundo (de café continua sendo).

Tudo ia muito bem, até que resolvemos industrializar a borracha aqui, vendendo os seus produtos e não in natura.

Os gringos se aproveitaram de uma prática usada por brasileiros desonestos, de colocar paus e pedras na borracha, para que pesasse mais (é vendida a peso) e passaram a fazer o mesmo, depreciando a nossa borracha, ao mesmo tempo que plantando seringais no leste asiático, hoje maiores produtores de borracha in natura, industrializada na Europa e nos Estados Unidos.

O mesmo com o café: enquanto vendemos café in natura tudo bem. Começamos a vender café embalado (torrado e moído, pronto para consumo) ou industrializado (solúvel, balas e doces...) e passaram a colocar milho, gravetos, folhas... No nosso café, de maneira que continuamos a só exportar os grãos in natura, com a nossa indústria cafeeira desmoralizada no exterior, e aqui já dá para entender: as gigantes da agroindústria brasileira já quase não vendem carne in natura, mas beneficiada (embutidos, pastas, defumados, temperadas, em cortes...), concorrendo diretamente com a Austrália e os Estados Unidos, e aí a Operação Carne Fraca, a Lava Jato do setor agropecuário, para que nos limitemos a só vender carne in natura.

A lava Jato destruiu as nossas empreiteiras, a nossa tecnologia nuclear, a indústria bélica de ponta (drones e radares) e está fazendo de tudo para destruir a Petrobrás, já tendo destruído pelo menos quatro milhões de postos de trabalho, desempregando quatro milhões.

A Carne Fraca é a Lava Jato do Campo.

Não é por acaso que o epicentro do escândalo da carne fica no estado do Paraná, o mesmo da Lava Jato, hoje um estado funcionando como território politicamente ocupado pelos Estados Unidos.
Cabe ao parlamento brasileiro abrir uma CPI para investigar a quem tem servido a Polícia Federal, inclusive acabando com o mensalão legal criado por FHC e tolerado por Lula e Dilma, pago pelos Estados Unidos à Polícia Federal brasileira.

Não à Operação Carne Fraca, mais um crime contra nós.

Francisco Costa
Rio, 21/03/2017

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