POR QUE "FORA TEMER" E "DIRETAS JÁ"?
A vitória preliminar do golpismo, abrindo processo de impeachment, colocou os setores populares na defensiva e a questão central da resistência passou a ser afastar o governo interino através da absolvição da presidente no julgamento final pelo Senado.
A escolha de "fora Temer", e não "volta Dilma", foi determinada pela necessidade de ampliar ao máximo possível a coalizão de forças políticas e cidadãos disposta a combater o golpe em curso.
Isso significava adotar uma política que permitisse a incorporação até mesmo de quem era dura oposição à mandatária, mas não aceitava a ruptura constitucional comandada pelo golpismo.
A verdade é que muita gente disposta a lutar contra Temer não se animava a defender explicitamente o governo de Dilma, especialmente por conta das medidas adotadas no segundo mandato.
Até o julgamento definitivo, o PT e outras organizações progressistas tampouco aceitavam ideias como o plebiscito para antecipação de eleições presidenciais, caso a presidente retornasse ao comando do Estado.
Além de fragilizar a defesa da Constituição perante o golpismo, pois esse tipo de plebiscito que encurta mandatos não tem previsão legal, tal proposta resultava só provocava divisão nos momentos decisivos que se aproximavam.
Com a consumação do impeachment fraudulento, tudo muda de figura: a Constituição já foi rompida, um governo usurpador se consolidou e a bandeira de eleições diretas para presidente da República passou a ser o melhor caminho, se não o único, para a reconstrução do Estado de Direito.
Constituiria frágil ilusão, além de raquítica como fator de animação dos democratas de todas as tendências, a troca da reivindicação de uma solução baseada na soberania popular por outra que dependeria do STF, como seria o caso da anulação do impeachment.
"Fora Temer" e "Diretas já", nestas circunstâncias, se configuram como o mais eficaz programa mínimo para colocar o povo em movimento contra o golpe, como prova a ampla e unitária mobilização dos últimos dias.
Por esse motivo, praticamente todas os principais partidos de esquerda e movimentos sociais, além da Frente Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo, confluíram para essa posição, permitindo multiplicar a força e a coesão da resistência.
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