quarta-feira, 30 de setembro de 2015

"Caso Banestado": POR QUE NUNCA SE SEGUIU O RASTRO DOS 124 BILHÕES DE DÓLARES DESVIADOS PARA O EXTERIOR?

Requião cobra retomada do "Caso Banestado", escândalo-mãe da corrupção no Brasil 

O senador Roberto Requião relembrou nesta quarta-feira (30) a "Operação Macuco", da Polícia Federal e Ministério Público Federal, que desvendou o escândalo do Banestado, quando se apurou o desvio de 124 bilhões de dólares ao exterior, através do então banco estadual do Paraná. Os valores desviados à época, afirmou o senador, somavam muito mais do que as reservas brasileiras na moeda norte-americana. Segundo o senador, a "Operação Macuco", conduzida pelo delegado José Castilho Netto e pelo procurador Celso Três, foi o ponto de partida para desvendar os métodos e os caminhos da corrupção no país. No entanto, denunciou Requião, a operação foi abafada e desmontada, sem a punição pelos responsávis pelos desvios. A seguir, texto e vídeo do discurso de Requião sobre o "Caso Banestado".


Texto do Discurso



Em um país normal seria também interessante lembrar - em benefício do leitor e da verdade - que a dívida líquida pública - que é o que o país verdadeiramente deve, descontando-se o que tem guardado - caiu em quase 50% nos últimos 13 anos, depois do fim do governo FHC, de mais de 60%, em dezembro de 2002, para aproximadamente 34% do PIB agora.






O BRASIL DEVE, MAS ESTÁ LONGE DE ESTAR QUEBRADO - A DÍVIDA PÚBLICA E A MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA.
Mauro Santayana - 29/09/2015

(Jornal do Brasil) - O Governo tem seus defeitos - entre eles uma tremenda incompetência na divulgação da situação real do país - mas também tem suas virtudes.

A maior parte da imprensa está trombeteando, aos quatro ventos, o fato de que a dívida pública subiu 3,68% em agosto, para 2.68 trilhões. Por que não dar a informação completa, e dizer que o Brasil deve essa quantia, mas tem quase um trilhão e meio de reais, 1.48 trilhões, a câmbio de hoje, em reservas internacionais em caixa?

Reservas internacionais de 370 bilhões de dólares, cujo valor, em moeda nacional aumenta - já que o negócio é divulgar grandes números - em contraposição ao que se deve em reais, a cada vez que o dólar sobe?

Em um país normal seria também interessante lembrar - em benefício do leitor e da verdade - que a dívida líquida pública - que é o que o país verdadeiramente deve, descontando-se o que tem guardado - caiu em quase 50% nos últimos 13 anos, depois do fim do governo FHC, de mais de 60%, em dezembro de 2002, para aproximadamente 34% do PIB agora.

Para efeito comparativo, nos países desenvolvidos, essa dívida é quase três vezes maior, de mais de 80% em média.

Quase da mesma forma que a dívida pública bruta, a única a que se dá destaque, que em países como o Japão, a Itália, os Estados Unidos, a França ou Inglaterra, duplica, ou é de quase o dobro da nossa.

Essa é a realidade dos fatos que, hipócrita e descaradamente, não são levados em consideração, por sabotagem e outros interesses de ordem econômica e geopolítica, por agências envolvidas com escândalos e multadas, em bilhões de dólares, por irregularidades, que, sem críticas ou questionamento, são endeusadas e incensadas, interesseiramente, pela mídia conservadora nacional, como a Standard&Poors, por exemplo.

domingo, 27 de setembro de 2015

Leonardo Boff: "Isso deve ficar claro: há um propósito dos países centrais que dispõem de várias formas de poder, especialmente, a militar (podem matar a todos) de recolonizar toda a América Latina para ser um reserva de bens e serviços naturais (água potável, milhões de hectares férteis, grãos de todo tipo, imensa biodiversidade, grandes florestas úmidas, reservas minerais incomensuráveis etc). Ela deve servir principalmente os países ricos, já que em seus territórios quase se esgotaram tais “bondades da natureza” como dizem os povos originários. E vão precisar delas para manterem seu nível de vida."



Qual destino para o Brasil: recolonização ou projeto próprio?
Leonardo Boff - 26/09/2015

Charge Pataxo
Há uma indagação que se faz no Brasil mas também no exterior que se expressa por esta pergunta: qual o destino da sétima economia mundial e qual o futuro de sua incomensurável riqueza de bens naturais?

Analistas dos cenários mundiais do talante de Noam Chomsky ou de Jacques Attali nos advertem: a potência imperial norte-americana segue esse motto, elaborado nos salões dos estrategistas do Pentâgono:”um só mundo e um só império”. Não se toleram países, em qualquer parte do planeta, que possam pôr em xeque seus interesses globais e sua hegemonia universal. Curiosamente, o Papa Francisco em sua encíclicla “sobre o cuidado da Casa Comum”, como que revidando o Pentágono propõe:”um só mundo e um só projeto coletivo”.

No Brasil esse debate se dá principalmente no campo da macroeconomia: o Brasil se alinhará às estratégias político-sociais-economico-ideológicas impostas pelo Império e com isso terá vantagens significativas em todos os campos, mas aceitando ser sócio menor e agregado (opção dos neoliberais e dos conservadores) ou o Brasil procurará um caminho próprio, consciente de suas vantagens ecológicas, do peso de seu mercado interno com uma população de mais de duzentos milhões de pessoas e da criatividade de seu povo. Aprende a resistir às pressões que vêm de cima, a lidar inteligentemente com as tensões, a praticar uma política do ganha-ganha (o que supõe fazer conceções) e assim a manter o caminho aberto para um projeto nacional próprio que contará para o devenir da nossa e da futura civilização (opção do PT, das esquerdas e dos movimentos sociais).


Isso deve ficar claro: há um propósito dos países centrais que dispõem de várias formas de poder, especialmente, a militar (podem matar a todos) de recolonizar toda a América Latina para ser um reserva de bens e serviços naturais (água potável, milhões de hectares férteis, grãos de todo tipo, imensa biodiversidade, grandes florestas úmidas, reservas minerais incomensuráveis etc). Ela deve servir principalmente os países ricos, já que em seus territórios quase se esgotaram tais “bondades da natureza” como dizem os povos originários. E vão precisar delas para manterem seu nível de vida.

Estimamos que dentro de um futuro não muito distante, a economia mundial será de base ecológica. Finalmente não nos alimentamos de computadores e de máquimas, mas de água, de grãos e de tudo o que a vida humana e a comunidade de vida demandam. Daí a importância de manter a América Latina, especialmente, o Brasil no estágio o mais natural possível, não favorecendo a industrializção nem algum valor agregado a suas commodities.

Seu lugar deve ser aquele que foi pensado desde o início da colonização: o de ser uma grande empresa colonial que sustenta o projeto dos povos opulentos do Norte para continurem sua dominação que vem desde o século XVI quando se iniciaram as grandes navegações de conquista de territórios pelo mundo afora. Analiticamente, esse processo foi denunciado por Caio Prado Jr, por Darcy Ribeiro e, ultimamente, com grande força teórica, por Luiz Gonzaga de Souza Lima com seu livro ainda não devidamente acolhido A refundação do Brasil: rumo à sociedade biocentrada (RiMa, São Bernardo 2011).

Em razão desta estratégia global, as políticas ambientais dominantes reduzem o sentido da biodiversidade e da natureza a um valor econômico. A tão propalada “economia verdade” serve a este propósito econômico e menos à preservação e ao resgate de áreas devastadas. Mesmo quando isso ocorre, se destina à macroeconomia de acumulação e não à busca de um outro tipo de relação para com a natureza.

O que cabe constatar é o fato de que o Brasil não está só. As experiências recentes dos movimentos populares socioambientais se recusam a assumir simplesmente a dominação da razão econômica, instrumental e utilitarista que tudo uniformiza. Por todas as partes estão irrompendo outras modalidades de habitar a Casa Comum a partir de identidades culturais diferentes. Os conhecimentos tradicionais, oprimidos e marginalizados pelo pensamento único técnico-científico, estão ganhando força na medida em que mostram que podemos nos relacionar com a natureza e cuidar da Mãe Terra de uma forma mais benevolente e cuidadosa. Exemplo disso é o “bien vivier y convivir” dos andinos, paradigma de um modo de produção de vida em harmonia com o Todo, com os seres humanos entre si e com a natureza circundante.

Aqui funciona a racionalidade cordial e sensível que enriquece e, ao mesmo tempo, impõe limites à voracidade da fria razão instrumenal-analítica que, deixada em seu livre curso, pode pôr em risco nosso projeto civilizatório. Trata-se de uma nova compreensão do mundo e da missão do ser humano dentro dele, como seu guardador e cuidador. Oxalá este seja o caminho a ser trilhado pela humanidade e pelo Brasil.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Rafucko convida Ana Maria Braga a passar um dia de doméstica no Rio de Janeiro. Um dia de doméstica para Ana Maria Braga

Após a polêmica do quadro "Dia de Patroa" lançado pelo programa Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga. Prêmios? Um pacote de horas extras não pagas, dentre outros. 

Na Globo. O Mais Você, de Ana Maria Braga, lança o quadro "Dia de Patroa" - No Twitter e Facebook, usuários criticam a iniciativa. "A que horas ela volta? [No caso, estamos falando da noção]"

Ps. No site do Gshow internautas também criticaram: 
"Que tal um dia de empregada doméstica para a sua patroa?"

Globo oferece “dia de patroa” para empregadas domésticas e gera repúdio nas redes sociais
Revista Fórum - 24/09/2015

Quadro foi lançado pelo programa Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga. No Twitter e Facebook, usuários criticam a iniciativa da TV Globo: “‘Dê um dia de patroa a sua empregada.’ Acho que dar 365 dias de CLT é mais negócio!”

O servilismo e segregação embutidos nas relações entre patrões e empregadas domésticas no Brasil voltaram a ser discutidos massivamente desde que foi lançado o filme Que horas ela volta?, de Anna Muylaert. Coincidentemente ou não, há dois dias, o programa Mais Você, comandado por Ana Maria Braga na Rede Globo, lançou o quadro “Dia de patroa”, ignorando totalmente as reflexões propostas há anos por movimentos sociais e endossadas pelo longa acerca do trabalho doméstico remunerado. A iniciativa acabou gerando manifestações de repúdio nas redes sociais.

“No Mais Você, as empregadas domésticas de qualquer lugar do Brasil podem receber uma surpresa no meio do expediente. As sortudas vão largar tudo que estiverem fazendo para viver um ‘Dia de Patroa’”, informa a descrição do concurso, criado, segundo a emissora, para “homenagear” as trabalhadoras domésticas. Uma rápida busca na internet mostra que a “atração” global não é recente: em 2012 ela já existia.

No Twitter e Facebook, houve uma chuva de comentários críticos à iniciativa:

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O dólar a 4 reais é o final dos tempos?
Por Cesar Locatelli*, especial para Jornalistas Livres

Entenda o que significa a desvalorização do real atualmente em comparação com 1999, primeiro semestre do segundo mandato de FHC, em que o dólar chegou a 2 reais.

Toda vez que o dólar sobe, nos lembramos das vezes que o país quebrou. Não tínhamos dólares para pagar nossas dívidas, necessitávamos de importações e não existia saída além de decretar moratória ou nos ajoelhar diante do Fundo Monetário Internacional (FMI). Sempre que isso acontecia, o FMI passava a ditar a política econômica em nossas terras. O FMI é um organismo internacional que empresta recursos aos países em dificuldade financeira e que é dirigido por representantes dos países desenvolvidos. Podemos, por isso, imaginar quais interesses esse organismo representa, não é mesmo?

Esse é o quadro hoje? Não, não é. Vamos ver o porquê.

O modo mais claro de conseguirmos entender a atual situação brasileira é compará-la com o que ocorreu em 1999, primeiro ano do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, quando o real sofreu uma desvalorização de 70%. A seguir, vamos analisar nossas reservas cambiais e nossa dívida externa nesses dois momentos para concluir se estamos em um período de maior ou menor gravidade.

Reservas cambiais

Reservas cambiais são os dólares, ouro e outras moedas que usamos para comprar produtos que necessitamos do exterior e para pagar nossas dívidas com outros países. Em abril de 1998, já era claro que a taxa de câmbio não se sustentaria, que era necessário desvalorizar o real, mas havia uma eleição presidencial no caminho. O país tinha quase 75 bilhões de dólares em reservas. O regime era de câmbio fixo, o que significa que o Banco Central (BC) era obrigado a vender dólares a uma taxa fixa. Mesmo que a demanda por dólares aumentasse, o BC mantinha a mesma taxa de câmbio. Dessa data até janeiro de 1999, o BC vendeu quase 40 bilhões de dólares a preços entre 1,15 e 1,21 reais por dólar.

Em janeiro de 1999, o dólar foi de 1,21 a 2 reais e as reservas caíram para 36 bilhões de dólares. Em outras palavras, o felizes compradores ganharam perto de 80 centavos de real sobre cada dólar dos 40 bilhões vendidos. Fernando Henrique Cardoso foi reeleito e o país teve de recorrer, novamente, ao FMI para cumprir suas obrigações com os credores internacionais.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Mordomia do Judiciário custa quase R$ 4 bilhões ao ano. Auxílio educação, auxílio funeral, auxílio transporte, auxílio moradia, verbas para passagens e diárias, entre outras despesas extras pagas com dinheiro público, virou uma farra. O custo destes chamados "penduricalhos" é de R$ 3,8 bilhões por ano, elevando os gastos anuais do Poder Judiciário para um total de R$ 61,2 bilhões.

Judiciário gasta quase R$ 4 bi com a farra das mordomias
Ricardo Kotscho - Balaio do Kotscho - 21/09/2015

O caro leitor teria conhecimento de alguém em sua família que já recebeu auxílio funeral? Não? Então, certamente, não tem nenhum parente magistrado, desses que são chamados de meritíssimos.

Pois esta é apenas uma das várias mordomias dos ilustres togados, em benefícios que vão muito além do respeitável teto constitucional de R$ 33,7 mil de salário mensal, estabelecido para o funcionalismo público dos três poderes.


Auxílio educação, auxílio funeral, auxílio transporte, auxílio moradia, verbas para passagens e diárias, entre outras despesas extras pagas com dinheiro público, virou uma farra. O custo destes chamados "penduricalhos" é de R$ 3,8 bilhões por ano, elevando os gastos anuais do Poder Judiciário para um total de R$ 61,2 bilhões.

Para se ter uma ideia de grandeza, este valor corresponde a duas vezes o deficit fiscal (R$ 30,5 bilhões) apresentado pelo governo na proposta orçamentária para 2016, que levou o governo a anunciar um novo pacote econômico na semana passada.

Entre outras medidas, o pacote prevê um corte das emendas parlamentares igual ao valor das mordomias dos magistrados, segundo dados do relatório "Justiça em Números", divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça e revelado nesta segunda-feira pelos repórteres Italo Nogueira e Marco Antônio Martins.

sábado, 19 de setembro de 2015

Jorge Solla para Ricardo Pessoa da UTC: "Como o senhor consegue marcar as cédulas e dizer aquelas que são bentas, puras, santas que vão para o Aécio aquelas que são marcadas da corrupção que vem para o PT?"

Jorge Solla CPI da Petrobras

"O sr. Ricardo Pessoa não vai ter como explicar como é que as cédulas pagas para a campanha de Dilma são marcadas pela corrupção, mesmo com o registro oficial, e aquelas pagas para o Aécio, ele claramente foi buscar no vaticano, benzidas pelo Papa e estas não tem marca da corrupção."

Saiba mais:
UTC doou mais a Aécio que a Dilma; “novas” denúncias são requentadas

Blog da Cidadania - 27/06/2015

Levantamento feito pelo site Às Claras, ligado à ONG Transparência Brasil, mostra que a UTC doou R$ 8.722.566,00 para a campanha a presidente de Aécio Neves, no ano passado. O valor é R$ 1,22 milhão superior ao valor doado à campanha de Dilma Rousseff na mesma época.

Diz o noticiário que Pessoa sentiu-se pressionado a doar a Dilma e ao PT porque tinha medo de que, se não doasse, o governo petista prejudicaria seus negócios. A pergunta que é obrigatório fazer, diante de tal acusação, é muito simples: por que Aécio, sem pressionar, recebeu mais do que Dilma?

Uma campanha recebeu 7,5 milhões de reais do empresário porque o intimidou e a outra – que, conforme a omissão do noticiário em citá-la, subentende-se que não intimidou – recebe 8,7 milhões de reais.

A primeira doação decorre de chantagem e a segunda de “amor” ao candidato?

Ora, façam-me o favor…

(...) 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Mino Carta sobre FHC: "Uma figura notável na sua capacidade de desfaçatez e hipocrisia. Excepcional! Excepcional!"

Mino Carta fala sobre impeachment e FHC




Veja também Editoral da CartaCapital 

Eterno golpismo
Miúda reflexão sobre impeachment, democracia e Estado de Direito no país da casa-grande

Por Mino Carta - CartaCapital - 18/09/2015
Na esteira do Cruzado 1, em outubro de 1986 José Sarney cometeu estelionato eleitoral logo após a vitória peemedebista nas eleições para os governos estaduais, Congresso e Assembleias, ao lançar o Cruzado 2 e arrastar o País para uma crise econômica de grande porte. A situação, complicada pelo fracasso da moratória do começo de 87, perdurou até o fim do mandato de Sarney.

Nem por isso se cogitou, em momento algum, do impeachment do ex-vice-presidente tornado presidente pela morte de Tancredo Neves, em claro desrespeito a qualquer regra do jogo pretensamente democrático.

Ao lançar o olhar além-fronteiras, temos o exemplo recente de Barack Obama, atingido em cheio pela explosão da bolha financeira de 2008, a mergulhar os Estados Unidos em uma crise de imponentes proporções. Obrigado a enfrentar a queda progressiva do valor do dólar, assoberbado pelas habituais pressões e ameaças das agências de rating, vítima de índices de aprovação cada vez mais rasos, Obama acabou sem o apoio da maioria parlamentar. Nem por isso sofreu o mais pálido risco de impeachment, mesmo porque hipóteses a respeito seriam simplesmente impensáveis aos olhos dos parlamentares americanos, mesmo republicanos.

Se a ideia já teve no Brasil razão de vingar, ao menos de ser aventada, foi em relação a Fernando Henrique Cardoso: comprou votos para se reeleger e comandou privatizações que assumem as feições inequívocas das maiores bandalheiras-roubalheiras da história pátria, realizadas às escâncaras na certeza da impunidade. Praticante emérito do estelionato eleitoral, fez campanha para a reeleição à sombra da bandeira da estabilidade para desvalorizar o real 12 dias depois da posse para o segundo mandato.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Levou um chute no traseiro. Jerome Valcke é demitido da FIFA - Secretário-geral da Fifa, virou celebridade nos telejornais da TV Globo e herói das elites com complexo de vira-lata

'Chute no traseiro' de Valcke. Globo chora!
Por Altamiro Borges - Blog do Miro - 17/09/2015

Nos preparativos da Copa do Mundo no Brasil, no ano passado, o francês Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, virou celebridade nos telejornais da TV Globo e herói das elites com complexo de vira-lata. Por várias vezes, ele tentou desqualificar o país, afirmando que as obras não ficariam prontas e que o torneio seria um fiasco - o que a realidade desmentiu cabalmente. Numa ocasião, o arrogante cartola chegou a rosnar que daria "um chute no traseiro" do governo Dilma. Agora, porém, ele é quem leva um baita "chute na bunda", sendo afastado da Fifa por graves denúncias de corrupção. Será que a TV Globo, que também transita pelo submundo do futebol, vai chorar pelo triste fim do seu cartola?

Imagem: "Levou um chute no traseiro. Jerome Valcke é demitido da FIFA". Facebook Romário Faria
Segundo a própria Fifa, mais suja do que pau de galinheiro, "Jerôme Valcke foi demitido com efeito imediato, até nova ordem. A Fifa tomou conhecimento de uma série de denúncias e pediu para que uma investigação oficial seja realizada pela sua Comissão de Ética", justificou a entidade, Segundo a mídia inglesa, que repercutiu amplamente o escândalo, há suspeitas do envolvimento do cartola num esquema de venda ilegal de milhares de ingressos da Copa do Mundo de 2014. A acusação foi feita por um executivo de uma empresa de marketing responsável pela comercialização das entradas VIP.

Acabou! STF decide pelo fim de doações de empresas para campanhas políticas

Quase um ano e meio após o início do julgamento, por 8 a 3, Supremo Tribunal Federal entende que a doação por parte de empresas contraria a constituição.




quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Leandro Forte e o ultimato da Folha ao governo Dilma: "uma coisa que o governo Dilma NÃO precisa é de velhas prostitutas arrotando bons costumes."

ODE AO GOLPISMO
Leandro Fortes, via Facebook - 13/09/2015 
Charge Laerte Coutinho

O editorial da Folha de S.Paulo de hoje, pelo qual a família Frias prevê o Juízo Final se Dilma não renunciar, é mais um caso clássico da História se repetindo como farsa.

A Folha quer resgatar aquele sentimento das Diretas Já e do impeachment de Fernando Collor, quando editoriais semelhantes se tornaram marcos históricos importantes.

Naquelas épocas, a Folha havia conseguido criar uma imagem jovial e progressista, além de manter em segredo seu passado de jornal colaboracionista da ditadura militar - o diário dos Frias fornecia carros para que as hienas da Operação Bandeirantes levassem presos políticos para a tortura, como bem revelou Bia Kushnir, no livro "Cães de Guarda".

O texto deste domingo usa um recurso tão eficiente quanto cafajeste, lapidado com sucesso pela propaganda nazista, de usar fatos verdadeiros para usurpar a verdade.

É claro que Dilma cometeu muitos erros e que o governo precisa se mexer para resolver seus problemas.

Mas uma coisa que o governo Dilma NÃO precisa é de velhas prostitutas arrotando bons costumes.

P.S. Dilma poderá ajudar a si mesma e ao governo parando de escrever artigos exclusivos para a Folha de S.Paulo e usando sua comunicação de rede para mobilizar seus apoiadores.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A "moralidade" caolha, de ocasião está dando muita bandeira. "Nunca persistiu na investigação a megaescândalos da oposição. Silencia, esconde ou encolhe delações e acusações contra líderes da oposição."

Derrubar a Dilma, "ouvir o Lula na PF" e ... silenciar sobre a oposição
Bob Fernandes - Via Facebook - 14/09/2015

Cresce o cerco dos que querem o impeachment de Dilma. Ainda falta coesão entre os que disputam o Poder. E clareza sobre os riscos da operação.

Riscos internos e externos. Internos porque, passado down e perplexidade virá a realidade: a conta gigantesca, e o contra-ataque dos quem tem pressa e fome.

Risco externo porque derrubar presidente é ato seríssimo. Mancha quem cai, mas pode manchar para sempre quem, mesmo com a mão do gato, derruba ou se associa à derrubada.

Se não for o impeachment uma ação estritamente legal, aos olhos da História e do mundo será altíssimo o custo de voltar a portar-se como republiqueta de bananas e golpes.

A cada mês tem mudado o motivo para pedir o impeachment. Do motivo "moral", a corrupção, à óbvia incompetência e mediocridade em ações do governo.

A "moralidade" é caolha, de ocasião. Nunca persistiu na investigação a megaescândalos da oposição. Silencia, esconde ou encolhe delações e acusações contra líderes da oposição.

Charges Ululantes
"Mensalões". O do PT, por exemplo, está nas manchetes há 10 anos, e deu cadeia. O do PSDB, sob o manto do silêncio, dorme numa gaveta em Minas.

"Zelotes" e "Contas Secretas do HSBC" são escândalos do agora, do há pouco. De megaempresas e milionários, escândalos estimados em R$ 38 bilhões.

Investigações? Manchetes? Panelas? Indignação moral? Não. Silêncio.

No Metrô de São Paulo, em governos do PSDB, roubaram R$ 1 bilhão.

A última notícia? Não há acusação contra altos executivos da CPTM, ou dos governos tucanos... Esse bilhão deve ter sido coisa do maquinista, ou da bilheteira.

O impeachment depende de Eduardo Cunha, para quem o procurador pede 184 anos de prisão e a devolução de US$ 40 milhões. Há dias, a Câmara de Cunha aprovou a, incrível, ocultação das doações de campanha.

"Delegado da Polícia Federal quer ouvir Lula". Segundo o próprio delegado "não existem provas contra Lula". Mas isso garantiu manchetes desmoralizantes para o fim de semana.

Manchete dessa segunda, 14: PSDB já discute sua participação no eventual governo Temer.

Imposta a hegemonia na narrativa midiática para multidões, se tenta intimidar quem ouse questionar tanta moralidade caolha, tanto silêncio e tanta bandeira.

O que você faria se fosse Dilma? "Quem diz a você que Dilma corta gastos por maldade ou não aumenta imposto porque é servil à direita, não tem a mínima noção de funcionamento da economia ou está mentindo."

Reflexões sobre o cenário econômico e a queda de braço entre esquerda e direta pelos cortes de despesas e criação de novos impostos. 

Por Eduardo Guimarães - Via Facebook - 14/09/2015 


Convido os amigos a darem um giro pelas notícias sobre economia e política. O governo propôs corte de despesas e aumento de impostos.

Lendo a repercussão do pacote recém anunciado, a direita diz que aumento de impostos "não passa no Congresso" e a esquerda promete protestos contra corte de despesas.

O governo tenta conseguir contribuição dos dois lados. Os impostos atingem os mais ricos e o corte de despesas, os mais pobres.

Ninguém quer ceder.

Sem ter como cobrir o déficit nas contas públicas, não haverá investimentos. Sem investimentos, não há geração de empregos. Sem geração de empregos o salário cai por mais oferta de mão de obra que procura.

Sem gente para consumir, a economia encolhe.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Que horas Ela ("quase da família") Volta? - "não faz muito tempo, houve uma revolta no País quando se deu às empregadas o direito de receber o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), como todo trabalhador."

Que Horas Ela Volta? e os patrões que não querem pagar FGTS a quem cria seus filhos
Cynara Menezes - Socialista Morena - 14/09/2015

Na tarde do dia em que iria assistir Que Horas Ela Volta?, fui ao supermercado. Na fila do caixa, observei que a moça que ia me atender conversava com uma senhora parecida com ela, ao mesmo tempo que fechava a conta de outro freguês. A caixa era uma jovem negra linda, de coque no cabelo, que chamou a minha atenção. A senhora com quem falava também tinha traços bonitos, embora mais velha e com aparência castigada. Reparei que a menina tratava a mulher pelo nome, mas achei que pareciam parentes. Tia e sobrinha, talvez?

Quando chegou a minha vez de pagar, perguntei: “Aquela senhora com quem você estava conversando era sua tia?” Ela respondeu: “Não, é minha mãe. É que ela trabalha como babá a semana toda, só vai para casa domingo de manhã. E a gente só se vê quando ela vem aqui no supermercado comprar alguma coisa.” Achei tão triste… “Puxa, que duro, né? Ela cuida dos filhos dos outros e mal vê os dela.” A mocinha concordou: “É, sim, uma vida difícil.”

Foi muito curioso ter vivido esta cena justo horas antes de ir ao cinema, porque o filme de Anna Muylaert trata exatamente disso: de uma babá que cuida, com todo amor e dedicação do mundo, do filho de outras pessoas em São Paulo enquanto a própria filha está sendo cuidada por parentes em um Nordeste distante. Conto essa história não porque tenha sido uma tremenda coincidência: as Val (a empregada vivida brilhantemente por Regina Casé) estão em toda parte Brasil afora, de preferência usando uniforme branquinho.
Esta, aliás, foi a primeira coisa que pensei ao assistir ao filme: o que será que um estrangeiro vai pensar ao descobrir este “segredo” brasileiro, o de que até hoje existe empregada doméstica vivendo em um quartinho dos fundos nas casas da burguesia? Que, em pleno século 21, mantemos este resquício da escravidão? Que ainda há doméstica sem o direito de nem mesmo ter sua própria casa, sua própria família e de poder cuidar dos próprios filhos?


Imaginem, este filme poderá ser indicado ao Oscar e visto por gente no mundo inteiro… O profundo sentimento de vergonha que dá de ser brasileiro diante destas cenas só não é maior do que a raiva de saber que, não faz muito tempo, houve uma revolta no País quando se deu às empregadas o direito de receber o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), como todo trabalhador. Esta gente esperneou por pagar direitos trabalhistas a pessoas que cuidam de seus filhos como se fossem delas! É um misto de ingratidão e descaramento que enoja. Pior ainda é lembrar que muitos destes patrões se sentirão incomodados se uma destas mulheres que criaram seus filhos sentar a seu lado em um avião.

sábado, 12 de setembro de 2015

Sonegação fiscal. Em 2014 foram R$ 151 bilhões em autuações, registram os dados oficiais da Receita. "Um ralo que toma do dinheiro público, em uma semana, mais do que a ladroeira dos Youssefs e Paulo Roberto Costa em anos e anos de safadezas. Sem Moro, sem “moralistas de plantão”, sem Fábio Júnior, sem Revoltados Online, sem editoriais. Sem vergonha."

Os “revoltados” da sonegação. R$ 150 bilhões em um só ano
Fernando Brito - Tijolaço - 11/09/2015

Veja também:
No mundo, Brasil só perde para Rússia em sonegação fiscal, diz estudo

Sonegação dos ricos é 25 vezes maior que corrupção nos países em desenvolvimento

O Estadão dá, agora à noite, manchete sobre a “polêmica” causada (segundo o jornal) entre os advogados tributários pela tardia decisão da receita Federal de apressar a cobrança de impostos devidos por 400 grandes contribuintes e que somariam R$ 20 bilhões.

Pela média, uma dívida de R$ 50 milhões “por cabeça”, com média de três a cinco anos, com recursos já recusados.

Sonegação de impostos é sete vezes maior que a corrupção. Saiba mais: CartaCapital
Há dias, este Tijolaço foi um dos poucos lugares onde se noticiou a mudança no critério de fiscalização de impostos, inclusive com meu hilário exemplo pessoal, de ter tomado tempo e dinheiro do Fisco com uma autuação – que levou quatro anos para ser revista, porque errada – que somava fantásticos seis centavos, ou 11 centavos, com multa e juros de mora.

Alegam que a Receita “atropelou” as defesas dos grandes contribuintes.

Compare o querido amiga e a distinta leitora o tratamento que tem o cidadão comum pelo “Leão” nas famosas “malhas finas”.

Sem contar que o grande contribuinte não tem a menor dificuldade de impugnar judicialmente a cobrança, coisa que para nós, mortais, é inviável, porque mesmo diante de uma cobrança que consideramos injusta, temos de pensar 100 vezes antes de decidir gastar com advogado mais do que está sendo cobrado.

Dá-se, então, um caso como o da autuação do Itaú em “apenas” R$ 18,7 bilhões em agosto de 2013, algo que chega hoje (se é que o valor divulgado refere-se à data da notícia, e não data anterior) a R$ 23,3 bilhões, corrigido pela Selic, que indexa dívidas tributárias.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Paulo Henrique Amorim: O PIG está muito mais raivoso. O PIG adquiriu um ódio que é só comparável aquele que existia no tempo de Vargas.




O PIG está muito mais raivoso. O PIG adquiriu um ódio que é só comparável aquele que existia no tempo de Vargas. Um dos motivos pelos quais Vargas se matou em 1954 foi porque ele fez a Petrobras. Um dos motivos do ódio contra Dilma e Lula hoje... está o contrato de partilha da Petrobras." 

As "Meninas Super Poderosas" - Standard & Poor's e as agências de risco por Eduardo Galeano

William Waack pôs Joaquim Levy de castigo no canto da sala, de madrugada, para ao vivo lhe dar aquele pito. "Depois desse fuzilamento verbal e antes do "boa noite" de praxe quase deu para ouvir William Waack decretar: "Ministro, o senhor está demitido"!"

William Waack quase demite Levy ao vivo
Alex Solnik - Brasil 247 - 10/09/2015

Rebaixado, de "castigo", no cantinho da sala, esperando pelo pito do professor Waack e professora Pelajo (assista aqui as perguntas e respostas

No finzinho do jogo Santos vs. São Paulo, o locutor da Globo Cleber Machado anunciou: daqui a pouco o ministro Joaquim Levy ao vivo no Jornal da Globo. Passava de meia-noite. Pensei que ele estaria falando diretamente de seu gabinete, em Brasília, envolvido em sucessivas reuniões para destrinchar esse osso duro de roer que foi o rebaixamento do Brasil para a Série B do mundo capitalista, mas não: ele estava no estúdio, frente a frente com William Waack e Cristiane Pelajo. Não exatamente frente a frente, mas num nicho solitário, abaixo dos apresentadores, confortavelmente instalados na bancada. Ele parecia aquele aluno de castigo que o professor colocou no canto da sala com aquele chapeuzinho de bobo na cabeça porque tirou nota zero. William Waack disse logo de cara que o que aconteceu foi que o Brasil ficou com nome sujo na praça e Levy engoliu em seco. Percebendo que o ministro, que deveria ser o mais forte do governo, estava visivelmente com a guarda baixa e mais desanimado que habitualmente (alguém já o viu sorrindo?), Waack partiu para cima dele com uma intensidade de que nem a presidente Dilma seria capaz. Enquadrou o ministro e o encurralou no canto neutro com algumas perguntas que o deixaram grogue. Ele deve ter achado, certamente, que fora convidado para dar uma palavra de alento aos brasileiros e não para sofrer um bombardeio. Primeira pergunta:

"Ministro, o senhor assumiu com a missão explícita de evitar que o Brasil perdesse a nota de crédito de uma agência como a Standard & Poor's, mas o Brasil perdeu a nota de crédito. Isso impõe escolhas políticas ao senhor".

Paul Krugman, Nobel de economia, sobre a Standard & Poor's: "As últimas pessoas em cuja avaliação deveríamos confiar são os analistas da Standard & Poor's"



Mídiazona noticia rebaixamento da nota do Brasil como a hecatombe universal mas ao mesmo tempo se rebaixa ainda mais ao não contar fraudes da S&P. (Palmério Dória, via Facebook)

Standard & Poor's pagará multa de US$ 1,37 bi por seu papel em crise

G1 - 03/02/2015 - Da AFP

Agência fechou acordo com autoridades dos Estados Unidos. S&P teria 'enganado' investidores sobre qualidade de créditos imobiliários.

A agência de classificação de risco Standard and Poor's aceitou pagar uma multa de US$ 1,37 bilhão às autoridades americanas por seu papel na crise financeira internacional de 2007 e 2008.

A agência teria "enganado" os investidores sobre a qualidade dos créditos imobiliários "subprimes", que originaram a crise financeira, anunciou nesta terça-feira em um comunicado.

O acordo, que permitirá o início de um processo judicial, é acompanhado por outro acordo amistoso, com um fundo de pensões da Califórnia, ao qual a S&P repassará US$ 125 milhões pelas mesmas razões.

Standard & Poor's não tem credibilidade para avaliar dívida dos EUA
Paul Krugman - 09/08/2011 - UOL

Apesar do desespero no mercado, não existe motivo para levar a sério o rebaixamento dos EUA ocorrido na sexta-feira passada. As últimas pessoas em cuja avaliação deveríamos confiar são os analistas da Standard & Poor's

Para entender todo o furor em torno da decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's de rebaixar os títulos da dívida do governo dos Estados Unidos, é preciso que se leve em consideração duas ideias aparentemente (mas não realmente) contraditórias. A primeira é que os Estados Unidos não são de fato mais aquele país estável e confiável que era no passado. A segunda é que a própria Standard & Poor’s tem ainda menos credibilidade; esta agência é a pior instituição à qual alguém deveria recorrer para receber opiniões sobre as perspectivas do nosso país.

Comecemos pela falta de credibilidade da Standard & Poor’s. Se existe uma única expressão que melhor descreve a decisão da agência de classificação de risco de rebaixar os Estados Unidos, esta palavra é chutzpah (cara de pau) – tradicionalmente definida pelo exemplo do jovem que mata os pais e depois suplica por clemência pelo fato de ser órfão.

O grande déficit orçamentário dos Estados Unidos é, afinal de contas, basicamente o resultado da queda econômica que se seguiu à crise financeira de 2008. E, a Standard & Poor’s, juntamente com as outras agências de classificação de riscos, desempenhou um papel importante no que se refere a provocar aquela crise, ao conceder classificações AAA a papeis lastreados em hipotecas que acabaram se transformando em lixo tóxico.

E a má avaliação não parou aí. É notório o fato de a Standard & Poor’s ter dado ao Lehman Brothers, cujo colapso provocou um pânico global, uma classificação A no mês em que aquele banco faliu. E como foi que a agência de classificação de risco reagiu depois que a instituição financeira de nota A foi à falência? Ela emitiu um relatório no qual negava ter cometido qualquer erro.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Carta à presidenta Dilma Rousseff: "Resista, presidenta. Em nome do que a senhora resistiu quando estava diante de seus algozes, que ocultavam o rosto, com medo do julgamento da História"

Carta à presidenta Dilma Rousseff
Flavio Aguiar, de Berlim. - Carta Maior - 074/09/2015 

O Brasil e o povo brasileiro são maiores: resista, senhora presidenta. A História não os perdoará. E lhe acolherá de braços abertos.

Cara Presidenta

Fique. Um dia, um predecessor seu, é verdade que “no tempo do Rei”, antes de “no tempo do Império, teve a coragem de dizer “como é para o bem estar de todos e a felicidade geral da Nação, digam ao povo que fico”. Logo depois veio a Independência do Brasil.

Agora, quem se levanta contra a senhora não são mais as Cortes de Lisboa. Aliás, o primeiro-ministro português, conservador, sério, desmentiu as aleivosias que levantavam contra o ex-presidente Lula.


Quem se levanta agora contra a senhora são membros de um tipo de gente que protesta contra ter que pagar salário mínimo para uma empregada doméstica, sem falar nos encargos sociais. Gente que considera que os golpistas de 64 cometeram um erro: não mata-la (!). Gente que baba ódio e espuma grosseria, confundem críticas com insultos.

Ou então são jornalistas que querem ganhar o “Prêmio Carlos Lacerda do Século XXI”. Como não conseguiram derrubar o ex-presidente Lula durante os seus mandatos, querem agora que senhora “caia” e que ele “vá para a cadeia”.

Ah sim, há a brigalhada sobre quem vai ser o candidato conservador em 2018. Esta briga se dá entre os pré-candidatos. Parecem os republicanos nos Estados Unidos, cada um querendo parecer mais reacionário que o outro, cortejando gente que se pauta por mensagens anti-civilizatórias, gente que é contra limites de velocidade que protejam as vidas humanas, contra ciclovias, contra o avanço do transporte público no lugar do transporte individualista, contra corredores de ônibus, contra direitos sociais, contra transferência de renda, contra proteger os desprotegidos, gente que acha que na Europa viajar de ônibus e trem é legal mas no Brasil só quer mais espaço para o seu carrão.

Presidenta: muito se escreve sobre seu abandono do cargo - por sua “livre e espontânea vontade”, ou então sob a força de um impeachment que, na verdade, não tem qualquer base legal.

Resista, presidenta. Em nome do que a senhora resistiu quando estava diante de seus algozes, que ocultavam o rosto, com medo do julgamento da História, assim, com H maiúsculo, que tritura as ratazanas que agem sempre com minúsculas e nas sombras de seus projetos inconfessos.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Viralatismo, um movimento que cresce a cada dia no Brasil. Todo vira-lata acha lindo um francês falando português com aquele sotaque engraçado do Grilo Falante.

Wagner Moura e o manifesto autofágico
Lelê Teles - Brasil 247 - 8 de Setembro de 2015

na semana passada, fiquei passado com a quantidade de citações ao sotaque que Wagner Moura impôs ao seu personagem, Pablo Escobar, na série Narcos, do Netflix.

nego achou que Moura se entregou, todo mundo percebeu, pelo sotaque, que ele era brasileiro.

um jornalista progressista chegou a perguntar por que não chamaram um ator hispano hablante para fazer o papel.

pergunta bisonha essa, o espanhol é idioma oficial em 21 países, ele tem uma gama enorme de variações e sotaques.

bobagem, portanto.

e mais, copiar o idioleto, que é a marca individual de fala, é um recurso de imitadores e não de atores.

para mim, essa celeumazinha é apenas mais uma manifestação do Viralatismo, um movimento que cresce a cada dia no Brasil.

é bom saber, o Viralatismo se opõe ao Modernismo e seu expoente símbolo é o cantor Ed Motta, aquele que não aceita ser reconhecido como um artista latino e prefere definir a si mesmo como um artista latindo.

o Viralatismo, antípoda do Modernismo, tem como conceito e meta síntese "só a autofagia nos desune".

o negócio é meter o pau em qualquer traço de excesso brasilidade de patrícios com sucesso no exterior.

só deglutimos bem, nas estranjas, o sucesso de brasucas loiras de olhos claros como Gisele Bundchen.

Padilha, Moura, Coelho e Britto não nos representam, latem os vira-latas.

se antes, no Modernismo, a proposta era deglutir o legado cultural europeu e regurgitá-lo como uma arte tipicamente brasileira; hoje, no Viralatismo, queremos nos deglutir a nós mesmos para ver se extraímos daí novamente a arte europeia pura, sem resquícios de brasilidade.

absurdo, paradoxal e oximórico, o Brasil é capaz de produzir vira-latas com pedigree.

espécimes endêmicos destas terras tropicais e exclusivos destas paragens, o viala-lata com pedigree tem como marca o rabo fino e sua meta síntese é tentar morder o próprio rabo.